A Comissão Federal de Comércio dos EUA (FTC, na sigla em inglês) acusou a Razer de publicidade enganosa e a empresa terá de reembolsar os consumidores que compraram a máscara Zephyr e pagar uma multa de um milhão de euros.
Em causa está a publicidade à máscara que assegurava que o dispositivo era certificado com o padrão N95, ou seja, protegia da COVID.
O padrão N95 assegura que as máscaras faciais têm um filtro de partículas não baseado em óleo. É uma classificação de filtragem de ar do Gabinete Nacional de Saúde e Segurança Operacional dos EUA.
A Razer terá de devolver 1,07 milhões de dólares (cerca de um milhão de euros) aos utilizadores, além de pagar 100 mil dólares (cerca de 93,5 mil euros) em multas, segundo a proposta de acordo da FCT, que foi aceite pela empresa.
A Razer adiantou a vários meios de comunicação que não concorda com as acusações da FTC e que o acordo não significa que admite ter cometido irregularidades. “Nós optamos por aceitar a proposta de acordo para evitar distrações e perturbações litigiosas”, disse um representante da companhia.
Inicialmente apresentada como “Project Hazel”, na CES 2021, o lançamento do teste beta foi anunciado em agosto desse ano. Estávamos então em plena pandemia COVID-19. A Razer dizia, na altura, que a máscara tinha a certificação cirúrgica N95, que diz respeito à avaliação da capacidade de a máscara barrar grande parte de partículas que são expelidas pelo utilizador no ar. Este padrão é o recomendado para se proteger de vírus.
Veja as imagens da máscara futurista da Razer
Em outubro de 2021 começou a comercialização da Zephyr, a máscara com um sistema de ventilação integrado. Além da máscara, que custava cerca de 100 euros, a Razer vendia também um pacote com dez filtros para substituição por 30 dólares e um kit com o dispositivo e 33 filtros por 150 dólares. Uma versão Pro, com amplificador de voz, ainda foi anunciada, com um preço de 150 dólares, mas o modelo nunca chegou ao mercado.
De acordo com informação disponível na Internet, pouco tempo depois, a youtuber Naomi Wu desmontou a máscara e descobriu que, afinal, não tinha certificação N95. Nessa altura, a Razer removeu do site a informação de que o acessório tinha filtros N95. Na sequência desta retirada e em declarações ao Engaget, um porta-voz da Razer explicou que “o wearable por si só não é um dispositivo médico, nem certificado como uma máscara N95. Para evitar qualquer confusão, estamos a remover todas as referências ao filtro N95 do nosso material de marketing".
Além do acordo proposto, a FTC também proibiu a companhia de anunciar, sem aprovação das autoridades sanitárias, que qualquer dos seus produtos previne ou reduz a probabilidade de infeção pelo coronavírus. A fabricante também está proibida de usar logos ou marcas oficiais para sugerir que os seus produtos foram aprovados.
Em nota enviada ao TEK Sapo, a Razer destaca que “discordamos das alegações da FTC e não admitimos qualquer irregularidade como parte do acordo. Nunca foi nossa intenção enganar ninguém e optámos por resolver este assunto para evitar a distração e a perturbação de um litígio e continuar a concentrar-nos na criação de excelentes produtos para os jogadores”.
A nota acrescenta que a empresa se preocupa com a comunidade, procurando fornecer a tecnologias em novos e relevantes formatos. “O Razer Zephyr foi concebido para oferecer uma opção de cobertura facial diferente e inovadora para a comunidade. As queixas da FTC contra a Razer diziam respeito a partes limitadas de algumas das declarações relacionadas com o Zephyr”. Recorda ainda que “há mais de dois anos, a Razer notificou proactivamente os clientes de que o Zephyr não era uma máscara N95, suspendeu as vendas e reembolsou os clientes”.
Nota de redação: Notícia atualizada com as declarações da Razer enviadas ao SAPO TEK. Última atualização 16h25.
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