Por José Subtil (*)
Um citizen developer é uma pessoa que cria aplicações para uso pessoal ou empresarial sem formação em desenvolvimento de software. Essa pessoa faz normalmente uso de plataformas low-code, ou no-code, pois exigem menos conhecimento e experiência em codificação aplicacional. Estas pessoas são, tipicamente, membros de uma organização, muitas vezes fora do departamento de TI, que possuem algumas habilidades em tecnologia e desejam contribuir para o desenvolvimento de soluções digitais criando mais rapidamente valor para a organização onde se inserem. Os citizen developers têm assim o potencial de acelerar os processos de desenvolvimento, reduzir os custos e aliviar a carga de trabalho dos developers profissionais.
O movimento de Citizen Development surgiu devido a uma conjugação de fatores de onde se destacam a necessidade das empresas se transformarem rapidamente para estarem no mercado Digital e, assim, estarem em pé de igualdade com novos players que competem neste espaço mais digital, a adoção de tecnologias Cloud e modelos SaaS por empresas que trazem as tecnologias low-code/no-Code às organizações, a adoção de metodologias de trabalho ágeis que criam a cultura de, em sprints curtos, criar rapidamente valor para a organização e por conseguinte as tecnologias que permitem o desenvolvimento rápido e ágil estão melhor enquadradas e, por último, a necessidade urgente de transformar processos digitalizando-os através de meios eletrónicos. E aqui as plataformas low-code são um grande impulso na sua adoção como resultado da facilitação do rápido desenvolvimento.
A participação de citizen developers numa organização pode levar a uma proliferação desordenada de aplicações lançando assim diversos desafios entre os quais os temas de segurança e conformidade, pois é essencial garantir que os aplicativos assim desenvolvidos atendam aos padrões de segurança e conformidade estabelecidos pela organização. Os desafios colocam-se também ao nível de Compliance, uma vez que as aplicações que tratam dados confidenciais e pessoas podem não estar em conformidade com os regulamentos relevantes quando desenvolvidos desta forma. Acresce ainda a falta de escalabilidade, pois as aplicações desenvolvidas pelos citizen developers podem não ser escaláveis ou facilmente integradas com outros sistemas, o que pode limitar a sua utilidade e eficácia ao longo do tempo. O défice técnico, é outro dos desafios que se coloca, uma vez que, sem supervisão e governo adequados, as aplicações assim desenvolvidas podem ser mal concebidas, conduzindo a um défice técnico que pode ser dispendioso e demorado de resolver. Por fim, a falibilidade do Suporte e Manutenção, em virtude de dificuldade em dar suporte e manter o aplicativo a longo prazo nos casos de indisponibilidade ou abandono da organização pelo citizen developer.
Para mitigar estes riscos, as empresas devem estabelecer diretrizes, boas práticas e modelos de governo para o Citizen Developement. Destacamos a necessidade de nutrir e formar a comunidade de citizen developers como ponto crucial para garantir que todos possuam as habilidades necessárias para criar soluções eficazes, seguras e robustas.
Mitigando os riscos com um bom modelo de governo o envolvimento dos citizen developers pode trazer uma série de benefícios para as organizações, de onde se destacam a agilidade no desenvolvimento, a redução de custos, uma maior inovação e diversidade de ideias.
O movimento citizen developer representa uma mudança significativa na forma como as organizações abordam o desenvolvimento de software. Ao envolver profissionais não especializados em programação, as organizações podem acelerar o ciclo de desenvolvimento, reduzir custos e promover a inovação.
No entanto, é crucial que as organizações equilibrem esse modelo com práticas adequadas de gestão, formação e segurança para garantir que as soluções assim desenvolvidas atendam aos padrões de qualidade e segurança necessários.
Com as plataformas de Low-Code disponíveis atualmente, o movimento citizen developer tem o potencial de transformar a forma como as soluções tecnológicas são criadas e implementadas, promovendo a colaboração e o envolvimento de toda a organização na jornada da transformação digital.
(*) Consulting Lead DXC
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