Na semana em que decorre o Mobile World Congress, e quase à margem do certame dedicado ao mobile e redes, encontra-se o habitual espaço 4YFN. É um mundo “à parte”, colocado este ano no distante Hall 8, longe do “glamour” dos espaços das grandes marcas dos pavilhões principais, onde os pequenos balcões com cerca de um metro de largura competem pela atenção dos visitantes.
O objetivo do 4YFN é suportar as startups, investidores e empresas a conectarem-se e a lançarem novos negócios, organizando anualmente este espaço de empreendedorismo. E é uma zona muito animada, bastante concorrida e bem frenética, onde cada minuto de atenção captada é valiosa, porque nunca se sabe quando um investidor está à espreita. Este pavilhão tem ainda dois palcos de pitching, com apresentações ao vivo para uma plateia, e uma área dedicada a experiências mais imersivas, com apresentações a cada hora, onde se formam filas de curiosos para assistir.
Tal como no ano passado, o SAPO TEK mergulhou neste espaço para encontrar algumas das soluções mais curiosas, até mesmo estranhas e assistiu a algumas demonstrações práticas.
Veja na galeria fotos das startups do 4YFN presentes no MWC
Uma delas é a startup sul-coreana Full Dive Technology, dedicada em desenvolver sistemas de comunicação sensorial. Na prática, umas luvas para serem utilizadas em ambientes de metaverso ou de realidade virtual em geral, que adicionam o sentido de tato à experiência. As luvas expostas chamam a atenção por serem parecidas com as da armadura do Iron Man, mas a startup procura oferecer uma experiência premium aos utilizadores.
O fundador da startup, Albert HJ Lee, disse ao SAPO TEK que os utilizadores podem pegar em objetos, manipulá-los, sentindo as texturas tal como na realidade. É referido que as luvas detetam os dedos de forma independente, conferindo um maior realismo. E não é por acaso que a startup deu o nome ao seu produto a palavra bem portuguesa “SENTIR”, “para ajudar a ter uma experiência fantástica e especial, num mundo virtual realístico”.
Não é todos os dias que se vê a banca de uma startup com uma embalagem de bifes exposta. Algo que obviamente chama a atenção e foi o caso da Colorsensing, uma spin-off da Universidade de Barcelona. A sua solução é uma espécie de um scanner em forma de aplicação para smartphones ou tablet para “ler” a frescura da comida. Não se trata de um produto feito para o grande público, mas sim para retalhistas e fabricantes que necessitem de melhores ferramentas para garantir a qualidade dos seus produtos alimentícios frescos. A startup disse ao SAPO TEK que cabe aos parceiros a decisão se partilham ou não a aplicação com os seus clientes, mas não é o objetivo primário.
Segundo foi explicado, o software baseia-se num sistema de correção de cor, que memoriza os padrões coloridos dos alimentos, neste caso carne, gerando um código QR. Quando mais tarde a embalagem é verificada, o sistema deteta mudanças dos seus parâmetros, como certos gases que são libertados devido à degradação da comida, outros que servem para a preservar ou a sua temperatura. Ao combinar estes elementos, através de uma câmara do smartphone, consegue-se medir a frescura dos produtos.
Literalmente num tom distinto, chamou a atenção a bancada da Skynote, com um violino exposto ao lado de um computador. Trata-se de uma startup dedicada a criar software musical. Neste caso em concreto, levou para Barcelona um sistema que ajuda os estudantes de música focados no violino a tocarem melhor. A aplicação não só “escuta” o músico, como “vê” o mesmo através da webcam.
Na prática, não apenas ajuda na aprendizagem das notas musicais, anotando as que falha e os respetivos tempos, como observa a postura do músico, alertando-o para o retificar. Mais que ver vídeos no YouTube pelos músicos autodidatas, este sistema corrige em tempo real a performance do aluno. A startup disse ao SAPO TEK que por agora apenas está preparado para o violino, mas segue-se a voz. Depois disso, o objetivo é replicar o conceito para todos os instrumentos musicais de uma orquestra.
A startup de Barcelona, Biometrics, tinha na sua bancada um braço mecânico a separar chocolates de uma bandeja para outra. Este braço tem um sensor ótico que distingue os produtos, pelas cores e formas, além de uma ponta capaz de agarrar os objetos. A empresa diz que o sistema pode ser utilizado em diversas áreas, incluindo cadeias de embalamento, na criação de packs com diferentes produtos, entre outros.
O braço é controlado por inteligência artificial, um software que permite distinguir as formas e as vai classificando em diversas categorias, o posicionamento dos objetos. A empresa pode escolher a quantidade de um produto, de outro, e este separa-os automaticamente.
No que toca a soluções para crianças, o SAPO TEK encontrou duas startups com produtos interessantes. O primeiro foi a Nixkit, uma startup que tem como objetivo ajudar as crianças a superar o stress e ansiedade das cirurgias ou outros procedimentos no hospital. A sua solução é basicamente um headset de realidade virtual para crianças, composto por um kit montável de cartão, com depósito para colocar um smartphone.
O sistema projeta personagens em realidade aumentada na própria sala onde está a receber os cuidados médicos, que além da distração, também as informa e acalma. Saber se vai doer, onde estão os seus pais e outras interações ajudam a criança a desviar a sua atenção. Para já, o Nixkit apenas tem línguas em inglês, francês e espanhol, mas a startup diz que é fácil adicionar mais idiomas mediante o interesse dos mercados. O kit é vendido como uma espécie de livro, sendo depois o headset montado para ser utilizado. O objetivo é vender o kit nos hospitais, instituições, mas também em quiosques e papelarias.
Já a AR Pedia é uma empresa dedicada a publicação de livros e criação de software didático que decidiu juntar ambos os formatos físico e digital para incentivar as crianças a ler. A sua coleção de livros infantis é alimentada por realidade aumentada, tornando mais emocionante e educativa a leitura, incentivando as crianças a melhores práticas.
As páginas têm marcadores que são lidos pelas câmaras dos smartphones ou tablets, projetando no ecrã imagens 3D interativas, sejam dinossauros ou personagens históricas. A coleção é composta por diversos temas, desde a química ao estudo dos dinossauros e tem diversas interações e atividades associadas. A empresa diz que no primeiro ano de lançamento na Coreia do Sul vendeu mais de 3 milhões de unidades, tendo contribuído para um aumento de 400% os hábitos de leitura no país. E relatórios das escolas dizem que o interesse para ler cresceu 30%.
Por fim, nanossa ronda de startups, a espanhola Blockets apresenta uma solução integrada e suportada por blockchain para vender bilhetes de cinema, espetáculos, teatro ou concertos musicais. Serve de plataforma agregadora que reúne toda a agenda cultura de uma cidade, por exemplo, permitindo comprar diretamente os bilhetes. O objetivo é reunir num único lugar toda a oferta cultural disponível, em vez da dispersão causada pelos diferentes fornecedores.
E para se distinguir, a plataforma suporta, além dos métodos de pagamento tradicionais, como o cartão de crédito, sistemas de criptomoeda regulado por tecnologia blockchain. O objetivo deste sistema de pagamento é garantir que os artistas e produtores sejam pagos imediatamente, diminuindo os meses que demora a cadeia desde que o cliente pagou o bilhete, promotores, plataformas e distribuidores, até chegar os respetivos royalties aos músicos ou atores de um teatro, por exemplo. A plataforma está orientada para a utilização do público em geral, e pelo que o SAPO TEK testou parece intuitiva e rápida de utilizar.
A equipa do SAPO TEK está a acompanhar as principais novidades do MWC23. Siga todas as notícias aqui e veja as imagens da feira de Barcelona.
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