O tópico tem estado na ordem do dia e é assumidamente uma das áreas onde a Europa quer obter melhores resultados nos próximos anos: evitar que as startups da região acabem por trocar o país de origem pelos Estados Unidos. Entre outras razões, para estarem mais perto dos investidores e num ambiente mais “familiar” para esses circuitos de investimento e para os clientes que querem alcançar.
O tema foi abordado por Carlos Moedas no Web Summit e noutra sessão por Vasco Pedro, cofundador da Unbabel, que já levantou 91 milhões de dólares junto de investidores e que nasceu em Portugal mas tem sede nos Estados Unidos, com o responsável a antecipar mudanças importantes para breve neste domínio.
O empreendedor falava no painel sobre os desafios de escalar uma startup a partir de Portugal. Explicou que numa primeira fase foi importante para a Unbabel estar num país como Portugal, com talento de qualidade, à medida que a empresa começou a crescer, a precisar de financiamento e a afinar a oferta comercial, teve de tomar decisões.
Com clientes e investidores maioritariamente no mercado norte-americano, o responsável admite que foi necessário fazer alterações e realocar parte da operação para os EUA, para poder estar mais perto e conhecer melhor compradores e consumidores. Mas Vasco Pedro admite que esta realidade poderá mudar em breve e deixou uma expectativa.
“O local onde estão as fontes de financiamento será cada vez menos importante para fixar empresas. O importante é ter condições para conhecer bem os clientes”, sublinha o responsável, e a pandemia veio mostrar que isso pode ser feito de várias formas. “A trajetória que nós fizemos deixará de ser necessária" para muitas empresas, acredita Vasco Pedro.
De que precisa a Europa para liderar ecossistema de startups
Esta alteração será um boa notícia para os planos de vários países europeus. São cada vez mais aqueles que se têm empenhado em estratégias para esta área, num esforço que é nacional, mas que está também a ser feito ao nível da região. Iniciativas políticas nesse sentido não faltam, algumas passaram aliás pelo Web Summit. O tópico deu também o mote para uma conversa entre António Dias Martins, diretor executivo da Startup Portugal e Kat Borlongan, fundadora da Scale Up Europe no Web Summit. Os dois responsáveis concordam que a Europa já reúne a maior parte dos ingredientes necessários para atrair e fazer vingar mais startups de base tecnológica, num mercado com 450 milhões de consumidores.
Mesmo ao nível do financiamento, Kat Borlongan, que durante três anos dirigiu a La French Tech, a estrutura da administração Macron para o empreendedorismo, lembra que a Europa está cada vez menos dependente dos VCs não europeus, dando o exemplo de mercados como França ou Alemanha, onde a maior parte do investimento captado por startups é local, garante.
Mas, ainda assim, admite-se que o caminho deve ser feito no sentido de uma Europa aberta e global, capaz de atrair empresas e investidores de qualquer local, como sublinhou António Martins, e empenhada em privilegiar o ecossistema, em vez das partes. Ou seja, “os unicórnios são importantes mas por cada unicórnio há muitas outras empresas com excelentes valorizações, em que temos de nos concentrar também”, referiu ainda o responsável português.
A opinião foi unânime: os unicórnios são importantes mas não são tudo e o relevante é criar um ecossistema capaz de criar valor e emprego. No entanto, não deixaram de se “contar espingardas” com António Martins a sublinhar que Portugal já tem cinco unicórnios, “mais cinco ou seis” a caminho e a colega de painel a sublinhar que em França há mais de 20.
No debate também se falou em métricas e nos critérios que devem contribuir para avaliar as empresas na região, com António Martins a reconhecer que os investidores estão cada vez mais a diversificar KPIs e a considerar o impacto social das empresas nos indicadores que observam.
Na sua perspetiva, este é um enquadramento que as entidades que se ligam aos governos de cada país na área do empreendedorismo (como a Startup Portugal), devem enfatizar e procurar dinamizar para que esteja cada vez mais presente nas empresas que nascem e crescem na região.
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