A incerteza colocada pela guerra na Ucrânia e a inflação global têm sido catalisadores de grandes mexidas na indústria tecnológica. As grandes empresas tecnológicas passaram um período durante a pandemia de grandes contratações, mas neste momento são os despedimentos que fazem as manchetes. Ainda esta semana o Facebook confirmou o despedimento de mais 10 mil funcionários, depois das 11 mil dispensas executadas no final de 2022.
Apesar deste panorama, a Manpower Group apresentou o estudo Employment Outlook Survey, em que demonstra uma expetativa mais otimista para o segundo trimestre de 2023. Através de um inquérito feito ao mundo empresarial, as previsões de contratação são otimistas, sobretudo em sectores como os serviços de comunicações, TI, energia e utilities.
Em Portugal, o reforço será feito, sobretudo pelas micro e pequenas empresas, que pretendem contratar. A Manpower Group diz que um menor pessimismo em relação à inflação e a previsão de algum dinamismo económico para os próximos meses “provocaram uma evolução positiva nas perspetivas de contratação das empresas nacionais”.
No estudo, 50% dos empregadores contam manter o atual número de colaboradores no próximo trimestre. Mas 32% pretendem recrutar, contra os 16% que antecipam reduzir as suas equipas. A especialista indica que há uma projeção para a criação líquida de emprego de 16% para o segundo trimestre do ano, valor esse que diz ter sido ajustado sazonalmente e refletindo uma subida de 4% face aos primeiros três meses de 2023. Ainda assim, a projeção tem uma descida de 13% quando comparado com o mesmo período homólogo do ano anterior, quando Portugal começa a sair do contexto da crise pandémica.
Veja na galeria mais dados sobre o estudo:
Estes valores colocam Portugal abaixo da média global, assim como da região EMEA. Apenas oito países deste território têm perspetivas de contratação mais pessimistas, entre eles a Espanha, Grécia e Hungria.
“Apesar desta perspetiva desfavorável, os primeiros meses do ano permitiram à economia, nomeadamente a nacional, manter-se mais estável do que o esperado: a crise energética na Europa não se concretizou com a intensidade prevista e a inflação, apesar de elevada, parece tender a estabilizar. Esta conjuntura traz agora alguma esperança aos empregadores, que entram no segundo trimestre de 2023 com um maior otimismo nas intenções de contratação.”, explicou Rui Teixeira, Country Manager do ManpowerGroup Portugal.
Além dos sectores referidos com bom otimismo de contratação, os Bens e Serviços de Consumo são as áreas que mais esperam empregar neste segundo trimestre. E há uma projeção mais forte para a área do Grande Porto (+29%), embora todas as regiões de Portugal apresentem previsões favoráveis na evolução de contratações. Apenas a região centro é que está a evoluir negativamente neste período, ou seja, existem um abrandamento quando comparado com o período homologo de 2022. A Grande Lisboa e a região sul ambas têm uma projeção de mais 16%.
As microempresas são as que assumem uma maior perspetiva de contratação, com uma projeção de 25%, um aumento de 11% face ao ano passado, mas também em relação ao trimestre anterior. As empresas de Pequena Dimensão apresentam uma projeção de mais 20%, igualmente um crescimento de 9% face ao início de 2023. As grandes empresas e médias empresas apresentam também projeções favoráveis, neste caso de 13 e 11%, respetivamente, face ao trimestre anterior. Apesar de uma direção positiva para 2023, o estudo afirma que quando comparado com o mesmo período de 2022, estas duas dimensões de empresa baixaram 19% e 17% para as Grandes e Médias empresas, respetivamente.
Olhando para o panorama global de contratação, há uma intenção estabilizada, registando projeções positivas em todos os países, em cerca de 23% face ao trimestre anterior. Mas quando comparado com o ano passado, essas projeções descem 6%. Na região EMEA, os Países Baixos, Noruega e Suíça apresentam as intenções mais positivas, todos com 31%. Já Portugal é o 15º da lista, registando 2% abaixo da média da região.
Para este estudo trimestral, a ManpowerGroup realizou entrevistas a mais de 38 mil empregadores, em 41 países e territórios.
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