Os rumores acerca da entrada da Apple no mercado dos automóveis corriam há já muito tempo, envoltos numa aura de mistério, e esperava-se que a empresa da maçã apostasse no lançamento de um veículo elétrico e totalmente autónomo. Mas o projeto chegou ao fim sem que o Apple Car se materializasse. O que falhou?
A decisão pode ter sido abrupta, mas não terá sido propriamente uma surpresa. Ao longo dos últimos 10 anos, o projeto passou por várias mudanças, seja no design do veículo como nas suas possíveis especificações, mas também por inúmeros desafios, incluindo na liderança e na concretização de parcerias relevantes, revela a Bloomberg, que teve acesso a fontes com conhecimento na matéria.
Ao todo, estima-se que o projeto do Apple Car tenha custado, em média, quase mil milhões de dólares todos os anos, um valor ao qual acrescem os gastos na casa dos milhões com equipas de investigação e desenvolvimento em áreas como chips, sensores e software.
A ideia do desenvolvimento de um automóvel remonta ao final dos anos 2000 e terá partido de Steve Jobs, que acreditava que a empresa deveria ter tecnologias dominantes em todos os espaços onde os consumidores passavam mais tempo, seja em casa, no trabalho ou nas deslocações entre ambos.
A ideia de comprar a General Motors, numa altura em que as fabricantes de automóveis estavam a ser seriamente afetadas pelas crise financeira de 2008, surgiu como uma possibilidade, mas foi rapidamente abandonada, até porque a empresa precisava de se concentrar no desenvolvimento do iPhone.
Já em 2014, enquanto a Apple procurava novas formas de aumentar as suas receitas, com Tim Cook na liderança, o desenvolvimento de um automóvel ganhou mais força. Para quem a apoiava, a proposta tinha potencial, mesmo que a tecnológica estivesse a entrar tarde neste mercado.
Os primeiros protótipos do Apple Car seguiam uma abordagem mais “tradicional”, mas a empresa começou depois a seguir uma nova direção: criar uma espécie de “sala de estar” sobre rodas, onde as pessoas não se tinham de preocupar com a condução e onde poderiam se dedicar a trabalhar ou a entreter-se.
Na altura, a Apple considerou mesmo comprar a Tesla, mas Tim Cook acabou por pôr um fim a um possível negócio enquanto as negociações ainda estavam numa fase inicial.
Apesar disso, as ambições para o desenvolvimento de um automóvel próprio não arrefeceram e a empresa deu “luz verde” aos seus executivos para reunirem uma nova equipa, com centenas de engenheiros, que se iria dedicar ao que mais tarde ficou conhecido como Project Titan.
Nesta fase, o objetivo era fazer com que o Apple Car chegasse ao mercado até 2020. Apesar dos conflitos internos, tanto entre executivos da Apple como na equipa responsável pelo projeto, sobre as capacidades do futuro automóvel, sobretudo quanto ao seu nível de autonomia, surgiu um novo design para o modelo, ao estilo microbus.
À medida que a equipa do projeto explorava uma variedade de designs para o exterior e interior do automóvel, a gigante tecnológica continuou a tentar avançar com parcerias, mas sem grande sucesso.
A ideia de abandonar o projeto já começava a ser discutida em 2016, altura em que os executivos da empresa questionavam a sua viabilidade. Com a entrada de Bob Mansfield, o projeto parecia ter ganho novo “fulgor”, se bem que com várias mudanças e até cortes significativos na equipa de engenheiros.
Mais tarde, após a saída de Bob Mansfield, a Apple tentou uma nova mudança nos comandos do projeto, que resultou, em 2021, na saída de Doug Field, que fazia parte do projeto desde 2018 e que liderava a equipa do mesmo. Kevin Lynch assumiu o lugar deixado.
Num “salto” temporal até 2023, a empresa da maçã apostou em mais mudanças no design e no sistema de condução autónoma, que estaria ao mesmo nível da atual versão do Autopilot da Tesla. Sem um produto que tivesse grande diferenciação em relação a outras opções no mercado, no início de 2024, Tim Cook começou a considerar seriamente o encerramento do projeto, algo que se viria a concretizar em fevereiro.
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