A Comissão Europeia apresentou hoje uma Estratégia de Cibersegurança que prevê a criação de Centros de Operações de Segurança na UE, que servirão de “escudo de cibersegurança” e permitirão prevenir e responder rapidamente a ciberataques, avança a Lusa.

“A Comissão propõe que seja lançada uma rede de Centros de Operações de Segurança em toda a União Europeia (UE), baseados em inteligência artificial, e que irão constituir um verdadeiro ‘escudo de cibersegurança’ para a União Europeia ser capaz de detetar, suficientemente cedo, sinais de ciberataques de maneira a permitir a tomada de ações proativas antes que os danos ocorram”, refere a Comissão Europeia no documento hoje divulgado.

Em conferência de imprensa de apresentação da estratégia, o comissário com a pasta do Mercado Interno, Thierry Breton, referiu que os centros são necessários para se descobrir “no espaço de umas horas” sinais de ataques que, normalmente, demoram em média “100 a 200 dias” a serem detetados.

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“São centros que irão supervisionar o conjunto das redes que constituem a esfera digital na qual opera o conjunto das atividades europeias. Vamos supervisionar essas redes e vamos dotar esses cinco ou seis centros – que serão suficientes para proteger a ‘bolha digital’ na qual operamos – de algoritmos de inteligência artificial que nos irão permitir detetar, no espaço de algumas horas, um sinal fraco que nos poderá indicar que está a acontecer alguma coisa em algum lado”, sublinhou Breton.

De recordar que Bucareste foi a cidade escolhida para acolher o novo Centro de Competências e da Rede para a Cibersegurança europeu. A decisão deve ser adotada formalmente pelo Parlamento e pelo Conselho Europeu em janeiro do próximo ano e posta em marcha a seguir pela Comissão Europeia, ainda durante a presidência portuguesa do Conselho da União Europeia.

A proposta, incluída na estratégia hoje apresentada pelo executivo comunitário, é também acompanhada de outras medidas para permitir que “todos os cidadãos e empresas possam beneficiar plenamente de serviços e ferramentas digitais credíveis”.

Baseada em três pilares – resiliência, capacidade de prevenção, e cooperação com outros parceiros – a estratégia prevê também reformar a diretiva das redes e dos sistemas de informação (NIS) que tinha sido adotada em 2016.

Nesse âmbito, está nomeadamente previsto que a diretiva passe a englobar novos setores, com base na sua importância para a economia e sociedade europeia, e que incluem, entre outros, os serviços de correio, de restauração e a administração pública.

Além da criação dos Centros de Operações de Segurança na UE, a Comissão propõe também uma cooperação reforçada entre Estados membros, prevendo a criação de uma Unidade Cibernética Conjunta que servirá para “fortalecer a cooperação entre instituições europeias e as autoridades dos Estados-membros responsáveis pela prevenção e a resposta a ciberataques”.

Frisando que a UE quer aumentar a sua “liderança nas normas internacionais e nos padrões do ciberespaço”, a nova estratégia prevê ainda o trabalho com parceiros internacionais para “promover um ciberespaço global, aberto, estável e seguro” que esteja baseado no “Estado de direito, direitos humanos, liberdades fundamentais e valores democráticos”.

Em conferência de imprensa, o Alto Representante da UE para a Política Externa, Josep Borrell, sublinhou que as parcerias internacionais são importantes face a uma "ameaça real, que evolui constantemente, e se torna diariamente mais importante".

“O ciberespaço é como o mundo físico: oferece grandes oportunidades mas, infelizmente, também é um espaço onde um ator não estatal ou um Estado violam o Estado de direito e fazem um uso indevido da tecnologia para avançarem os seus objetivos políticos", destacou Borrell.

O executivo comunitário frisa que está comprometido em “implementar a nova estratégia nos próximos meses”, sublinhando também que irão “reportar regularmente sobre o progresso feito” e manter tanto o Parlamento Europeu como o Conselho da UE “completamente informados e envolvidos em todas as ações relevantes”.