Por Francisco Jaime Quesado (*)

A aposta que Portugal tem feito nos Parques de Ciência e Tecnologia através da Tecparques é um compromisso com o futuro. Pretende-se apostar em “Parques de Inovação” que se assumam como verdadeiras plataformas para um novo modelo estratégico para a economia portuguesa. Em tempo de profunda crise internacional, com a maior parte dos sectores de actividade confrontados com falta de perspectivas de recuperação, a dinamização dos Parques de Ciência é essencial.  As áreas da nova economia e dos sectores tradicionais, como projectos integrados de base nacional, acabam por ser um importante teste à capacidade de encontrar novas soluções associadas à inovação e conhecimento, criando condições para uma nova aposta para o futuro.

O papel de empresas de referência como a Embraer, a Critical Software, a Novabase,  entre outras, é decisivo. Trata-se dum movimento de “aglomeração de base” da sociedade civil, numa lógica de “eficiência colectiva” em que a capacidade regional de afirmar capacidades numa lógica mais global vem ao de cima. Os objectivos estratégicos dos Parques de Ciência são claramente um exemplo de exame à capacidade efectiva dos actores económicos  de “agarrarem” o desafio da competitividade duma forma estruturada e coerente. Impõe-se uma aposta séria nesta nova fase, mais ambiciosa, voltada para a internacionalização e para a criação de valor global.

O sucesso dos Parques de Ciência é fundamental para o futuro do país. É um objectivo que não se concretiza meramente por decreto. É fundamental que a sociedade civil agarre de forma convicta este desígnio e faça da criação destas “Novas Plataformas de Competitividade” a verdadeira aposta estratégica colectiva para os próximos anos. O que está verdadeiramente em causa em tudo isto é a assumpção por parte do país dum verdadeiro desígnio estratégico de alterar o modelo mais recente de evolução de desenvolvimento económico. Inovação, Conhecimento e Criatividade são as palavras chave de uma estratégia centrada na criação de valor Global com efeito no Emprego e Riqueza.

O papel do Investimento Directo Estrangeiro de Inovação, articulado com Universidades e outros Centros de Competência, vai ser decisivo nesta área e ao Estado caberá a inelutável missão de regular com rigor e sentido estratégico. Mas a chave do segredo estará na capacidade local de fazer a diferença. Os Actores da Competitividade  (Municípios, Universidades, Associações Empresariais) terão que saber desenvolver um verdadeiro “pacto estratégico” para o futuro do seu território, voltado para uma dimensão mais global.  E as opções terão que ser claramente assumidas. Por isso, impõe-se que rapidamente este Projecto Estratégico passe a ser a base de uma Nova  Agenda da Competitividade e Crescimento.

A Economia Portuguesa precisa de um novo Choque. E compete também aos Parques de Ciência  a liderança do Processo de Mudança. Impõem-se Parques de Ciência  capazes de projectar no país  uma dinâmica de procura permanente  da criação de valor e aposta na criatividade. Num tempo de mudança, em que só sobrevive quem é capaz de antecipar as expectativas do mercado e de gerir em rede, numa lógica de competitividade aberta, os Parques de Ciência não podem demorar. Têm que ser a base do futuro que queremos que seja já hoje!

(*) Economista e Gestor – Especialista em Inovação e Competitividade