
Por Zuzana Fabianová (*)
Antes mesmo de entrarmos nas instalações de um cliente, somos confrontados com um obstáculo que tem pouco a ver com tecnologia e muito com burocracia. A cada nova intervenção técnica, é exigido um dossier completo com identificação do técnico, cópia do cartão de cidadão, fotografia atualizada, folha de férias, ficha de aptidão médica, comprovativo de Segurança Social, apólices de seguro, certidões de não dívida às Finanças e à Segurança Social, entre outros documentos internos da empresa. Reunir tudo isto consome horas, para muitas vezes ser uma simples intervenção de 10 minutos. É neste contexto que surge a pergunta inevitável: onde está a proporcionalidade?
A resposta está, em grande parte, na crescente pressão da diretiva europeia SIS2 (Sistema de Informação Schengen de Segunda Geração), que será transposta para a legislação nacional no segundo semestre deste ano. Esta diretiva impõe obrigações rigorosas às empresas, com penalizações pesadas em caso de incumprimento — multas que podem atingir até 4% da faturação anual. Perante este risco, é natural que muitas organizações respondam com medidas de segurança rígidas, por vezes desproporcionais. Mais preocupante ainda é o impacto cultural. Empresas conhecidas pela agilidade e flexibilidade estão agora a enfrentar transformações profundas para se adaptarem a este novo paradigma. São mudanças exigentes, sim — mas, sejamos claros, são também necessárias.
Vivemos na era dos dados. Eles são, simultaneamente, a nova tendência e o novo alvo. A economia dos dados — que já é a terceira maior do mundo — não se pode desenvolver sem regras, sem segurança, sem responsabilidade. Precisamos de políticas robustas, de formações contínuas, de infraestruturas seguras e de uma postura ética inabalável.
Contudo, há um princípio que não podemos esquecer: equilíbrio. A segurança é essencial, mas não pode asfixiar o negócio. Precisamos de proteger a informação sem travar a inovação. De garantir conformidade sem comprometer a eficiência. E, como em tantas outras áreas, é natural que no início o pêndulo tenda para o lado da burocracia. Mas, com tempo, adaptação e bom senso, será possível encontrar o ponto de equilíbrio entre a exigência da SIS2 e a dinâmica natural das empresas.
Cabe-nos, portanto, arregaçar as mangas, fazer o que tem de ser feito — e desejar boa sorte a todos. Porque segurança e agilidade não têm de ser inimigas. Só precisam de ser bem calibradas.
(*) CEO da Wondercom
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