
O canal CONTA LÁ está ainda em emissões experimentais mas já fez mais de 260 debates e entrevistas a candidatos autárquicos, preparando-se agora para uma cobertura da noite eleitoral no próximo domingo, dia 12 de outubro. A análise da nova configuração do poder nos 308 municípios vai ser feita por uma equipa de jornalistas, mas inclui também tecnologia de inteligência artificial, com dois analistas virtuais criados especialmente para o efeito.
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"Pensamos que é o momento de testar novos modelos e a tecnologia e fazer uma reflexão [...] estamos a arriscar" , explicou ao TEK Notícias Filipe Caetano, editor-executivo do Conta Lá e responsável editorial pelo projeto, garantindo porém que "vamos usar a inteligência artificial de forma aberta e clara" e que este é um teste e "um laboratório".
Já existem vários casos de utilização de avatares de inteligência artificial em televisão, em programas de entretenimento e informação, mas é a primeira vez que estas personagens virtuais são usadas como analistas e comentadores. Para isso a equipa do CONTA LÁ desenvolveu de base duas personagens, contando com o apoio da agência de inovação Instinct, que já tem experiência nesta área.
Helena Monteiro Santos e Ricardo Mendes Pereira foram pensados ao pormenor, com a definição de perfis profissionais, histórias de vida, hábitos e detalhes físicos, num processo interativo entre Filipe Caetano e a equipa da Instinct, mas suportada em inteligência artificial, desde a análise dos dados à construção narrativa (storytelling), criação de cenários, geração de vozes e as imagens dos apresentadores.

Os novos comentadores "contratados" pelo canal têm especializações na área, sendo Helena Monteiro Santos especialista desenvolvimento regional e Ricardo Mendes Pereira politólogo e especialista em poder local.
"Inicialmente pensámos em clonar a voz de alguém conhecido para a voz dos avatares, mas decidimos manter-nos fieis à lógica de criar as personagens de raiz", adianta o editor-executivo do projeto.
As necessidades editoriais concretas para o acompanhamento da noite editorial foram definidas por Filipe Caetano, depurando a informação e ajustando os prompts, mas as intervenções dos avatares em antena vão ser sempre controladas e supervisionadas.
A ideia não é substituir os jornalistas, mas apresentar estes comentadores virtuais como um complemento. "Não vamos permitir que comentem sem intervenção humana, vai haver sempre edição", sublinha, explicando que nunca entram em direto, e que os pivots vão fazer a contextualização da utilização da inteligência artificial antes de entrar no ar, sendo ainda apresentado um grafismo com indicação clara de que são personagens virtuais.
Veja o vídeo partilhado pelo CONTA LÁ
Cobertura editorial alargada
O projeto do canal CONTA LÁ assume a missão de "usar a tecnologia com propósito humano, para Contar Portugal com verdade, proximidade e ambição", e por isso Filipe Caetano diz que esta iniciativa fez todo o sentido no plano desenhado para a estreia em antena.
O canal desenvolveu uma operação de cobertura de proximidade para as eleições autárquicas, com mais de 260 debates e entrevistas a candidatos autárquicos. No domingo, a partir das 18 horas, vai ter no ar a cobertura da noite eleitoral numa emissão experimental que pode ser vista na posição 15 da operadora MEO, 123 na NOS e 999 na Vodafone, onde conta com os jornalistas Ana Sofia Vinhas, Paulo Salvador, Filipe Caetano e Isabel Osório, mas também outros comentadores não virtuais.

O interesse em fazer a cobertura de proximidade nos 308 municípios, evitando a habitual concentração da atenção em algumas cidades, foi um dos desafios e Filipe Caetano diz que aqui a Inteligência Artificial é uma ajuda para ultrapassar as limitações de recursos. "A IA permite-nos escalar análise especializada de forma humanamente impossível através de formatos tradicionais".
Filipe Caetano admite que há questões éticas a ter em conta e que a iniciativa de juntar analistas virtuais pode gerar polémica, à semelhança do que tem acontecido noutros contextos, incluindo no cinema, mas que o risco é consciente. "Como jornalista esta vaga de utilização da inteligência artificial suscita interesse e dúvidas [...] a opção é sermos nós a testar e perceber os limites que existem", afirma.
O controle da intervenção dos avatares e a supervisão e revisão humana dos textos, assim como a contextualização e identificação gráfica de que são criações de inteligência artificial, fazem parte das salvaguardas assumidas. Filipe Caetano diz que acredita que é preciso debater a utilização da IA nestes contextos e que tem conversado com juristas especializados e as autoridades do sector.
"Queremos forçar o debate", justifica, lembrando que em termos legais ainda existem lacunas nesta área, com regras pouco claras.
Para o editor-executivo há um caminho interessante de utilização da tecnologia no contexto de televisão que pode até ser um contributo positivo para a indústria de media. "Pode ser um aliado e não uma ameaça [...] não vai substituir o papel dos jornalistas e dos comentadores", defende Filipe Caetano.
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