Recentemente a Comissão Europeia manifestou que pretendia tomar medidas para recuperar da atual crise dos semicondutores, mas com olhos postos no futuro, a longo-prazo e tornar-se um dos players mais importantes na produção de tecnologia. As medidas de combate à escassez dos semicondutores foram anunciadas em setembro de 2021, naquele que ficou conhecido como Chips Act. Tratam-se de medidas e investimentos-chave criados para tratar de questões económicas estruturais, em tecnologias como o 5G e a fibra ótica.
A resposta não tardou e a Intel acaba de anunciar um investimento de 80 mil milhões de euros na União Europeia para os próximos 10 anos. Os planos passam pelo investimento inicial de 17 mil milhões de euros na construção de uma mega fábrica de semicondutores na Alemanha, mas também criar um hub de Investigação & Desenvolvimento e design na França. Ainda na área de I&D e fabricação de semicondutores, vai abrir centros na Irlanda, Itália, Polónia e Espanha.
A Intel pretende assim abraçar o projeto europeu, planeando trazer a sua mais avançada tecnologia para a Europa, criando um ecossistema de chips de nova geração, de forma a tornar a cadeia de distribuição no território mais balanceado.
Pat Gelsinger, CEO da Intel, afirma que “os nossos investimentos planeados são um grande passo para a Intel e para a Europa. O Chips Act vai dar mais capacidade às empresas privadas e governos de trabalharem juntos para drasticamente catapultarem a posição da Europa no sector dos semicondutores”.
Segundo a Intel, o programa de investimento centra-se em balancear a cadeia de distribuição global dos semicondutores através da expansão da sua capacidade de produção na Europa. Assim, numa fase inicial, a Intel planeia construir duas novas fabricas de semicondutores em Magdeburg, na Alemanha. O planeamento já começou e o início da construção está estimado para a primeira metade de 2023. Deverão começar a operar em 2027, dependendo da aprovação da Comissão Europeia. As fábricas devem produzir os chips mais avançados da Intel, procurando servir as necessidades da indústria a nível global.
A Alemanha foi apontada como o lugar ideal para estabelecer as suas novas fábricas, que batizou de Silicon Junction. E com o investimento de 17 mil milhões de euros espera abrir 7.000 postos de trabalho durante o período de construção e depois mais 3.000 empregos permanentes na área tecnológica na Intel, assim como dezenas de milhares de trabalhos adicionais entre fornecedores e parceiros.
Depois da Alemanha, a Intel vai investir no projeto de expansão da sua fábrica em Leixlip, na Irlanda, com mais 12 mil milhões de euros para duplicar o espaço de produção. Esta unidade vai ser responsável pelo processo tecnológico Intel 4 na Europa. A fabricante diz que soma assim um total de investimento de 30 mil milhões de euros na Irlanda.
A empresa está também em negociações com a Itália para mais uma fábrica, num investimento potencial de 4,5 mil milhões de euros, capaz de criar 1.500 postos para a Intel e mais 3.500 empregos entre fornecedores e parceiros, estimando operações a começar entre 2025 e 2027. A Intel diz que esta será uma oportunidade de se expandir na Itália, juntamente com os seus planos de aquisição da Tower Semiconductor, empresa que tem parcerias importantes com o sector no país.
No total, a Intel diz que tem planos para gastar mais de 33 mil milhões de euros em outros investimentos nas fábricas de semicondutores, mas também hubs tecnológicos. Em França, em Plateu de Saclay, a Intel quer criar o seu novo hub europeu de I&D, criando mais 1.000 novos postos de trabalho técnico. Espera ter 450 vagas até ao final de 2024. A França foi escolhida para se tornar o seu quartel-general europeu para a área de HPC (computação de alta performance) e inteligência artificial. Estas áreas vão beneficiar diferentes sectores da indústria incluindo automóvel, agricultura, climatérica, investigação farmacêutica, energia, segurança e outras.
O seu laboratório em Gdansk, na Polónia, também ser aumentado em 50%, com um foco no desenvolvimento de soluções nos campos de redes neurais, áudio, gráficos, centros de dados e computação em cloud. Esta expansão deverá estar finalizada em 2023.
Outros países onde a Intel vai reforçar os investimentos em institutos de investigação passam pela Bélgica, Holanda, França, Itália e Alemanha. A Intel também tem colaborado com Barcelona, Espanha, no centro de supercomputação, na criação da arquitetura exascale e agora estão a planear a zettascale para a próxima década.
De recordar que as propostas do Chips Act da Comissão Europeia visam aumentar a sua quota no mercado e tornar-se num dos líderes no design e fabrico da próxima geração de microchips, abaixo dos 2 nanómetros. “A curto prazo vai permitir compreender e antecipar futuras crises de chips, resolvê-las com a coordenação próxima dos Estados-membros e equipar a União Europeia com os instrumentos que outros países já têm à sua disposição”, referiu na altura.
O Chips Act vai oferecer 43 biliões de euros de investimento até 2030 e vai centrar-se em cinco pilares:
1 – Reforçar a liderança da Europa na investigação e tecnologia de chips mais pequenos e mais rápidos.
2 – Construir e reforçar a capacidade de inovar o design, produção e embalamento dos chips avançados.
3 – Organizar um framework para aumentar a capacidade de produção de 20% do mercado global até 2030.
4 – Atrair novo talento e reforçar a falta de skills para suportar a emergência de profissionais qualificados.
5 – Desenvolver um profundo conhecimento sobre a distribuição dos semicondutores a nível global.
Nota de redação: notícia atualizada com mais informação. Última atualização 17h38.
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