Por Lucas Aquino (*) 

O desenvolvimento de software está a atravessar uma das suas maiores transformações. Esta adaptação, que há uns anos era marcada pelo surgimento da cloud, hoje já contempla ferramentas como a inteligência artificial (IA), que se tornaram indispensáveis para o trabalho dos programadores. Neste ramo, o ecossistema .NET está no centro da evolução.

O .NET permite construir aplicações de praticamente qualquer tipo, desde consola a web services, apps desktop, apps nativas e multiplataforma, aplicações server-side e SPA, entre outras. Contudo, nem sempre foi a primeira escolha para os programadores. Ao longo dos anos, tem passado de um ambiente mais fechado para uma plataforma aberta e moderna, tornando-se sinónimo de produtividade, performance e escalabilidade, três pilares que se tornam ainda mais relevantes quando falamos em IA. De facto, hoje, com o .NET 8, é possível competir com outras tecnologias muito populares do mercado.

Atualmente, um dos aspetos mais interessantes do .NET é a forma como se está a adaptar ao novo paradigma da IA. A inteligência artificial desempenha um papel cada vez mais importante, nos testes, nas revisões de código e até na monitorização em tempo real. Ferramentas como o Visual Studio 2022, o Visual Studio Code e o JetBrains Rider já integram funcionalidades de programação e depuração assistidas por IA, tornando-os alguns dos ambientes de desenvolvimento integrado (IDE) mais completos disponíveis. Estes oferecem suporte avançado para debugging, profiling e refacturing, permitindo aos programadores trabalharem de forma muito mais rápida.

Contudo, é importante compreender que a IA não está a substituir os engenheiros, mas sim a amplificar as suas capacidades. Ao utilizarem estas ferramentas, os programadores conseguem poupar tempo em tarefas rotineiras, garantir maior consistência nas suas soluções e concentrar-se em funções de maior valor, como a tomada de decisões relacionadas com a arquitetura de software e as regras de negócio - elementos que distinguem verdadeiramente as suas soluções.

Mas como é que os engenheiros podem realmente evoluir nesta nova era da IA? Com ferramentas inteligentes, ser programador requer um conjunto renovado de competências, especialmente a capacidade e a abertura para a aprendizagem contínua. Para além de dominar os fundamentos da cloud, da automação ou dos sistemas distribuídos, a próxima geração de programadores .NET precisará de compreender áreas como prompt engineering, integração de modelos e governação de dados, competências que permitem um uso responsável e eficaz da IA. Com o .NET 8, os programadores podem também integrar IA diretamente nas suas aplicações, utilizando bibliotecas como ML.NET, Semantic Kernel e Azure OpenAI Service, tornando possível a criação de funcionalidades inteligentes como processamento de linguagem natural, sistemas de recomendação e assistentes de código.

O futuro do .NET – e de qualquer outro ecossistema – será sempre colaborativo, com os programadores a trabalharem lado a lado com estas ferramentas. A IA não é, portanto, uma ameaça à criatividade dos engenheiros, mas sim um catalisador que lhes permite criar software mais robusto, rápido e centrado no utilizador. O futuro deste setor não será apenas tecnológico, mas profundamente humano, moldado por engenheiros que saibam utilizar a IA de forma ética, consciente e estratégica.

(*) Software Engineer na Zühlke em Portugal