Depois do tema do leilão de 5G ter dominado o ano de 2021, com licitações que que se arrastaram por mais de 9 meses e que resultaram num encaixe de 566,8 milhões de euros para o Estado com a compra de licenças, 410 milhões dos quais pagos ainda nesse ano, as operadoras que ganharam o concurso ainda não cobraram nem 1 euros de serviços aos seus clientes.
Seis empresas ganharam acesso ao espectro do 5G, adquirindo lotes que permitem lançar os serviços, usando as várias frequências disponibilizadas e a MEO, NOS e Vodafone Portugal avançaram com os serviços quase imediatamente, mas em regime de “experimentação gratuita. Primeiro devia durar até 15 de janeiro de 2022 mas acabou por se ir estendendo quase mês a mês, com as empresas a admitirem em novembro que o uso gratuito era prolongado até 15 de janeiro de 2023. Pelo menos até ver.
Das três novas entrantes no mercado, a Dense Air, NOWO e DIXAROBIL, ainda há poucas notícias, sabendo-se que estarão a preparar as operações. No caso da NOWO a situação ganhou novos contornos com a proposta de aquisição pela Vodafone Portugal, que está ainda a ser analisada pela Autoridade da Concorrência e que já teve um parecer da ANACOM que defende alguns “remédios” para o negócio avançar, entre os quais a retirada das licenças 5G da operadora.
A falta de pacotes 5G, ou da cobrança adicional nas mensalidades dos clientes, não quer dizer que a rede de nova geração não está a avançar. Os operadores têm vindo a investir na infraestrutura e em desenvolvimento de serviços, com casos de aplicação sobretudo em empresas, embora ainda sem grandes exemplos para mostrar para além dos “casos bandeira”.
Os últimos números da ANACOM indicam que o 5G já representa 15% do tráfego móvel de dados em setembro no mercado português e que a Cobertura do 5G em Portugal aumentou 48% no 3º trimestre e chega a a 88% dos concelhos do país, mas ainda há muitas freguesias sem a nova geração móvel.
Ao contrário do que aconteceu com o 3G e o 4G, não faltam telemóveis e equipamentos que suportam o 5G, existindo mais de 1.000 modelos homologados.
Veja alguns dos equipamentos 5G no mercado
Metas de cobertura em risco?
As obrigações de cobertura de rede têm dividido as opiniões entre o regulador, que se mostra empenhado em fazer cumprir as metas, e os operadores, que defendem uma flexibilização dos prazos. Apesar de ainda não haver um pedido formal nesse sentido parece haver uma sintonia entre as três empresas incumbentes que ganharam licenças.
Não é apenas no 5G que o Governo quer garantir qualidade de redes de alta velocidade em todo o território, acabando com as chamadas zonas brancas , e em 2023 deverá avançar o concurso internacional para instalação de redes de alto débito.
A melhoria de ligações aos Açores e Madeira, por cabo submarino, está também na lista de prioridades, num ano em que Portugal viu concretizar-se mais amarrações de cabos internacionais que abrem novas oportunidades de fixação de centros de dados no país.
Na lista de temas a decidir encontra-se ainda a Televisão Digital Terrestre. A Altice já mostrou interesse em renovar a concessão, mas a o presidente da ANACOM avisa que há alternativas à rede da operadora e defende que o país não pode ficar refém de uma empresa.
Na procura de uma igualdade de oportunidades no acesso ao digital a maior desilusão este ano terá sido a da Tarifa Social de Internet, que foi apresentada como uma medida que poderia garantir o acesso das famílias mais desfavorecidas a pacotes de Internet a preço reduzido, mas que nunca chegou a conseguir a adesão esperada.
Em novembro só havia 960 pedidos e 438 ofertas ativas quando a expectativa do Governo apontava para mais de 700 mil famílias potencialmente abrangidas, e a falta de interesse pode estar ligada à oferta limitada de tráfego e velocidade, mas também à elevada adesão das famílias a pacotes de serviços de telecomunicações com fidelização.
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