O governo alemão terá bloqueado dois investimentos de empresas chinesas no país na área dos semicondutores, um domínio onde a Europa está a investir em força para trazer de volta para a região uma maior fatia do mercado mundial de produção de chips.

A decisão terá por base preocupações com a segurança nacional, o mesmo motivo que está na base das duras medidas que os Estados Unidos têm vindo a implementar contra a China, mas neste caso, em diferentes quadrantes.

Já assumido publicamente foi o bloqueio à compra da Elmos pela Silex, que é sueca mas que é também uma subsidiária do grupo chinês Sai Microelectronics. A Elmos opera na Alemanha através de uma fábrica de semicondutores em Dortmund.

A Sai já comentou a decisão do governo alemão, lamentando-a. O ministro da economia alemão também falou no assunto, para dizer que “é preciso olhar com atenção para as operações de aquisição que envolvem infraestruturas críticas, ou o risco de fazer fluir tecnologia para compradores de países não europeus”.

A posição alemã sobre este tema é relativamente nova, ou pelo menos mais vincada desde o início do conflito Rússia-Ucrânia, que expõs a enorme dependência energética do país face à Rússia.

Robert Habeck acrescentou ainda à declaração, citada pela Reuters, que este cuidado deve ser “especial no sector dos semicondutores onde é importante proteger a soberania económica e tecnológica da Alemanha e da Europa”. O responsável ainda frisou que a “Alemanha é e continuará a ser um destino de investimento aberto, mas também não somos ingenuos”.

A Reuters acrescenta às confirmações já confirmadas oficialmente que o executivo alemão também travou um investimento chinês noutra empresa local, a ERS Electronic. Aqui não estaria em causa a venda total do negócio, mas um investimento de um fundo chinês, admitiu já fonte da companhia.

Os Estados Unidos têm em vigor fortes restrições para empresas chinesas, tanto no acesso a tecnologia desenvolvida no país, como a nível financeiro, medidas que têm vindo a ser reforçadas.