O estudo, realizado pela empresa de análise de dados Bites, identificou mais de 1,3 milhões de ataques de diversos tipos contra jornalistas e meios de comunicação social nas redes sociais no ano passado, que se tornaram mais intensos durante o processo eleitoral de outubro passado.

A maior parte das desqualificações, insultos e até ameaças a jornalistas e meios de comunicação foram atribuídas a apoiantes do ex-presidente Jair Bolsonaro, de extrema-direita, derrotado nas urnas pelo atual Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva.

Segundo o estudo, nos próprios perfis oficiais de Bolsonaro foram publicadas 132 mensagens desse tipo, compartilhadas e amplificadas por comentários favoráveis 26,2 milhões de vezes.

"Como aconteceu nos anos anteriores, Bolsonaro continuou sendo o principal emissor de ataques aos media e com sua capacidade de penetração nas redes, ampliou as mensagens contra o jornalismo e os jornalistas", disse o diretor da Bites, Manoel Fernandes.

O estudo baseou-se em publicações em redes sociais como Facebook, Twitter e Instagram, mas não considerou as veiculadas por meio de serviços de mensagens, como WhatsApp e Telegram, cujo tráfego é privado e não pode ser mensurado.

Além das redes, o relatório também citou 137 casos de violência não letal contra jornalistas, como socos, chutos e empurrões, que se agravaram durante o período eleitoral.

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Os ataques na Internet levaram o Congresso brasileiro a debater um projeto de lei que endurece as regras para a divulgação de mensagens de ódio pelas redes sociais, que nos últimos meses chegaram a incluir ameaças a escolas, que em alguns casos chegaram a sofrer violência ataques e mortes.

O assunto gerou intensa polémica, principalmente após a reação de algumas empresas, como Google e Telegram, que consideraram essa discussão parlamentar uma tentativa de censura que poderia ameaçar a liberdade de expressão e seus negócios já que lucram também com a circulação de desinformação.