No último domingo, o Brasil assistiu à invasão de manifestantes, apoiantes do ex-presidente Jair Bolsonaro, aos principais edifícios governamentais de Brasília, como o Congresso, o Supremo Tribunal Federal e o Palácio do Planalto, conhecidos como o Edifício dos Três Poderes. A invasão, comparada ao que aconteceu no Capitólio dos Estados Unidos na transição de Donald Trump para Joe Biden, teve milhares de envolvidos. O caos e a destruição causados no interior dos edifícios são visíveis e partilhados nos noticiários. E agora as autoridades estão a apurar e a identificar os responsáveis pelos crimes.

A tecnologia poderá dar uma ajuda aos investigadores e o uso de reconhecimento facial poderá ser uma opção para investigar e julgar os envolvidos, segundo avança o Tecnoblog. Os dados de telefonia também podem ajudar a identificar a localização dos suspeitos, refere a publicação que apurou junto às autoridades.

Veja na galeria fotografias da invasão e estragos feitos no Edifício dos Três Poderes

Através das imagens divulgadas através da televisão, e mesmo nas redes sociais pelos próprios envolvidos, estão referenciados rostos. Muitos dos mascarados chegaram a destapar o rosto para tirar uma selfie no interior dos edifícios, mostrando a sua participação nas manifestações violentas. Todos esses dados poderão ser cruzados com as filmagens registadas pelas câmaras de segurança no interior dos edifícios.

As autoridades poderão utilizar o sistema automatizado de identificação biométrica (ABIS na sigla inglesa), que em 2021 foi adquirida pela a Polícia Federal para criar uma base de dados a ser utilizada pelas polícias judiciárias e civis dos estados do Brasil, refere o Tecnoblog. A aquisição da tecnologia, que permite recolher, armazenar e cruzar dados pessoais sensíveis dos mais de 50 milhões de brasileiros, foi alvo de polémica devido às consequências do projeto. A tecnologia poderá ainda integrar modelos de identificação biométrica, como a voz e a íris ocular.

Não existem restrições no uso de reconhecimento facial durante a fase de investigação e julgamento, desde que tenham sido obtidas de forma legal. No entanto, as imagens propriamente ditas não são consideradas provas absolutas, sendo necessário provar a sua veracidade através de outros meios. As publicações feitas pelos participantes na invasão nas redes sociais tornam a identificação mais fácil. E até outros utilizadores estão a ajudar a identificar os suspeitos, tendo já registado centenas de participantes, onde se incluem políticos brasileiros. O Ministério da Justiça brasileiro está a publicitar um email à população, pedindo ajuda aos cidadãos para identificar os invasores.

Se o uso de reconhecimento biométrico é limitado, a geolocalização dos invasores através dos seus próprios smartphones tornará a identificação mais precisa, referem os especialistas à publicação brasileira. Para tal foi emitido uma ordem judicial para as operadoras manterem os registos dos utilizadores por 90 dias enquanto decorre a investigação. Dificilmente os smartphones dos suspeitos estariam no local do crime sem serem os próprios a utilizá-los.

Dessa forma, torna-se mais fácil e eficaz encontrar e identificar os rostos pelas câmaras de vigilância e provar a respetiva presença através dos registos de geolocalização dos smartphones.