O novo governo de Donald Trump pretende continuar o trabalho de escrutínio das grandes empresas tecnológicas dos Estados Unidos sobre a posição de monopólio nos sectores onde operam. Na passada sexta-feira, o Departamento da Justiça anunciou que desistiu da proposta de obrigar a Alphabet, casa-mãe da Google, a vender os investimentos que fez em empresas de inteligência artificial, onde se inclui uma posição na Anthropic, para que aumentasse a concorrência na pesquisa online, avança a Reuters.

Obrigar a Google a vender a sua posição nos investimentos feitos nas empresas de IA seria uma estratégia dos reguladores da concorrência para acabar com o monopólio visto como ilegal da pesquisa online. Ainda assim, a gigante tecnológica ainda tem de se preocupar com a possível venda do seu browser Chrome, uma vez que o Departamento da Justiça e uma coligação de procuradores gerais de 38 estados procuram levar a Google a tribunal, segundo a ação legal. Esta faz parte de um grupo de medidas para combater a posição de monopólio da pesquisa da empresa.

A ação refere que os americanos habituaram-se a pesquisar através do motor da Google, mas a empresa é acusada de “negar os utilizadores a um valor básico americano, a capacidade de escolher no mercado os serviços mais competitivos”. Lê-se ainda que a conduta ilegal da Google criou um Golias económico, que causa destruição no mercado para garantir que ganhe sempre.

A Reuters cita um porta-voz da Google que as propostas continuam a ir muito além da decisão do tribunal e podem causar problemas aos consumidores americanos, economia e segurança nacional.

A Google investiu, no início de 2025, mais de mil milhões de dólares na startup Anthropic, a empresa responsável pelo modelo de IA Claude, que recentemente foi atualizado com ferramentas de pensamento ponderado e capacidade de programar. A startup mostrou a sua preocupação em fevereiro sobre a possibilidade da Google ser obrigada a sair do seu negócio, dizendo que perder esse investimento daria uma vantagem competitiva à OpenAI e à Microsoft.

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Os procuradores-gerais chegaram, entretanto, à conclusão que banir a Google dos investimentos em inteligência artificial poderia causar consequências não intencionais no espaço da IA. Em vez de proibir a Google de investir em IA, esta deve ser obrigada a informar com antecedência os investimentos futuros que faça na tecnologia de inteligência artificial generativa.

No que diz respeito à venda do Chrome (e do Android), de recordar que a Google em dezembro já tinha apelado às propostas, referindo que essas medidas fariam perder os acordos com a Apple. A pesquisa da Google continua a ser pré-definida no browser Safari da Apple e a empresa da maçã não tem intenções de criar o seu próprio motor de pesquisa.