
A Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla original) está repleta de fungos que podem formar biofilmes, comunidades biológicas com elevado grau de organização, capazes de entupir filtros em sistemas de processamento de água e, potencialmente, causar doenças aos astronautas.
As obstruções nos sistemas de recuperação de água da ISS foram de tal modo intensas que os tubos já tiveram de ser enviados de volta à Terra, para que pudessem ser recuperados e limpos.
Alguns dos fungos e bactérias que vivem na ISS podem estar lá desde o início da construção da plataforma, enquanto outros são “transportados” pelos novos astronautas ou cargas que chagam.
Além das doenças que podem causar, os biofilmes também podem danificar equipamentos, incluindo fatos espaciais, unidades de reciclagem, radiadores e instalações de tratamento de água, obrigando à substituição dos materiais, o que faz aumentar os custos para as agências espaciais.
Há igualmente a preocupação de prevenir o crescimento microbiano no espaço tendo em conta futuras missões de longo curso, nomeadamente à Lua ou a Marte, onde um regresso rápido à Terra para reparação de material ou para o tratamento de alguém que adoeça é menos viável.
Recentemente, um estudo multidisciplinar que reuniu investigadores da Universidade do Colorado, do MIT e do Centro de Pesquisa Ames da NASA e especialistas da empresa LiquiGlide, pode ter descoberto uma solução para o problema.
Os resultados conseguidos indicam que cobrir superfícies com uma fina camada de ácidos nucleicos impede o crescimento bacteriano. Isto porque os ácidos nucleicos transportavam uma leve carga elétrica negativa que impedia que os micróbios ficassem colados às superfícies, avança o MIT em comunicado.
Veja o vídeo do MIT sobre o estudo de prevenção
Sublinha-se, porém, que as bactérias enfrentaram uma barreira física única, bem como uma barreira química: as superfícies de teste foram gravadas em “nanograss”, explica o MIT. Essas pontas de silício, que lembravam uma pequena floresta, foram então untadas com óleo de silício, criando uma superfície escorregadia à qual os biofilmes lutavam para aderir.
A aplicação deste método específico de cobertura de superfícies com ácidos nucleicos, para evitar a acumulação de biofilme, mostrou que nas amostras terrestres a formação microbiana foi reduzida em cerca de 74%. Surpreendentemente, as amostras da ISS apresentaram uma redução ainda mais drástica, de cerca de 86%.
Com base nestes resultados iniciais, a equipa de investigadores recomenda que sejam feitos testes de maior duração numa futura missão, “com um tempo de incubação mais longo e também, se possível, uma análise contínua, e não apenas pontual”.
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