As startups fundadas, ou com sede em Lisboa, valiam no final de 2022 21,4 mil milhões de euros, 27 vezes mais que em 2016. Contando apenas aquelas que mantêm a sua sede na capital portuguesa, o valor desce para 2,2 mil milhões de euros, já que mais de 90% do valor atribuído ao ecossistema é assegurado por empresas que alteraram as suas sedes para outras geografias.
Só a OutSystems e a Talkdesk representam 87% do valor deste ecossistema, conclui um estudo da Dealroom. Em conjunto as duas empresas valem 18,6 mil milhões de euros e são mesmo destacadas no estudo como dois dos unicórnios mais valiosos do sul da Europa, só ultrapassados pela Evolution, de Malta, que já tem uma avaliação superior a 20 mil milhões de euros.
A pesquisa, que evidencia o facto de 67% do valor do ecossistema de startups português passar por Lisboa, também dá uma perspetiva sobre o papel das universidades na dinamização do empreendedorismo local. A Universidade de Lisboa surge como o principal motor de criação de novos projetos empresariais, com a maior fatia desse bolo alocado ao Instituto Superior Técnico.
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As startups que ali nasceram têm já uma valorização conjunta de 13 mil milhões de euros. Segue-se a Universidade Nova de Lisboa, assinalada também como a instituição de ensino superior com maior número de startups fundadas, onde nasceram projetos que valiam no final de 2022 12,9 mil milhões de euros.
No ano passado, o investimento captado por startups locais da capital ascendeu a 353 milhões de euros, a esmagadora maioria investido em empresas que mantêm sede no país (94%, ou 333 milhões de euros). O valor é o maior de sempre e 3,2 vezes mais que o valor registado em 2021, altura em que foram investidos 97 milhões de euros. As operações de financiamento a projetos já em estado de desenvolvimento e crescimento avançado deram o maior impulso para este avanço, mas as operações early-stage (pre-seed e série B) também tiveram um peso importante e também cresceram para valores de investimento recorde (114 milhões de euros).
A esmagadora maioria do investimento (80%) foi assegurado por investidores estrangeiros. Os investidores locais conseguiram ainda assim levantar 77 milhões de euros em novos fundos. Alimentação, a saúde e fintech foram os sectores que mais motivaram novas rondas de investimento em Portugal em 2022, onde, segundo revela o mesmo estudo, a disponibilidade de financiamento para novos projetos tem crescido a um dos ritmos mais altos da Europa, muito acima do que se verifica em mercados mais maduros
O estudo foi produzido a partir de dados recolhidos pela Dealroom, junto da base de dados da Câmara Municipal de Lisboa e inclui todas as startups e scaleups com sede ou fundadas em Lisboa e entretanto realocadas para outras geografias, mas que mantêm uma presença significativa no país. Foi apresentado em dezembro e também revela que, a nível nacional, o ecossistema nacional de startups, criadas desde os anos 90, valia 32 mil milhões de euros no final de 2022.
Em dezembro, foi também apresentada a segunda edição do estudo Building a Scaleup Nation, preparado pela IDC e que usa alguma desta informação. A pesquisa posicionava Portugal na 28ª posição, entre os 100 melhores países no ecossistema empreendedor. Atribuia uma valorização de 34,7 mil milhões de euros às 3.8880 startups que contabilizou em Portugal, onde identificou mais de 69 mil empregos. Segundo a pesquisa, o investimento de capital levantado por empresas portuguesas em 2022 foi de 421 milhões de euros, um número positivo que não apaga o facto de 30% de empreendedores não considerarem Portugal um bom destino para fixarem os seus negócios. As críticas à burocracia e condições fiscais continuam a destacar-se como entraves ao ecossistema empreendedor.
Nota de redação: O artigo foi corrigido na referência à origem dos dados do estudo da Dealroom, provenientes da base de dados da Câmara Municipal de Lisboa.
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