Por José Miguel Pereira (*)

O último ano foi marcado por uma reflexão permanente em relação aos efeitos da pandemia na transformação digital. É hoje consensual que assistimos à maior vaga de disrupção digital alguma vez verificada. A adoção de medidas restritivas à circulação de pessoas, com o intuito de prevenir a propagação do vírus, obrigou as organizações a implementarem profundas alterações nos seus modelos operativos.

O mundo que conhecemos mudou radicalmente, em pouco mais de 6 meses, e as empresas viram-se obrigadas a dar um salto tecnológico de vários anos para garantir a continuidade da sua operação e negócio.

A existência de um ecossistema de IT flexível e altamente capacitado foi um fator fundamental no que diz respeito à aceleração digital e, consequente, rápida adaptação por parte das organizações. Esta transformação impulsionou, de forma significativa, a adopção de soluções cloud, nas suas diferentes configurações (clouds públicas, clouds privadas e ainda as clouds híbridas).

As organizações estão focadas em garantir que tiram o melhor partido de cada uma das clouds - nomeadamente maior flexibilidade, maior eficiência, maior fiabilidade, maior controlo e acima de tudo melhor time to market.

É perante a constatação que cada vez vemos mais CIOs a adotarem uma estratégia de cloud first na gestão do seu IT que nos parece fulcral garantir que temos as fundações sólidas para que esta jornada traga o retorno que todos ambicionamos:

  1. A jornada para a cloud tem tanto de aliciante como de complexa sendo crítico considerar na estratégia um plano agressivo de reconversão e recapacitação das equipas de IT das nossas empresas – para o sucesso desta jornada 95% reside na capacitação e apenas 5% na tecnologia
  2. A heterogeneidade e complexidade veio para ficar sendo cada vez mais importante garantir uma visão holística de toda a nossa arquitetura e infraestrutura IT. É neste contexto crítico garantir que o investimento em soluções avançadas de monitorização, automação e observabilidade acompanham o restante investimento na transformação digital (a complexidade para garantir o Keep the Lights On e uma operação de IT eficiente é inversamente proporcional à facilidade com que acrescentamos soluções cloud à nossa arquitectura)
  3. A gestão eficiente do lock in a fornecedores de serviços ou software é um dos temas mais apaixonantes e complexos no mundo IT. Num contexto de adoção massiva de soluções cloud nas suas diferentes configurações há que considerar esta dimensão na matriz de avaliação e tomada de decisão
  4. Recorrendo a uma célebre analogia podemos constatar que há duas coisas certas na disrupção digital – a adoção massiva de soluções cloud e a complexidade crescente relativamente aos temas da segurança. Assistimos a um crescimento exponencial no número e sofisticação dos ataques o que obriga a uma mudança de paradigma. É necessário apostar em soluções de segurança focadas em Inteligência Artificial e Machine Learning de forma a tentar equilibrar os pratos da balança.

(*) IT Operations, Cloud & Security Director na Noesis