Quando necessitou de mudar o seu sistema de recolha de informação de gestão de base industrial, a Corticeira Amorim procurou uma solução no mercado para as suas necessidades. Mas chegou à conclusão de que não existia a oferta necessária para o seu desafio. Sem demora, criou uma equipa internamente que desenvolvesse as competências necessárias para a implementação do software MES (Manufacturing Execution Systems) pretendido.

Este software é orientado para a produção que gere, monitoriza e sincroniza a execução de processos físicos, em tempo real, envolvidos na transformação de matérias-primas em semiacabados e/ou acabados, como já havia explicado anteriormente ao SAPO TEK, David Tavares, CEO da Kaizen Tech. A empresa nasceu da parceria da Corticeira Amorim com a Kaizen Institute, que passa não só a criar soluções para uso interno, como vai disponibilizar às empresas portuguesas a sua solução para ajudá-las na transformação digital e garantir a transição para a indústria 4.0 de forma sustentada em informação obtida nas áreas produtivas em tempo real.

A Corticeira Amorim refere que o TrakSYS, o MES selecionado, era aquele que melhor respondia às suas necessidades, no entanto, não encontraram ninguém que pudesse implementar o sistema e dessa forma, a criação de uma equipa interna.

Corticeira Amorim

A Kaizen Tech começou as suas operações com uma equipa de 20 engenheiros, que segundo David Tavares, são especialmente necessários para a evolução contínua da sua solução. “Mas necessitaremos também quer de gestores de projeto, quer de especialistas em automação. O nosso plano prevê um crescimento de 30% ao ano, pelo que antevemos duplicar a equipa dentro de dois a três anos”.

A sua solução potencia todo o conhecimento adquirido pela Corticeira Amorim aliado à metodologia e princípios da Kaizen, empresa com quem tem parceria há mais de 15 anos, e que tem conhecimento profundo da realidade empresarial portuguesa. Na prática, utilizando o MES, as empresas podem encontrar as causas de raiz para os seus problemas e reagirem a desvios. Entre as suas soluções constam Análise Funcional e Levantamento de Requisitos, Implementação e Gestão de Projetos, Suporte e Evolução de Sistema.

David Tavares explica que a diferenciação da Kaizen Tech se baseia em três princípios. O primeiro é a otimização e simplificação dos processos ainda antes da sua digitalização, de forma a reduzir o risco de desperdício. Em segundo entra a experiência da empresa no sector industrial, que lhe permite oferecer soluções adequadas a cada organização. Por fim, diz que “somos capazes de acompanhar os desenvolvimentos do software e apoiar os nossos clientes após a sua implementação com a nossa equipa multidisciplinar”.

O produto que oferecem, o TrakSYS, é referido como o primeiro passo para a digitalização dos processos fabris e para a evolução das empresas para o domínio de Indústria 4.0. “A nossa solução permite comunicar com as máquinas, robots, scadas [Sistemas de Supervisão e Aquisição de Dados], etc., enviando e recebendo informação de eventos, consumos e produções. David Tavares diz que a comunicação poderá ser totalmente automatizada, caso a automação o permita, ou inserida num terminal por um operador.

David Tavares, CEO da Kaizen Tech.
David Tavares, CEO da Kaizen Tech.

Por outro lado, o sistema também pode ser associado a softwares de negócio, tais como um ERP (Enterprise Resource Planning). A solução promete acompanhar, em tempo real, aquilo que está a acontecer na fábrica e atuar no caso de haver perdas de eficiência, de uma forma mais efetiva.

Apesar do projeto ter nascido no sector da cortiça, David Tavares esclarece que o objetivo é implementar as soluções em outros sectores. “Estamos já a trabalhar com vários clientes de outros sectores tal como o alimentar, o plástico e o da cerâmica”. Afirma que o conhecimento adquirido nas diferentes empresas do Grupo Amorim e as soluções que representam permite-lhes realizar as necessárias implementações com qualidade e eficácia. “No entanto, a Kaizen Tech continuará certamente a ser um dos parceiros tecnológicos da Corticeira Amorim e poderá também ser de outras empresas do sector da cortiça”, acrescenta, abrindo dessa forma portas aos concorrentes diretos.

5 módulos com diferentes ferramentas de gestão

Explicando de forma prática a solução criada na empresa, David Tavares refere que esta divide-se em cinco módulos, entre eles a Produção, Inventário, Manutenção, Qualidade e Energia.

No módulo da Gestão da Produção foi também implementada uma ferramenta de Planeamento e Sequenciamento da Produção. Esta recebe as necessidades do sistema de gestão da fábrica, como por exemplo um ERP, as suas necessidades de produção em forma de Ordens de Fabrico. Os dados são enviados em tempo real da produção, das suas diferentes áreas e produções. “Em seguida, e sempre que o planeador o deseje, o sistema corre uma heurística que otimiza a produção segundo as ponderações definidas por esse mesmo planeador. O sequenciamento pode ser realizado em apenas área a área ou em várias, dependendo das exigências das ordens de fabrico e o roteiro de produção.

O módulo de Inventário potencia a gestão de todo o inventário existente na fábrica, permitindo declarar consumos e produções nos diferentes postos de fabrico. Estas declarações podem ser manuais ou automáticas dependendo do nível de automação e não apenas da matéria-prima e produto final, mas também de produtos intermédios. Os movimentos de stock realizam-se em tempo real, resultando num controlo mais rigoroso, reduzindo-se o valor do investimento nesta rúbrica.

Na Manutenção, é possível gerir a equipa, as Ordens de Manutenção, assim como a criação automática de ordens de reparação e manutenção a partir dos dados recolhidos das máquinas, sejam preventivas na utilização dos equipamentos, ou preditivas por recolha e relação de dados a partir de sensores ou autómatos. O módulo de Qualidade é o SPC (Controlo Estatístico do Processo), que também pode ser ligado à automação, caso exista. Este permite recolher dados constantemente do processo e aumentar a capacidade de controlo, mesmo além da sua digitalização.

Por fim, o módulo da Energia, a empresa cria um histórico dos diferentes consumos energéticos, tais como a eletricidade, gás, água ou ar, contextualizando essas mesmas variáveis com as produções realizadas na fábrica. Este controlo vai permitir à gestão realizar diversas análises, potenciando a redução dos consumos das mesmas.

“Resumindo, pretendemos que o nosso sistema seja a única fonte de dados da produção dos nossos clientes e os seus colaboradores apenas terão de lidar com um sistema. Trabalhamos na recolha de informação e criamos ferramentas que permitem a análise, gestão e melhoria das mais diversas rúbricas relacionadas com a produção”, conclui o CEO da empresa.

De salientar que a empresa tem um plano de negócios bem definido e com objetivos ambiciosos, destaca David Tavares, referindo-se como uma área de negócio a explorar a médio/longo prazo, tais como todos os outros projetos das duas organizações que fizeram a parceria. “Temos a humildade de reconhecer que temos de nos adaptar, melhorando alguns dos nossos processos e criando outros novos, que nos permitam trabalhar para o mercado externo”. Refere que o Instituto Kaizen é o melhor parceiro para este projeto, por ser a entidade mais conhecedora das necessidades do tecido empresarial português. “Pretendemos fazer crescer o negócio e a empresa, contratando mais recursos especializados para as várias áreas da empresa e até criando outras necessárias para sustentar o crescimento desejado”.

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