A Apple removeu da loja de aplicações do iPhone a app ICEBlock, que partilhava informação sobre locais de atuação dos serviços de imigração americanos (U.S. Immigration and Customs Enforcement). A aplicação tem sido uma das principais ferramentas de quem está contra a política de imigração da Administração Trump para boicotar as ações de fiscalização da polícia, permitindo avisos em tempo real sempre que são detetadas ações dos agentes em determinada zona.

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A app foi retirada da loja oficial da Apple a pedido do Governo federal, numa solicitação pouco comum e que está a causar polémica. Foi a própria Apple que emitiu um comunicado depois de cumprir a ordem, a informar que esta e outras aplicações usadas para o mesmo fim tinham deixado de estar disponíveis e a justificar os motivos da decisão. “Com base nas informações que recebemos das autoridades policiais sobre os riscos de segurança associados ao ICEBlock, removemos essa e outras aplicações semelhantes da App Store”, diz a nota citada pela Reuters.

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No mesmo dia, também a Google removeu aplicações para o mesmo fim, adiantando que o fez por violarem as políticas da plataforma. Não foi esclarecido se essa conclusão foi acelerada por algum pedido da Administração Trump. A app ICEBlock, no entanto, não chegou a estar disponível na Play Store do Android.

O Departamento de Justiça norte-americano entretanto já veio explicar que a informação veiculada por estas apps pode aumentar o risco de agressões aos funcionários dos serviços, que têm feito rusgas frequentes em várias cidades americanas para identificar e deter imigrantes ilegais.

“O ICEBlock foi concebido para colocar os agentes do ICE em risco apenas por fazerem o seu trabalho, e a violência contra as forças da ordem é uma linha vermelha intolerável que não pode ser ultrapassada”, detalha uma declaração da procuradora-geral Pam Bondi.

Aplicações como a ICEBlock têm ganho força nos Estados Unidos. São suportadas por movimentos de cidadãos e organizações de defesa dos direitos humanos que querem proteger comunidades e evitar aquilo que consideram ser abusos na política de imigração e deportações da atual administração. Além das aplicações, outras ferramentas digitais têm sido usadas para lançar avisos sobre os raides das autoridades, como grupos de chat em aplicações de mensagens.

Promotores destas iniciativas já garantiram que vão recorrer à justiça para tentar inverter a proibição de apps como a ICEBlock. Seis especialistas contactados pela agência Reuters entendem que os argumentos do Governo Federal podem não vingar, uma vez que a vigilância do ICE e de outros organismos públicos é amplamente protegida pela Constituição dos EUA, desde que isso não sirva para obstruir a aplicação da lei.