Por Carlos Cunha (*)
Desde sempre que as pequenas e médias empresas (PME) são incitadas a procurar e tirar proveito de todas as oportunidades para que se mantenham competitivas e em cima do acontecimento. Perante todas as adversidades dos últimos dois anos, estas duas características tornaram-se imperativas para qualquer negócio. A pressão da COVID-19, com as restrições e encerramentos, fez, naturalmente, com que muitas pequenas empresas perdessem receita. A acrescentar, a mudança para o trabalho remoto ou híbrido não tem sido fácil, especialmente se considerarmos os orçamentos reduzidos e a rápida evolução da força de trabalho e do mercado tecnológico.
No entanto, há sempre alguma margem de manobra. Tentarei resumir daqui para a frente 4 pontos essenciais para as PME não perderem a competitividade dos seus negócios. Começamos pelo mais óbvio.
- Acelerar a transformação digital
Um whitepaper recente do World Economic Forum deu conta de que as PME estão ainda a um nível de maturidade tecnológica médio-baixo. Menos de um quarto (23%) das PME afirma que as mudanças trazidas pela pandemia resultaram na aceleração dos seus objetivos de transformação digital. Contudo, aqueles que de facto adotaram tecnologias emergentes como IA, e estão em continua transição para sistemas com base na cloud, por exemplo, têm visto uma transformação notável ao nível da produtividade e eficiência, graças ao acesso mais amplo a novos mercados, à maior agilidade das operações e à redução geral dos custos.
Enquanto os pequenos negócios digitalizam lentamente as suas operações tentando manter as despesas de capital baixas a curto prazo, aqueles que apresentam já maior maturidade tecnológica têm-se preparado para ser mais resilientes perante as contínuas mudanças do mercado, protegendo, assim, a sua vantagem competitiva para o futuro.
O passo chave neste processo é a tecnologia cloud, crucial para a responsividade e agilidade. Com os fornecedores de tecnologia corretos, as tecnologias, e a especialização, os pequenos negócios podem acelerar os seus esforços de transformação, de forma a estar mais bem preparados para navegar o que quer que seja que vem no futuro.
- Utilizar as ferramentas certas
Os dispositivos com que equipamos os nossos colaboradores são mais do que meros meios para atingir um fim. Se, por um lado, as PME devem priorizar a discussão franca com as equipas em relação às suas expectativas para os dispositivos, por outro, é necessário considerar características funcionais como mobilidade, segurança, fiabilidade e opções de conectividade, às quais se acrescenta ainda o design e formato do equipamento. O trabalho híbrido veio para ficar, pelo que dar um certo nível de liberdade de escolha dos dispositivos é vital. Dispositivos leves, compactos, mas poderosos e seguros – eis onde deve estar o investimento das PME.
Outra coisa a considerar é a atualização regular dos dispositivos para garantir que os funcionários usufruem das mais recentes tecnologias e evitar qualquer disparidade indesejada entre a tecnologia pessoal e a tecnologia do local de trabalho.
Para que a cultura empresarial sobreviva ao longo do tempo e mantenha a sua atratividade para novos talentos, é essencial que as PME adotem novos modelos de aquisição e aprovisionamento de tecnologia, particularmente dispositivos de utilizador final. Para os pequenos negócios, a fasquia é alta e um dos bens mais importantes são as pessoas – são elas o rosto e a voz por detrás da empresa, e é graças a elas que a organização anda para frente. Na atual era digital, permitir às pessoas escolher a tecnologia que querem utilizar é uma das formas mais importantes de reter talento. De facto, um estudo recente da Gensler Workplace revela que 76% dos funcionários afirma que ter uma escolha de tecnologia teria um impacto positivo no seu desempenho, enquanto 60% afirma também que isso afetaria provavelmente a sua satisfação profissional. Atrair e reter talento é uma forma de adquirir vantagem sobre a concorrência.
- Mais agilidade e adaptabilidade
Agilidade e adaptabilidade são indicadores de que um negócio é capaz de identificar e maximizar oportunidades. Todos sabemos que as PME não têm os mesmos recursos que as grandes empresas, portanto, a flexibilidade é muitas vezes o fator definidor que garante que se mantêm a par com a constante mudança do panorama tecnológico, bem como a crescente procura dos consumidores. Optar por uma abordagem disruptiva é uma boa forma de nos mantermos à frente da competição. Aliás, um estudo da McKinsey Agile Tribe demonstra que organizações ágeis têm 70% de hipóteses de estar no quartil superior da saúde organizacional – um dos melhores indicadores de desempenho a longo prazo.
Tecnologias com a IA têm o maior e melhor impacto na agilidade das PME atualmente. Mas não termina aqui. As ferramentas de colaboração que permitem o trabalho remoto, a automatização, e a análise de dados que ajuda na gestão e compreensão de cliente e equipas, também estão incluídos. A análise avançada de dados, em particular, pode ajudar os principais decisores a descobrir possíveis congestionamentos, melhorar a eficiência, e identificar áreas para otimização. Para as PME, as operações digitalizadas irão gerar este tipo de dados para análise.
- Outsourcing com cautela
As vantagens competitivas do outsourcing são várias, mas este tipo de estratégia tem de ser aplicado com cautela. Por exemplo, em períodos de crescimento, as empresas podem considerar que precisam de ajuda extra – mas não têm capacidade de contratar e apoiar mais colaboradores a tempo inteiro. Isto abranda a dinâmica do negócio e limita o crescimento. Para uma PME neste cenário, o outsourcing pode ser benéfico, na medida em que é mais económico que construir uma equipa interna. Além disso, é uma ótima forma de contactar com pessoas novas, mantendo o crescimento e as equipas focadas nas tarefas internas.
A principal vantagem do outsourcing é dar às PME a possibilidade de se refocarem e redirecionarem para as suas grandes prioridades: manter a competitividade. O centro de um negócio é a sua individualidade e o que pode oferecer além dos seus rivais. Num ambiente competitivo, isto pode ser fácil de perder de vista, razão pela qual é importante lembrar que algumas coisas não devem ser subcontratadas. Como regra geral, qualquer coisa que dê a uma PME a sua originalidade e valores deve permanecer na empresa. A externalização deve ser atribuída a tarefas de back-office que poupem tempo, e permitam às empresas concentrarem-se no que as torna diferentes.
Todas as empresas precisam de manter uma vantagem competitiva para se manterem relevantes e bem-sucedidas. Uma combinação de transformação tecnológica acelerada, utilizando o hardware certo, permanecendo flexível e aberta à mudança, e utilizando os parceiros certos para externalizar, pode fazer disto uma proeza simples.
(*) Diretor Comercial da Dynabook Portugal
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