O ambicionado "regresso humano" à Lua parece não estar fácil. Depois do desaire que vai impedir a Peregrine de chegar ao destino e iniciar o programa de entregas lunares da NASA, uma série de questões técnicas e de segurança relacionadas com a nave espacial Orion levaram a agência norte-americana a adiar as duas próximas missões Artemis.
Inicialmente prevista para acontecer este ano, em novembro, a missão Artemis 2 de voo tripulado à Lua foi adiada para setembro de 2025. Já voltar a “pôr os pés” de facto no satélite natural com a Artemis 3 só deverá acontecer em 2026.
O anúncio foi feito durante uma conferência de imprensa, esta terça-feira, com a NASA a avançar como justificação uma série de questões técnicas e de segurança relacionadas com a Orion, a nave espacial que levará os astronautas à Lua, assim como a resolução de uma série de desafios logísticos.
Marcando o regresso à Lua mais de 50 anos depois, a Artemis 2 foi projetada para enviar quatro astronautas numa viagem de ida e volta ao satélite natural, naquele que será o primeiro voo com pessoas a bordo da Orion.
A tripulação foi apresentada em abril do ano passado. Clique nas imagens para mais detalhes.
A Orion fez um voo de teste em novembro de 2022 sem ninguém a bordo, na missão Artemis 1, que revelou um problema com o escudo térmico. Durante a reentrada na atmosfera da Terra, a nave espacial viajou a velocidades que atingiram 39.590 quilómetros por hora, com o escudo térmico a suportar temperaturas superiores a 5.000 graus Fahrenheit. Embora os engenheiros esperassem alguma carbonização, os níveis ficaram acima do previsto.
Também foram descobertos problemas com as válvulas do sistema de suporte de vida da cápsula, projetado para manter a tripulação viva dentro da nave espacial. Segundo a NASA, as válvulas passaram no teste da Artemis 2, mas fracassaram durante os testes da missão Artemis 3, devido a uma falha de design. A questão obriga à substituição de hardware para garantir todos os requisitos de segurança.
Existem ainda deficiências no desempenho das baterias da Orion, que são projetadas para serem usadas em situação de emergência, caso seja necessário a nave espacial separar-se do foguetão.
Além dos problemas específicos com a Orion há outras questões que estão a complicar a timeline de regresso à Lua, como o desaire com a Peregrine Lunar Lander. O lançamento da missão que inauguraria o programa Commercial Lunar Payload Services (CLPS) foi considerado um sucesso, mas o final ficará longe do que era desejado.
Com a comemoração do envio da primeira foto registada pela câmara instalada no módulo espacial veio também a confirmação sobre a existência de uma anomalia no sistema de propulsão, que os dados de telemetria já teriam acusado.
O problema vai impedir que o Peregrine chegue à superfície lunar, como era o seu propósito, anunciou a Astrobotics. As últimas notícias da fabricante davam conta de que o módulo continuava operacional e tinha inclusive enviado uma nova imagem.
A somar a isto tudo, há ainda os atrasos com o sistema Starship da SpaceX, considerado para as missões Artemis 3 e 4, com os testes com o Super Heavy a não correrem bem e a impedir a estreia operacional efetiva.
O Super Heavy e a Starship voaram pela primeira vez em abril de 2023, mas aquela que seria a estreia do sistema terminou minutos após o lançamento, quando uma anomalia causou a destruição do foguetão e da nave no ar.
Em novembro último, o mega foguetão tentou mais uma viagem. O sistema ligou os seus 33 motores para voar de novo, “arrancou” bem, mas acabou por explodir com cerca de nove minutos de voo, a 148 quilómetros de altitude, enquanto voava a 24.124 km/h.
Clique para ver as imagens do lançamento com mais detalhe
Teve tempo, no entanto, para entrar em órbita, para a separação dos dois estágios do sistema e para o segundo estágio ainda conseguir seguir viagem por uns minutos, num avanço considerável face ao que tinha acontecido com o teste anterior.
Veja o vídeo do momento, publicado pela SpaceX - que no final das contas, considerou a experiência como prova superada (no geral).
A empresa para o espaço gerida por Elon Musk espera ter o hardware para o terceiro voo pronto este mês e receber autorização de lançamento da Administração Federal de Aviação em fevereiro.
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