Fotografias de mulheres de lingerie ou de fato de banho e de homens em tronco nu. São estas que parecem ser as "preferências" do algoritmo do Instagram na hora de escolher quais as imagens que surgem primeiro no feed, de acordo com uma nova investigação que analisou o perfil de 37 produtores de conteúdos. O Facebook, “dono” da rede social, já reagiu e nega essa acusação.
A conclusão surge num estudo desenvolvido em parceria pelo European Data Journalism Network e a AlgorithmWatch, que pretenderam compreender que imagens é que a rede social do Facebook prioriza. Para isso, pediram a 26 voluntários para instalarem um browser add-on e para seguirem um conjunto de produtores de conteúdos profissionais. A equipa selecionou 37 pessoas de 12 países, 14 deles homens, que utilizam o Instagram para publicitarem marcas ou para conseguirem novos clientes para os seus negócios, sobretudo em setores como viagens, alimentação, fitness, moda ou beleza.
O browser add-on abria automaticamente a página inicial do Instagram em intervalos regulares e analisava quais as publicações que aparecem no topo do feed das notícias dos voluntários. Desta forma, era possível perceber quais as imagens que o Instagram considerou mais relevantes.
Se o Instagram não estivesse a interferir no algoritmo, a diversidade de publicações no feed dos utilizadores deveria corresponder à diversidade de posts feitos pelos produtores de conteúdos que seguem. E, tendo em conta que o Instagram personaliza o feed de notícias de cada utilizador de acordo com os seus gostos pessoais e pesquisas, a diversidade de publicações deve ser diferente para cada utilizador. No entanto, os resultados não coincidem com estas premissas dos investigadores, garante o relatório.
2.400 fotografias do Instagram analisadas em três meses. Quais as conclusões?
Entre fevereiro e maio de 2019, a investigação analisou 1.737 posts dos 37 produtores de conteúdo, integrando 2.400 fotografias no total. Dessas publicações, 362, ou seja, 21%, foram reconhecidas por um programa de computador como mulheres de fato de banho ou roupa íntima, ou homens de tronco nu. No entanto, nos feeds dos voluntários, os posts com essas imagens representaram 30% de todas as publicações exibidas nessas contas, o que significa que surgiram no feed mais do que uma vez.
No caso do sexo feminino apenas, os resultados do estudo indicam que as publicações com fotos de mulheres de biquinis ou com lingerie apresentavam mais 54% de probabilidade de surgirem no feed dos voluntários. No caso de fotos de homens de tronco nu, a percentagem desce para 28%. Em contraste com esta realidade, as publicações com imagens de comida ou paisagens apresentam menos 60% de probabilidade de serem exibidas no feed.
Facebook fala numa investigação com falhas
O relatório observa, no entanto, que sem uma auditoria completa ao algoritmo do Instagram, não será possível tirar conclusões definitivas sobre o que está a causar a "preferência" por este tipo de fotos. Ainda assim, é pouco provável que o Facebook autorize essa auditoria, uma vez que se trata de propriedade intelectual.
Uma explicação plausível poderia ser, simplesmente, por se registar um maior engagement por parte dos utilizadores com este tipo de imagens, levando o algoritmo a colocá-las mais em destaque nos feeds dessas pessoas. Desde 2016 que a rede social trocou a ordem às publicações mostradas, que antes surgiam consoante as horas que eram publicadas, passando a ter em conta as preferências de cada utilizador.
O relatório faz ainda referência a uma patente de 2015 do Facebook. No documento, a empresa descreve um sistema capaz de analisar o conteúdo de uma imagem para determinar se poderá ser ou não uma boa candidata para um alto engagement. A patente garante, especificamente, que a tecnologia seria capaz de identificar o "estado de nudez" de pessoas nas fotografias.
Para compreender melhor as conclusões, os investigadores enviaram um conjunto de questões ao Facebook, que não respondeu às perguntas. No entanto, a gigante tecnológica enviou um comunicado à empresa onde descarta a ideia de que o algoritmo do Instagram promova imagens de pessoas semi-nuas.
"Esta investigação falha de várias maneiras e mostra um mal-entendido de como o Instagram funciona", disse um porta-voz à Algorithm Watch. "Classificamos as publicações no feed com base no conteúdo e nas contas pelas quais os utilizadores mostram interesse e não em fatores arbitrários, como fatos de banho", garante. Ao Business Insider, a rede social acrescentou ainda que a amostra do estudo é muito pequena.
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