(*) Luís Muchacho
O 5G é uma oportunidade para mudar as nossas vidas e transformar os negócios, e foi desenhado para ser mais do que apenas uma nova geração de redes móveis para aplicações de smartphones. As inovações introduzidas na tecnologia vão permitir maior largura de banda e velocidade (10 a 100 vezes superior ao 4G), maior densidade de dispositivos, menor latência (tempo de resposta mais rápido da rede), maior fiabilidade e flexibilidade da rede para servir diferentes casos de uso com qualidade.
O 5G é o motor para acelerar a digitalização, através da criação de aplicações inovadoras e novos modelos de negócio, tanto para o mercado de consumo como para o mercado empresarial. Como pilar da revolução digital em curso, vai permitir aumentar a flexibilidade e competitividade das empresas e indústrias (sendo uma ferramenta fundamental para a digitalização no âmbito da Indústria 4.0), e com isso desempenhar um papel chave na sociedade num momento em que assistimos a um esforço para a reindustrialização na Europa. Um estudo global da Ericsson concluiu que a sua introdução poderá ter um impacto potencial de quatro mil milhões de dólares de receita no sector ICT em Portugal até 2030.
Nos próximos 10 anos, assistiremos ao aparecimento de biliões de dispositivos de IOT (Internet of Things) interligados em rede, sendo esta realidade evidenciada em primeiro lugar pelo continuar do crescimento da utilização de sensores de baixa complexidade e baixo consumo de energia. Vamos assistir também ao emergir de novas tecnologias e dispositivos (sensores e atuadores), bem como aplicações com informação de contexto que interagem com as redes permitindo que estas experiências se tornem mais ricas e possam emular realisticamente um espectro de sentidos que incluem o toque, cheiro e som. Até ao final da década, poderemos verificar igualmente chegada das primeiras ‘bio-interfaces’ – as quais se irão integrar mais diretamente com nossos corpos e potenciar novas formas de comunicação e, em última análise, fundir o mundo físico e digital. Chamamos a esta experiência a Internet dos Sentidos (Internet of Senses) e que vai continuar a ser melhorada com o desenvolvimento futuro do 5G e gerações seguintes, tais como o 6G.
Não temos dúvidas que a conectividade melhora as nossas vidas todos os dias. Mas, no futuro, isso significará muito mais – desde o acesso democratizado aos cuidados de saúde e wearables que evitam doenças; à conectividade para todas as escolas e aprendizagem experiencial em mundos virtuais; e até mesmo o aumento das habilidades humanas.
Vivemos uma crise climática, que exige uma crescente eficiência energética, e onde o 5G pode contribuir decisivamente para as reduções de emissões de carbono. Mas também uma sociedade pós pandémica com desafios únicos, e cujas tensões geopolíticas e instabilidades a vários níveis exigem respostas concretas face aos desafios de encontrar alternativas que mitiguem as consequências nefastas para as sociedades do século XXI.
Ao observarmos as metas ambiciosas de redução de emissões de CO2 da EU até 2030, diversos estudos evidenciam que a digitalização e a conectividade vão ser fundamentais na transição para um futuro mais verde e com menos carbono. Em primeiro lugar, observamos que até 2030 a conectividade vai estar presente em soluções que vão permitir reduzir as emissões da UE em aproximadamente 550MtCO2e. Isso equivale a 15% das emissões totais da UE em 2017.
Adicionalmente, a implementação de novos casos de uso só possíveis com a tecnologia do 5G, em sectores específicos, poderá permitir economizar entre 55 a 170MtCO2e de emissões adicionais até 2030, que equivale a retirar um em cada sete carros das estradas da EU, demonstrando-se assim o seu papel transformador.
Perante este potencial que não poderá ser desprezado, é fundamental que a implementação do 5G seja acelerada. Segundo os dados do último Ericsson Mobility Report, no final de 2021 apenas 25% da população mundial tinha cobertura desta solução, estimando-se que possa aumentar globalmente para apenas 75% até 2027. Nesse ritmo, perderemos a oportunidade de utilizar plenamente o seu potencial económico para combater as alterações climáticas.
Esta transformação com o 5G requer um esforço de contribuição transversal de toda a sociedade, e como tal acreditamos ser fundamental a criação de incentivos à conectividade por parte dos governos e administrações publicas, nacionais e europeias.
(*) Networks Presales Lead da Ericsson Portugal
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