Nos anos mais recentes, as startups absorveram milhares de milhões em capital de investidores entusiasmados com as oportunidades de crescimento dos unicórnios e potenciais unicórnios. O ambiente macroeconómico desacelerou os investimentos e encolheu as valorizações das empresas.
Albert Wenger, managing partner at Union Square Ventures, que nos últimos 20 anos investiu numa centena de startups foi uma dos convidados a pisar o palco central no primeiro dia da Web Summit e admitiu ali que 2021 foi um ponto de viragem no universo do capital de risco e da lógica de financiamento às startups. E disse mais, muito do dinheiro investido nesse ano - onde se bateram recordes de investimento - em empresas com valorização muito elevadas, não será recuperado por quem o investiu.
O mercado mudou e a sobrevalorização das startups ficou lá, ainda que o capital não falte. O investidor acredita que o capital existe e chega para financiar tanto as startups que querem criar colónias em Marte, como aquelas que têm propostas para ajudar a endereçar a crise climática.
O problema, defendeu, é que mais importante do que fazer tudo, é preciso fazer de forma eficaz, dedicar recursos e esforço para obter resultados e, na sua opinião, a prioridade é a crise climática, onde a grande tendência do momento, a inteligência artificial, pode dar um contributo muito relevante.
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“Há muito que a IA pode fazer no combate às alterações climáticas”. Foco, tolerância ao erro e reconhecer que há muito a aprender no percurso são do que mais precisamos para avançar na direção das respostas que se querem encontrar na tecnologia.
“A IA não é um clube de futebol. Não temos de escolher uma equipa”, lembrou Albert Wenger a quem se apressa a escolher, sublinhando que provavelmente os dois vão errar. “As pessoas tendem a escolher os extremos” e provavelmente o futuro vai mostrar que nenhum deles tem as melhores respostas.
O que para Wenger já é certo é que evolução tecnologia e privacidade serão dois elementos cada vez mais difíceis de conciliar na mesma equação. “Se queremos realmente inovação há algo de que vamos ter de abdicar que é a privacidade”, uma opinião assumidamente polémica e partilhada a propósito do futuro da IA e dos desenvolvimentos em torno disso.
A inteligência artificial é uma das áreas onde a Union Square Ventures tem vários investimentos, mas Albert Wenger quis assumir-se claramente como um adepto da evolução tecnológica para melhorar as capacidades humanas e não para substituí-las.
“Gravamos música há muito tempo e ainda assim continuamos a gostar de ir a concertos porque há uma ligação entre nós e o artista”, sublinhou. “A automação tem valor para melhorar tanto quanto possível as capacidades humanas e valorizá-las”.
Outra das áreas de investimento que tem sido privilegiada pela Union Square Ventures é a do conhecimento (formação e educação). A Duolingo é uma das participadas da sociedade capital de risco. Esta área da formação/educação é outra onde a IA pode ter um papel determinante, acredita o investidor, que no futuro antecipa que cada pessoa possa ter o seu próprio tutor, para aprender o que quiser em qualquer parte do mundo.
O SAPO TEK mudou a redação para o Web Summit e até 16 de novembro está a acompanhar tudo o que se passa na conferência e e nos eventos paralelos que sempre decorrem em Lisboa a par da conferência. A agenda é longa e há muito para descobrir dentro e fora dos palcos.
Pode acompanhar tudo no nosso especial do Web Summit 2023 e também ver a transmissão em direto do palco principal com o SAPO.
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