A NextBITT é uma empresa portuguesa com sede em Lisboa que atua na área de Assets Management, Facilities Management e outros serviços baseados em gestão de ativos. Foi fundada em outubro de 2015 por Miguel Salgueiro, André Calisto e Pedro Morais, assumindo desde início uma estratégia com olhos postos na internacionalização.
“Desde que inaugurámos a empresa conseguimos adicionar 30 novos clientes, destacando os últimos três contratos com subsidiárias de multinacionais, com o intuito de nos internacionalizarmos”, salienta Miguel Salgueiro, cofundador em entrevista ao SAPO TEK. Um dos pilares da NextBITT é a Vodafone, um dos clientes mais antigos cujos edifícios da sede de Lisboa e Porto, assim como toda a rede de lojas, são geridos pela empresa.
A Heineken Central de Cervejas e o grupo ADEO, que incluem o Aki/Leroy Merlin, são marcas com grande expressão a nível internacional que adotaram a solução da NextBITT. A estratégia é obter sucesso em Portugal e depois replicar para os outros países. “Em alguns casos, quando contratam a nossa solução esta já foi testada noutros países”, esclarece Miguel Salgueiro.
Mas em termos práticos qual é o papel da solução Nextbitt na gestão de ativos dos seus clientes? O objetivo da empresa é gerir tudo o que é operacional e transversal, ou seja, tudo aquilo que não é o seu negócio “core”, e não só na área de asset management, mas também facilities management, tais como a monitorização de energia, a temperatura, humidade, e outras soluções ligadas à IoT.
Por outro lado, presta-se a cadastrar edifícios ou ativos das empresas dos seus clientes, assim como gerir os seus SLA com os prestadores de serviços. “Intervimos desde o requisitante interno, medindo o tempo sobre o pedido, por exemplo, de um catering para uma ação comercial, até o evento ficar 100% concluído”, explica o responsável. Todo o processo é gerido pela plataforma da NextBITT.
Para dar um exemplo mais concreto, na Vodafone são geridos todos os prestadores de serviço que interagem com a rede composta por 400 lojas a nível nacional, em projetos com manutenção de edifícios, as chamadas facilities que incluem a limpeza e segurança, a jardinagem e o catering. Mais recentemente, a empresa obteve projetos relacionados com a sensorização de edifícios, onde é necessário medir o consumo de energia, por exemplo.
NOVOS DESAFIOS
Recentemente a NextBITT ganhou clientes como a Federação Portuguesa de Futebol, a Prio e a Navigator e na semana passada foi fechado o contrato com a Griner, uma construtora angolana, tornando-se oficialmente o primeiro cliente internacional na sua estratégia.
As novas instalações da Federação Portuguesa de Futebol em Oeiras são compostas por edifícios inteligentes, com diversas eletrónicas e sensorização, e são um cliente primordial para a NextBITT mostrar ao mundo a sua tecnologia: “a Federação é visitada por muitas federações do mundo inteiro que vêm assistir ao seu caso de sucesso”, refere Miguel Salgueiro. A Federação tem tudo controlado dentro das suas instalações, tendo a necessidade de requisitar uma plataforma de asset management, que não só tivesse o cadastro de todos os equipamentos técnicos, como as máquinas de ar condicionado, a monitorização das energias e das águas devido às condições que os campos têm de ter permanentemente.
Segundo explicou ao SAPO TEK, todas as soluções de IoT disponíveis são fornecidos com o respetivo software acoplado. O problema que isso coloca aos clientes é a quantidade de programas que têm de lidar para gerir os dispositivos. É nesse sentido que a solução da NextBITT entra em ação, ao integrar numa única plataforma diverso software de IoT, acessível através de um portal.
Embora a empresa não construa de raiz soluções personalizadas, a sua solução única vai sendo enriquecida pelas transformações geradas na adaptação aos seus clientes. Segundo o cofundador, uma das principais vantagens do serviço é a utilização da Cloud, neste caso a Azure da Microsoft. A plataforma garante um número de utilizadores flexível e dinâmico, mediante a necessidade dos clientes, sem que a empresa tenha de reforçar a tecnologia do seu lado, explica. “Mesmo a faturação do cliente, ou seja, dos custos que ele tem também é dinâmico, pois hoje pode ter 50 pessoas a trabalhar na plataforma, amanhã 500, pagando só pela utilização”.
A empresa gere ainda os ativos dos seus clientes, como por exemplo as máquinas de cerveja da Heineken, ou o recente contrato com a Delta visando as suas máquinas de café espalhadas pelo país. Os técnicos de manutenção, através de qualquer smartphone Android utilizam a app da NextBITT sem a necessidade de voltar ao escritório para receber ordens de trabalho (ou tickets de manutenção) numa base diária. As tarefas concluídas são igualmente reportadas através do software.
Numa fase mais avançada as próprias máquinas podem passar a ter etiquetas de leitura baseadas em NFC. “Temos clientes que querem a garantia de que um técnico esteve numa determinada máquina. Basta para isso juntar o smartphone à etiqueta NFC e automaticamente fica a garantia de que o técnico esteve presente em determinada data e hora para fazer uma intervenção”, explicou o gestor. Este sistema é válido para qualquer máquina que os clientes desejem monitorizar, sejam sistemas de ar condicionado, ou na receção dos edifícios, sendo o objetivo eliminar qualquer tipo de papel durante o processo, pois tudo fica integrado na plataforma.
Segundo o responsável pela NextBITT, a crise de 2008 levou as empresas a olharem com atenção para todos os custos que tinham e ficaram surpreendidas com as despesas relacionadas com as limpezas, manutenções e a segurança, que podiam chegar aos 30-50%. A necessidade de controlar estes custos levou à procura de soluções como a da NextBITT. Esta torna mais transparente a interação entre o cliente e os seus respetivos prestadores de serviços.
“De que adianta eu fazer um grande contrato de manutenção, sejam de dois ou quatro anos, se mensalmente não controlar a atividade do que é ou não feito ou quando e como foi feito. Ou porque é que em 20 máquinas de ar condicionado distribuídos no mesmo prédio, porque é que há uma que avaria sempre?” questiona o empresário, referindo que a sua solução ajuda os clientes a decidirem se devem reparar ou substituir os equipamentos, ou se devem optar por um ou outro modelo ou marca.
Todas as operações são monitorizadas em tempo real através da app da NextBITT, que funciona online, mas também em condições offline (já que muitos locais onde opera podem não ter rede), sendo depois a informação sincronizada.
Questionada sobre os objetivos para 2018, Miguel Salgueiro mostrou-se bastante satisfeito com o que a empresa já alcançou primeiro trimestre ao nível da faturação, superando largamente os objetivos traçados para o ano inteiro.
“Foram atingidos 80% do volume do ano passado e a estimativa para 2018 é mais que duplicar a faturação de 2017”.
A completar os dois anos e meio, a empresa tem 15 colaboradores e conta com uma extensa lista de clientes para além das já referidas, como a Brisa, EDP, Grupo Trivalor, a Altice, a NOS, a Transtejo e a Fundação Champalimaud, para referir alguns. Desde a sua existência que a NextBITT é parceira da Microsoft, que permitiu a abertura de várias portas com os seus clientes, mas “hoje em dia, felizmente, já há clientes que nos telefonam para saber como a nossa solução funciona”, destaca Miguel Salgueiro.
A empresa está a fechar mais dois projetos na área da banca em Angola, para além da Griner, mas tem em vista outros negócios já orçamentados para a Roménia e Londres. No seu pipeline contam ainda com cinco grandes projetos em concurso, dos quais quatros já passaram à fase final juntamente com a IBM, um dos líderes do setor. Preciosas alavancas para o seu plano de expansão internacional…
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