Acompanhando o rover Curiosity desde 2012, a ChemCam disparou recentemente o seu laser pela milionésima vez em Marte. Decorria o 4281º dia marciano da missão - ou o Sol 4281 -, dia 21 de agosto na Terra.

Depois de 12 anos e 42 buracos perfurados, o Curiosity consegue um novo feito graças à ChemCam. Situada no mastro principal - ou na “cabeça” do rover -, a câmara usa uma técnica chamada espectroscopia de rutura induzida por laser, disparando pulsos de laser para vaporizar pequenas porções de rocha, criando plasma. A luz emitida pelo plasma é, então, analisada para identificar os elementos químicos presentes na superfície marciana. O objetivo é perceber se Marte já foi um planeta com vida como a conhecemos.

“Esta não é apenas uma conquista técnica notável para o nosso instrumento, mas também representa uma quantidade impressionante de dados químicos sobre a superfície de Marte”, disse Nina Lanza, investigadora principal da equipa da ChemCam. “Cada pulso de laser produz um único espectro complexo que fornece individualmente uma riqueza de informações geoquímicas. E temos um milhão deles - e a contar”.

Dsenvolvida pelo Laboratório Nacional de Los Alamos, nos EUA, a ChemCam é um dos instrumentos essenciais da missão Curiosity, contribuindo para diversas descobertas desde que o rover pousou em Marte, em 2012.

Veja, na galeria, imagens do rover Curiosity ao longo do tempo

O milionésimo disparo teve como alvo a região de Royce Lake e foi cuidadosamente planeado pelo CNES, em França, que colabora com a missão. A equipa internacional da ChemCam é composta por mais de 70 investigadores e engenheiros distribuídos por mais de 20 instituições em redor do mundo, numa colaboração científica entre os EUA e a França.

Ao longo dos anos, a ChemCam foi fundamental para descobertas que sugerem que Marte pode ter sido habitável no passado. Entre elas, a deteção de óxidos de manganês em 2016, que indicam níveis elevados de oxigénio na atmosfera antiga de Marte, e a descoberta de boro em Cratera Gale, em 2017, importante para a química pré-biótica. Em 2019, o instrumento revelou que Marte já teve lagos salinos rasos que secaram e transbordaram repetidamente, sugerindo um clima instável.

Mesmo 12 anos após o início da sua missão, o Curiosity segue firme, explorando novos territórios e continua a contribuir para desvendar os mistérios do Planeta Vermelho. A ChemCam, por sua vez, promete permanecer uma ajuda preciosa ao rover nos seus propósitos.

Eram 01h31 do dia 6 de agosto de 2012 - 06h31 em Lisboa -, quando o rover Curiosity da NASA fazia um pouso espetacular na superfície de Marte, mas não sem antes passar por uma descida atribulada com direito aos famosos “sete minutos de terror”.

Isto porque, para o Curiosity, pousar o Planeta Vermelho significou desacelerar de cerca de 21.000 km/h para uma paragem completa em apenas sete minutos. A equipa de engenheiros criou um plano ousado, mas ninguém tinha 100% de certeza de que funcionaria.

Num vídeo partilhado pela NASA para assinalar a passagem do 12º aniversário da chegada da missão, alguns dos engenheiros da equipa do Curiosity que projetaram o sistema de entrada, descida e pouso para a missão falam abertamente sobre os desafios dos momentos finais, antes do contacto com o solo marciano, em agosto de 2012.

O vídeo mostra de forma clara as forças incríveis que agiram contra a nave espacial durante a rápida descida em direção à superfície de Marte. Também destaca o “paraquedas supersónico” usado, que teve que suportar mais de 29.000 kg de força.

Veja o vídeo

O pouso do Curiosity dentro da Cratera Gale do planeta vermelho foi um feito impressionante de engenharia e abriu caminho para a chegada do rover Perseverance, nove anos depois, com um processo de pouso semelhante.