Por Catarina Bagulho (*)
Os nomes Bill Gates, Steve Jobs e Larry Page são amplamente consensuais no que diz respeito ao contributo que trouxeram ao universo tecnológico. Mas, que nomes surgem se nos questionarmos por referências no feminino? De acordo com o estudo da PwC “Women in Tech - Time to Close the Gender Gap”, 78% dos estudantes não conseguem citar uma mulher famosa que trabalhe em tecnologia – muito embora elas existam e devam servir de exemplo a mais.
Na data em que se celebra o Dia Mundial das Mulheres nas Tecnologias de Informação e Comunicação, é importante abordar as razões fundamentais que, historicamente, têm contribuído para a baixa representatividade das profissionais nesta área. Num mercado de trabalho ainda influenciado por conceções que separam “áreas tradicionalmente masculinas” de “áreas tradicionalmente femininas”, o facto de as mulheres jovens não estarem tão representadas nas universidades em cursos de STEM (acrónimo inglês para as áreas de Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática) resulta em que poucas cresçam e se integrem nesses ramos. Sendo que dessas, ainda menos ascendem a posições a partir das quais possam atuar como mentoras ou referências. Desta forma, percebe-se que o progresso no tema da desigualdade de género tem sido lento e que existe ainda muito trabalho a ser feito.
De acordo com projeções da Gartner, no primeiro trimestre de 2023, as mulheres constituem apenas 28% da força de trabalho da indústria tecnológica e correspondem a somente 14% dos engenheiros de software. Potenciar um incremento duradouro destes números começa pela base – em casa e na escola -, promovendo- se a importância das áreas STEM e as possibilidades de carreira que encerram.
Mas não chega: é, simultaneamente, preciso continuar a desconstruir mensagens de género e substituí-las por noções de diversidade, igualdade e inclusão.
Paralelamente ao que acontece nestas duas esferas primárias, tão influenciadoras da forma que vai ser conduzido o talento, há que destacar também o papel das organizações na promoção de modelos femininos dentro da indústria, para que estes possam inspirar as gerações que se seguem a assumirem essas posições. São precisas mulheres para atrair (mais) mulheres para a tecnologia.
Não menosprezemos ainda as inúmeras vantagens que a diversidade aporta aos negócios. As empresas com rácios de género mais equilibrados são manifestamente mais inovadoras e lucrativas, graças à abrangência de ângulos e perspetivas que cultivam. Num setor conhecido pela rapidez e agilidade, o contributo feminino não deve continuar a ser visto como um “nice to have” e o estudo “What Workers Want to Thrive”, conduzido pelo ManpowerGroup, fornece insights muito concretos e aplicáveis pelas empresas sobre o que procuram as mulheres em termos de futuro do trabalho. Uma liderança empática, presente e que as apoie, trabalhar numa organização que partilhe os seus valores e que faça uma melhor gestão da sua saúde mental, bem como maior flexibilidade são algumas das principais prioridades.
Reduzir a desigualdade de género e contribuir para a paridade das mulheres nas TIC vai mudar para sempre o rosto da tecnologia. Compreender e trabalhar sobre as origens do problema é apenas o início para despoletar mudanças profundas e sem recuo, no setor e na sociedade como um todo. E quando isso acontecer, as mulheres e jovens que já hoje estão a liderar a inovação vão ser tão familiares como os dos seus congéneres masculinos – com ganhos, então sim, claros para todos.
(*) IT Business Expert e Team Lead na Experis
Nota da Redação: Foi feita uma correção
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