O 'EllaLink', que constitui a primeira ligação direta de alta velocidade por cabo submarino entre a Europa e a América do Sul, é considerado pela presidência portuguesa "uma infraestrutura essencial para a interconexão digital e a transmissão de dados entre os dois continentes".
O projeto de construção do cabo submarino de transmissão de dados foi aprovado em 2019 e vem trazer uma capacidade de 100 Tb de transmissão de dados e ligação a 6 datacenters. A inauguração acontece hoje e está prevista para as 10h50, decorrendo em formato híbrido (presencial e 'online') a partir de Sines, onde ficará ancorado o cabo, com ligação a Fortaleza (Brasil). A cerimónia será presidida pelo primeiro-ministro, António Costa.
O evento contará ainda com intervenções, por videoconferência, do secretário-geral da ONU, António Guterres, da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e do presidente do Parlamento Europeu, David Sassoli.
A inauguração do 'EllaLink' integra o evento "Leading the Digital Decade" [Liderar a Década Digital], coorganizado pela presidência portuguesa e pela Comissão Europeia, com a presença de representantes de "vários Estados-membros da UE, representantes do Parlamento Europeu e da Comissão Europeia, além de representantes do setor privado e da sociedade civil".
O encontro, que se prolonga por dois dias, tem como objetivo "promover um debate alargado em torno da transformação digital da UE", tendo como base os objetivos da Década Digital, iniciativa apresentada pela Comissão em março para garantir que todos os cidadãos europeus podem beneficiar do digital.
Está prevista para hoje a apresentação da 'Declaração de Lisboa - Democracia Digital com Propósito', um contributo para uma "declaração interinstitucional conjunta" sobre os direitos e princípios digitais que a Comissão está a preparar.
O que vem trazer o cabo EllaLink para o mundo digital?
Com esta operação de investimento de 150 milhões de euros, a EllaLink pretende abrir um "corredor" para a transmissão de dados entre a Europa e a América Latina. E, para além de ser a primeira ligação direta de alta velocidade por cabo submarino entre os dois continentes, o sistema inclui também várias rotas terrestres que ligam data centers estratégicos em Lisboa, Madrid, Marselha, São Paulo, Rio de Janeiro e Fortaleza, em parceria com a Equinix e a Interxion.
Ao longo dos últimos anos, o "mundo digital" fez disparar a necessidade de conectividade entre países e continentes, da simples transmissão de voz até à transmissão em tempo real de vídeos em streaming e todas as futuras aplicações que vão ser possíveis graças ao 5G. A verdade é que estas aplicações requerem menor latência, ou seja, o menor espaço de tempo que a informação leva a passar na rede, desde os utilizadores até aos data centers e plataformas.
Ao criar a reta direta mais curta entre a Europa e a América Latina, e evitando a passagem por outros países, o sistema reduz essa latência em 50% em comparação com a infraestrutura atual. Em comunicado, a empresa garante um valor real inferior a 60 milissegundos entre Portugal e o Brasil.
A tecnologia do sistema EllaLink garante o acesso a serviços de telecomunicações e aplicações através de uma conexão direta, de alta velocidade e com muito baixa latência. Na prática, isto pode beneficiar não apenas todas as plataformas de telecomunicações, mas também os serviços na Cloud, acesso a conteúdos, todos os tipos de negócios digitais e ainda a indústria de gaming.
500 milhões de euros por ano para o PIB português
Segundo um estudo da Copenhagen Economics, encomendado pela Google, os cabos submarinos EllaLink e Equiano, este segundo financiado pela Google, podem render até 500 milhões de euros por ano no PIB português. A gigante tecnológica afirma que os cabos terão um impacto nas melhorias da infraestrutura digital, quando estes estiverem operacionais, daqui a cerca de um ano.
O investimento nas infraestruturas como data centers, cabos submarinos e fibras terrestres vão permitir um melhor alcance, velocidade e estabilidade da internet, permitindo continuidade dos serviços digitais. No caso dos dois cabos, a Google afirma que Portugal tem uma oportunidade única de desenvolver a sua indústria de tecnologias de informação e comunicação. Esperam-se novos negócios, investimentos e melhorias tanto no comércio como produtividade, gerando novas oportunidades económicas.
O estudo diz ainda que as empresas que já têm negócios com os países africanos vão poder reforçar as exportações, gerando um aumento de trocas comerciais entre Portugal e África, em igualdade de condições. Os cabos podem aumentar as exportações em países com maiores ou menores rendimentos, sendo uma oportunidade importante para as PMEs, pela redução das barreiras à entrada e expansão nos mercados conectados.
Nota da Redação: Foi feita uma correção no 2º parágrafo. Última alteração 20h23
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