Foram hoje divulgados os vencedores dos prémios Altice International Inovation Award 2023, numa cerimónia que regressou ao Convento do Beato. Este ano, a organização liderada pela Altice Portugal recebeu 116 candidaturas, mas apenas 9 projetos conseguiram chegar à grande final, separadas por três categorias: Academia, Startups e Inclui.
Na sessão inaugurada por Ana Figueiredo, CEO da Altice Portugal, foi destacada a qualidade dos projetos participantes que teriam de subir ao palco para fazer o pitch final dos projetos e ainda responder às perguntas do júri. Cada startup teve cinco minutos para explicar resumidamente a sua proposta.
De recordar que desde a primeira edição dos prémios, que promovem o talento tecnológico e inovação, foram submetidos um total de 616 candidaturas desde 2017. O objetivo dos prémios é promover e reconhecer o empreendedorismo e talento tecnológico, aberto a candidaturas nacionais e internacionais. Através da atribuição destes prémios, a Altice Portugal procura também reforçar o posicionamento nacional no desenvolvimento de inovação a nível internacional, ajudando a divulga-los dentro e fora de portas.
Depois de uma tarde de pitchs finais e as habituais perguntas colocadas pelo júri a todos os candidatos aos prémios, o palco mudou para a cerimónia de entrega dos prémios, com uma plateia bem mais composta do que as sessões de trabalho da tarde. Ana Figueiredo voltou ao palco, destacando a presença da Ministra de ciência, tecnologia e ensino superior, Elvira Maria Correia Fortunato e os diversos parceiros tecnológicos e claro, os finalistas dos prémios AIIA. A líder da Altice Portugal salienta que a empresa tem as condições para ajudar Portugal no desenvolvimento tecnológico, na criação de um ecossistema favorável através dos hubs tecnológicos, a captação de investimento.
Através dos investimentos feitos em Portugal, salientando a cobertura de 93% da rede de fibra ótica e 91% de fibra nas casas dos portugueses, muito superior à média europeia, salientando o papel da Altice Portugal na promoção da tecnologia e no investimento no sector. Tem promovido o ecossistema através de parceiros nacionais e internacionais, na academia, startups e outros players fundamentais no sector. Os prémios AIIA são considerados um dos instrumentos para promover e apoiar os projetos, tanto ao nível de acessibilidade e mobilidade, soluções das empresas e impulsionar a competitividade do país. "Todos devemos ser atores da transformação tecnológica do nosso país", salientou Ana Figueiredo.
O evento começou com a categoria Inclui by Altice, depois de um discurso de Ana Sofia Antunes, Secretária de Estado da Inclusão, que salientou a importância das soluções presentes nos finalistas e como o Governo tem trabalhado para melhorar a vida das pessoas com deficiências ou limitações de mobilidade. O vencedor da categoria foi a Lumen com um projeto focado num headset que oferece características semelhantes a um cão-guia.
Para o prémio Academia, Paulo Firmeza, CEO da Altice Labs, subiu a palco para destacar os protocolos com as universidades, premiando o "melhor que se faz na investigação". O grande vencedor do categoria foi a projeto “Charging the future of EVs Though the Wheel", ligado mobilidade. A solução da empresa utiliza tecnologia incorporada nas rodas dos veículos com capacidade de carregar baterias sem fios.
O prémio especial Born From Knowledge foi entregue por Diogo Araújo da Agência Nacional de Inovação, que está desde a primeira edição associado ao AIIA, para valorizar a tecnologia e conhecimento na academia portuguesa, sejam universidades e politécnicos. O prémio foi entregue a Karion Therapeutics.
Por fim, o grande vencedor dos AIIA, a categoria mais importante, Startups. O vencedor foi anunciado pela Ana Figueiredo e Gil Azevedo da Startup Lisboa. A grande vencedora foi Ana Teresa Maia, da startup expressPIK, uma solução que oferece diagnósticos para tratamentos personalizados no cancro da mama.
O Prémio Startup amealhou um valor monetário de 50 mil euros, a possibilidade de realizar um protótipo para prova de conceito com a Altice Portugal, assim como o acesso aos serviços de incubação da Startup Lisboa. O Prémio Academia foi de 25 mil euros e o Inclui ofereceu 20 mil euros ao vencedor.
Ana Figueiredo guardou para o fim um prémio surpresa, destacando a aproximação da Altice Portugal às academias e o apoio que tem dado aos estudantes, através da Altice Labs em Aveiro. A CEO da Altice Portugal salientou o papel de Alcino Lavrador na empresa, que recentemente abandonou o cargo, assumido por Paulo Firmeza. Durante mais de 15 anos ajudou a comunidade académica e a ponte com as empresas. Nesse sentido, Ana Figueiredo anunciou o prémio Alcino Lavrador para os estudantes universitários, que começará a ser entregue nos AIIA a partir de 2024 em homenagem ao ex-CEO da Altice Labs.
Elvira Fortunato encerrou o evento dos prémios com um discurso voltado para a importância de transformar o conhecimento em inovação. Destacou as 53 agendas mobilizadoras, com um capital de investimento, num momento bastante rico para se investir até 2026 nas iniciativas do PRR. O seu discurso focou-se na importância da academia e deixando uma palavra à Altice Portugal pela iniciativa dos prémios AIIA. Salienta os produtos "fantásticos" que as startups estão a construir em Portugal. E reforça que ainda "se encontram genes daquilo que fomos há 500 anos".
Salientou ainda as "más notícias" de que 128 mil jovens qualificados tinham "desaparecido" de Portugal que rodaram nas notícias. Mas na verdade, os números deram conta de mais 78 mil jovens qualificados que afinal ficaram mesmo no país, segundo números oficiais do INE.
Veja na galeria imagens do Altice International Inovation Award 2023:
Os finalistas da categoria Inclui by Fundação Altice
A Lumen foi a primeira a apresentar o seu projeto, que pretende ajudar pessoas cegas. Cornel Amariel explicou que existem 40 milhões de pessoas cegas e este número vau aumentar para 100 milhões em 2050. Dependendo de cães-guia ou bengalas, a startup pretende oferecer um headset Lumen que replicam exatamente as funcionalidades do animal de companhia.
Trata-se de um produto de tecnologia medica escalável, que utiliza os mesmos sistemas de condução autónoma, robótica e IA. As pessoas cegas podem compreender o ambiente através do headset, ajudando-as a viajarem e a explorem o mundo, basicamente vivendo de forma independente. O produto está previsto chegar ao mercado no segundo semestre de 2024 e terá um preço projetado de 4.999 euros.
O segundo projeto da categoria Inclui foi Mobbis, apresentado por David Verde. Esta solução foca-se em tornar a mobilidade mais inclusiva para pessoas com limitações físicas, incluindo espetro de autismo, deficiências visuais, utilizadores de cadeiras de rodas, mulheres grávidas e idosos. Este projeto recomenda rotas acessíveis e personalizadas, tendo em conta as limitações específicas de mobilidade, ajudando a evitar obstáculos, aumentado a segurança, independente e autonomia.
Os sistemas de transporte vão ser integrados na aplicação para os percursos mais longos. A empresa está a criar uma versão estável e novas funcionalidades, espera em breve expandir para todas as cidades de Portugal e futuramente um lançamento internacional.
Por fim, a Zoomguide, projeto “repetente” da última edição dos AIIA, voltou este ano à grande final. A ferramenta é um guia capaz de reconhecer, através de inteligência artificial, o ambiente em redor do utilizador e fornecer conteúdos multimédia relevantes, sem a necessidade de usar códigos QR ou outros “triggers”, para utilizadores com necessidades especiais. Seja a explorar um museu ou uma cidade, não será necessário instalar outras aplicações, para aceder às histórias dos locais.
O objetivo da startup é dar a descobrir o património cultural do país de forma imersiva, interativa e acessível, assim como fornecer aos museus e cidades ferramentas digitais para criar experiências capazes de gerar fluxos de receitas adicionais e atrair novos públicos. O seu modelo de negócio é B2B, com o objetivo de ser disponibilizado para todos os utilizadores pelos parceiros da Zoomguide, referiu Afonso Cunha.
O pitch final dos finalistas do prémio Academia
As terapias alternativas e pioneiras para o combate ao cancro estiverem presentes num terço dos finalistas. E a BreastScreening-AI também se dedica ao diagnóstico do cancro da mama recorrendo a inteligência artificial. O sistema pretende responder a dois desafios críticos da medicina moderna: a escassez de dados médicos atualizados e a necessidade de uma tomada de decisões através de IA transparente.
O projeto pretende oferecer explicações claras, reduzir para três minutos os resultados dos testes, assim como diminuir os falsos negativos. O BreastScreening, que detêm duas patentes tecnológicas, pretende aumentar a precisão do diagnóstico, assim como promover a confiança entre os médicos e a IA. A empresa tem parcerias estabelecidas, como a UPMC, a AWS e a Siemens Healthineers, que já integra o sistema na sua tecnologia de imagiologia. A empresa vai começar a disponibilizar o produto em 2026.
Seguiu-se o projeto “Charging the future of EVs Though the Wheel", ligado mobilidade. A solução da empresa utiliza tecnologia incorporada nas rodas dos veículos com capacidade de carregar baterias sem fios. A tecnologia de carregamento wireless, que já se vê nos smartphones e smartwatchs, por exemplo, pretende ser aplicada aos automóveis elétricos.
A tecnologia utiliza dois acopladores magnéticos (ORMC e IRMC) para fazer a transferência de energia entre o exterior e o lado do veículo. A empresa destaca níveis de carga acima dos 3kW e eficiência acima dos 97%.
Por fim, o projeto “Methods for Improving Generalizability and Robustness of Medical Imaging AI Models” também se foca no rastreio e diagnóstico para o tratamento de doenças. O objetivo é utilizar IA para a visão computacional para melhorar os cuidados médicos, reduzir a carga dos radiologistas e melhorar a eficiência dos sistemas nacionais de saúde.
O projeto propõe acelerar a adoção de modelos de IA nos cuidados de saúde, focando-se em especial com dados não vistos anteriormente, através de Deep Learning.
Os três finalistas do prémio Startups
A primeira startup a subir ao palco para o pitch final foi a expressPIK. A sua solução oferece diagnósticos para tratamentos personalizados no cancro da mama. Este faz um teste que identifica quais as mulheres que possuem determinada mutação genética para uma aplicação de terapia mais personalizada e direcionada à raiz do problema.
Segundo Ana Teresa Maia, existe um grande número de tratamentos errados para este cancro. Os tratamentos têm como alvo as proteínas, mas para primeiro é preciso criar o ADN respetivo. E diz que muitos dos problemas passam por muitos pacientes estarem a ser “enganados” com os tratamentos que recebem. O objetivo é testar os tratamentos baseados em RNA. A empresa já foi reconhecida por Bruxelas e espera ter um protótipo em 2024. Destaca que o prémio, caso viesse a vencer, ajudaria a acelerar o processo de prototipagem da sua solução.
Seguiu-se a Karion Therapeutics, uma startup que também se foca numa solução para o combate ao cancro. Neste caso, o seu foco é o desenvolvimento de terapias inovadoras e disruptivas, prometendo ser eficazes e seguras para cancros agressivos. O projeto foca-se numa molécula para tratar o cancro, que segundo a startup pode beneficiar das vantagens associadas à designação de “medicamente órfão” que são regulamentares e relacionados com os requisitos necessários para os ensaios humanos.
Nas contas apresentadas, 90% dos pacientes morrem ao fim de cinco anos, depois de diagnosticados com cancro. O sistema da molécula KT408 é mais eficaz que outras no mercado, aumentando a probabilidade de sobrevivência dos pacientes. A solução ataca diversas áreas do cancro e não apenas uma de cada vez como os tratamentos tradicionais.
Por fim, a Tympulse Medical, que se foca numa nova tecnologia para a reparação rápida e eficaz de membranas timpânicas que tenham sido danificadas. Considerando que anualmente as perfurações não resolvidas são responsáveis por 6% dos 35-330 milhões de infeções em todo o mundo, atingindo cerca de 11 mil crianças e 20 mil adultos por ano, apenas nos Estados Unidos.
Atualmente, a cirurgia de timpanoplastia é a única opção de tratamento, com os seus riscos associados. A solução da Tympulse Medical pretende diminuir os passos necessários ao tratamento das perfurações, diminuindo o tempo e o desconforto ao doente, de três horas para 30 minutos, além diminuir as infeções associadas às cirurgias. Espera obter aprovação nos Estados Unidos em 2027 e da União Europeia em 2028, esperando chegar ao mercado antes do final da década.
Os nove finalistas das três categorias defenderam os seus projetos perante o Grande Júri, composta pelos seguintes nomes:
- Ana Figueiredo, CEO, Altice Portugal (Presidente do Júri)
- Alcino Lavrador, Consultor de Tecnologia e Inovação
- Anabela Pedroso, Ex-Secretária de Estado da Justiça
- Diogo Araújo, Diretor, Agência Nacional de Inovação
- Gil Azevedo, Diretor Executivo, Startup Lisboa
- Luís Santana, Manager, Cofina
- Miguel Castro Neto, Diretor, NOVA IMS, Universidade Nova de Lisboa
- Pedro Santa Clara, Diretor, TUMO-Coimbra e Escola 42
- Teresa Salema, Fundação Altice
- Paulo Firmeza, Diretor Geral da Altice Labs
Nota de redação: Notícia atualizada com mais informação. Última atualização 20h50.
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