Por Ricardo Schiller Pinto (*)
A ciência e tecnologia são os motores responsáveis pela transformação da nossa civilização. Sempre que uma nova revolução tecnológica nasce, o mundo muda, e nós com ele. Aproximam-se um conjunto de inovações que mudarão a forma como organizamos as nossas cidades, o que por sua vez terá um impacto imprevisível no mercado imobiliário.
Todos os dias surgem novas notícias sobre uma especulação desenfreada do mercado imobiliário. Uma bolha especulativa que estará prestes a rebentar, e que fará cair a pique os preços que temos visto tanto subir. A verdade é que saber o valor real de uma habitação não é tarefa fácil, devido aos variadíssimos fatores tanto intrínsecos como extrínsecos que o influenciam, estando assim sujeito a especulação e a flutuações imprevisíveis de mercado.
Mas também existe optimismo para com o investimento na habitação. Muitos acreditam que a geração Millennial – que está agora a entrar na sua fase adulta, onde começa a obter poder económico –, está especialmente interessada em investir em habitação própria, sugerindo a hipótese de estarmos apenas no início de um grande boom imobiliário, onde a dita bolha longe se encontra de rebentar.
A tecnologia irá revolucionar o mercado imobiliário como o conhecemos
De uma perspectiva diferente, acredito que aquilo que mais influenciará o preço do mercado imobiliário serão as tecnologias que nos avizinham, onde pouco delas se fala, seja por ignorância, seja por tabu. Na minha opinião, há três novas tecnologias que, quando combinadas, irão revolucionar completamente a organização urbana e, consequentemente, o mercado imobiliário.
Um dos motivos principais para se investir numa habitação, deve-se ao facto de a mesma ser um objeto específico. Ela existe fisicamente, é composta de vários materiais e requereu esforço para ser construída. Para além disso, serve um propósito concreto, é útil para o comprador e é de uso constante.
Porém, sempre achei o custo de habitação demasiado caro. Contrair-se uma dívida durante grande parte da vida, apenas para se ter lugar onde morar, nunca me pareceu algo justo. Segue aquela velha máxima: nascer é de graça, mas o resto da vida é a pagá-la. Facilmente dir-se-á que uma habitação é necessariamente dispendiosa – trata-se de uma construção grande, que requer conhecimento, esforço, tempo e materiais, onde o custo pode ainda ser mais exacerbado pela localização da habitação. Quanto mais perto se encontrar de um centro urbano, mais elevado tende a ficar o seu preço final.
Há, portanto, quatro fatores fundamentais para determinar o custo de uma habitação: os materiais que a constituem, o esforço de construção, a sua localização e a sua dimensão. Pois todos estes estão em vias de serem abalados pela tríade tecnológica que a seguir refiro.
Veículos autónomos, energias renováveis e impressoras 3D… para imprimir casas
Imagino um futuro, não tão distante assim, onde a construção da nossa casa de sonhos será feita com um esforço muito reduzido, dentro de um tempo recorde, recorrendo a uma impressora 3D. Será uma casa, e não um apartamento, porque não necessitaremos de estar dentro de um espaço urbano denso.
A nossa casa terá sido construída em menos de uma semana, a uma fração irrisória dos custos atuais. Teremos transportes autónomos, onde cada veículo se guiará a si próprio e servirá várias pessoas. Sendo máquinas a guiar os nossos veículos, certamente não estarão distraídas a pensar se deixaram o forno ligado, mas sim única e exclusivamente dedicadas a guiar-nos ao longo das estradas, e interligadas entre si em rede, permitindo não só evitar acidentes, mas também antever congestionamentos. Acredito que, em breve, teremos uma redução constante e inevitável do trânsito.
Teremos veículos movidos a energia elétrica e solar, e serão partilhados, reduzindo de forma composta os custos associados à sua utilização. Daremos um salto qualitativo, de magnitude semelhante ao das invenções do automóvel e do avião, tanto no alcance geográfico como na facilidade de nos transportarmos. E este salto será em conjunto com uma transformação nos métodos de construção de habitações.
Centros urbanos serão uma coisa do passado, apenas recordada pelos idosos. Os centros dispersar-se-ão em pequenas vilas onde, apesar de longe entre si, estarão mais perto do que nunca. Teremos mais espaço e mais tempo. E estaremos mais próximos na nossa comunidade e mais perto dos que estavam distantes. E sim, acredito que isto influenciará muito o mercado imobiliário, mas por outros caminhos dos que se têm falado.
(*) Diretor R&D agap2IT
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