A Electronic Entertainment Expo (E3) foi durante mais de duas décadas o principal palco para o anúncio de novas consolas, videojogos e tudo o que fosse relevante para a indústria de gaming. Mas a organizadora Entertainment Software Association (ESA) decidiu anunciar que a E3 está oficialmente encerrada e não será mais realizada.
Nos últimos anos, o evento realizado em Los Angeles foi perdendo fôlego e alguns dos principais expositores deixaram de marcar presença, como foi o caso da Sony PlayStation em 2019. A gigante nipónica trocou a presença física na E3 por um evento próprio digital, conhecido como State of Play. A Nintendo já tinha introduzido o formato em 2011, através do seu Direct, ficando fora das conferências, embora mantivesse a sua ativação no evento.
A ausência da PlayStation daria um sinal à indústria que a E3 havia deixado de ser o principal palco para apresentar as novidades. E 2019 acabou por ser o último ano em que se realizou o evento. Nesse mesmo ano, a ESA sofreu um ataque através de uma vulnerabilidade no seu website, sendo expostos online mais de 2.000 profissionais registados na E3, incluindo jornalistas, analistas e criadores de conteúdo. Foram expostos dados pessoais, tais como email, moradas e números de telefone.
A pandemia em 2020 obrigou ao cancelamento de todos os eventos físicos e este seria o primeiro ano que a E3 não se realizou. A ESA cancelou prontamente o evento que deveria realizar-se em julho, devido à incerteza da evolução da pandemia. O digital passou a ser palco dos principais eventos, mas ao contrário da Gamescom, feira com dimensões semelhantes realizada em Colónia, na Alemanha, a E3 tentou, mas nunca conseguiu adaptar-se ao formato nesse ano. O Summer Game Fest estreou-se em 2020 e passou a ser uma das referências dos eventos de gaming em formato digital, estabelecendo uma ponte para o Open Night Live da Gamescom.
Em 2021, com o mundo ainda a “meio-gás” devido à pandemia, a ESA realizou uma E3 exclusivamente digital, assim como a Gamescom. E 2022 ditaria o terceiro ano consecutivo sem edição física, prometendo mais um evento digital em janeiro, mas cancelado logo a seguir em abril, referindo que 2023 seria o ano do grande regresso aos palcos físicos, com planos para formato presencial e digital. O objetivo da ESA era dividir os dias entre a visita do público em geral e a indústria dos videojogos.
Mas o primeiro sinal que a saúde da E3 não tinha recuperado da COVID-19 foi quando as três principais fabricantes de consolas Sony, Microsoft e Nintendo anunciaram a sua ausência. E como seria de antever, a organização cancelou mais uma vez a edição de 2023, referindo que não foi reunido o interesse necessário para que “fossem executados com a grandeza, a força e o impacto que a indústria merece”.
A mensagem de cancelamento da edição de 2023, que seria organizada em parceria com a ReedPop, responsável por vários eventos, como a PAX e a Comic Con nos Estados Unidos, foi a última comunicação na página da rede social X. Até à derradeira despedida, onde se lê: “Depois de mais de duas décadas de E3, cada uma maior que a anterior, chegou a hora de dizer adeus. Obrigado pelas memórias”, seguindo-se pelo “jargão” de gaming GGWP (Good Game, Well Played), uma forma de saudação em forma de despedida que se faz no fim das partidas online.
Em declarações ao The Washington Post, Stanley Pierre-Louis, CEO da ESA, disse que "é difícil dizer adeus a um tão amado evento, mas é a coisa certa a fazer considerando as novas oportunidades que a nossa indústria tem para alcançar fãs e parceiros". Palavras certamente para os eventos digitais criados pelo jornalista e ex-colaborador da E3, Geoff Keighley, que organiza o Summer Game Fest, o Gamescom Open Night Live e o The Game Awards.
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