* Por Susana Sargento
A mobilidade sustentável tem sido um grande objetivo dos últimos anos. Por um lado, destaca-se a tentativa de utilizar novas fontes de energia mais sustentáveis e melhores para o ambiente; por outro, a necessidade de fomentar modos de mobilidade suave, que além de melhores para o ambiente, são bem melhores para a nossa saúde; e ainda, a mobilidade autónoma, que pretende ir além dos avisos e manobras simples como estacionamento, para uma condução completamente autónoma e cooperativa.
Estas tendências tendem a olhar para a mobilidade como um serviço, como uma necessidade, com os meios de transporte sendo apenas “meios”, que podem ser utilizados por todos de uma forma cooperativa, e até partilhada, sem o conceito de pertença.
No entanto, para que estes conceitos sejam colocados em prática, há uma necessidade fundamental: a mobilidade conectada. Os sistemas de comunicação permitem que a informação sobre os meios de transporte, e até sobre os meios de carregamento, possa ser integrada numa plataforma comum.
Além disso, permite que a mobilidade seja segura através da construção de sistemas de transporte seguros e inteligentes. Por exemplo, a partilha de veículos automóveis e bicicletas pode ser coordenada através da informação de localização de cada veículo, das pessoas e das suas necessidades; a mesma informação permite reduzir o congestionamento nas cidades pelo desvio de veículos de zonas que podem ficar congestionadas ou, numa outra perspetiva, a velocidade dos veículos pode ser controlada para evitar filas de trânsito; se houver informação, a qualquer instante, dos veículos, pessoas e sensores na estrada, os veículos podem tomar as melhores decisões de condução, e evitar acidentes com outros veículos e pedestres. No limite, a mobilidade pode ser mais suave, partilhada, e utilizada de uma forma muito mais segura.
Nestes exemplos os sistemas de comunicações são essenciais: as comunicações V2X (veículo para tudo) e os sistemas de comunicação 5G (e no futuro, as comunicações 6G), permitem ter uma comunicação completa em 3D, em terra e no ar, e com computação de dados em qualquer lugar. Estes sistemas tornam possível a comunicação de toda a informação crítica no instante e local em que é necessária, e em casos limite, permitem salvar vidas.
Se até hoje já foram apresentados muitos casos concretos, em Portugal e no mundo, de como a mobilidade pode evoluir fazendo uso da tecnologia, em 2022 serão dados passos muito relevantes neste sentido: várias iniciativas a nível nacional e europeias, de onde se destacam o Plano de Recuperação e Resiliência e o Horizonte Europa, endereçam a mobilidade suave e autónoma, que permitem tornar Portugal num hub de investigação, desenvolvimento, e de teste de soluções nesta área.
É importante testar as soluções, perceber como elas podem ser implementadas com os cidadãos, e perspetivar o futuro num ambiente tecnologicamente preparado e capacitado. Alguns exemplos de zonas livres tecnológicas já se encontram em prática: Portugal, mais uma vez, deu um grande passo (no fim de 2021) para a regulamentação destas zonas, na direção de tornar Portugal um hub de experimentação com o apoio não só do sistema científico, tecnológico e empresarial, mas também dos vários reguladores essenciais. Grandes passos se esperam em 2022 para que a mobilidade suave, autónoma e conectada seja uma realidade em Portugal de uma forma pioneira em todo o mundo.
* Professora da Universidade de Aveiro, investigadora do Instituto de Telecomunicações e diretora cientifica do programa CMU Portugal
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