Chama-se Diana e é uma assistente virtual, que usa inteligência artificial generativa para interagir por voz e em linguagem natural com o utilizador. Foi desenvolvida pela Defined.AI, empresa fundada e liderada pela portuguesa Daniela Braga nos Estados Unidos, que é também líder de um dos consórcios financiados pelo Plano de Recuperação e Resiliência, na área da IA. A Diana é um dos primeiros produtos desse trabalho e é a própria Daniela Braga que mostra num vídeo como funciona o chatbot.
O vídeo que pode ver abaixo mostra o use case desenvolvido para apresentar e mostrar o potencial da solução no Web Summit, que decorreu há dias em Lisboa, onde o SAPO TeK esteve e onde acompanhou o lançamento e falou com a empresa. Aqui vai poder ver várias capacidades que a Defined.AI quis destacar no chatbot, por garantir que são únicas. A Diana consegue perceber português e inglês na mesma frase, algo que a Defined.AI explica ser uma novidade nestas soluções. Chama-se code switching e tecnicamente tem sido difícil de conseguir fazer com bons resultados.
Na demonstração, uma das interações com a Diana é feita na rua, em ambiente ruidoso, que é outra dificuldade habitual destes sistemas: conseguir reconhecer voz corretamente em ambientes onde vários sons se misturam. Na demonstração correu bem e durante a confusão ruidosa da Web Summit, a empresa garantiu que também correu.
As questões colocadas ao chatbot neste vídeo são aquelas que poderia colocar um qualquer visitante do Web Summit, a aproveitar a viagem para fazer turismo em Lisboa. Na demonstração que o SAPO TeK viu no evento houve outras, sobre o Castelo de São Jorge, ou onde comer uns bons pastéis de Belém, com a Diana no mesmo papel de concierge.
Veja o vídeo
A ideia, no entanto, é adaptar a Diana a diferentes papéis, configurando o chatbot para as áreas de conhecimento que façam sentido às empresas e instituições que a usem. A “carcaça” da Diana também está na base do assistente virtual que responde a perguntas e facilita a utilização de serviços como a Chave Móvel Digital no site ePortugal. Este foi o primeiro protótipo desenvolvido pelo consórcio Accelerat.ai, que deverá criar soluções semelhantes para outros serviços públicos, enquanto estiver em atividade (até 2025).
O objetivo do consórcio é aliás desenvolver um produto de IA Conversacional, um assistente virtual, para usar em contact centers e substituir o agente em 80% das perguntas mais frequentes, através de voz ou texto. Mas não só, desde o início que o plano passa por criar uma solução que possa ser adaptada a diferentes contextos e a diferentes sectores.
A Diana serviu para mostrar isso mesmo. E viu a luz do dia já depois da Defined.AI a ter mostrado a várias empresas portuguesas. Sem retorno positivo destes contactos, a empresa com sede em Seattle prepara-se para começar a abordar o mercado norte-americano. O primeiro sector onde vai apresentar a Diana é o do retalho “é mais orientado ao consumo e é uma área onde todas as empresas têm necessidades relacionadas com o apoio ao cliente", explicou ao SAPO TeK Daniela Braga, numa entrevista recente.
As parecenças da Diana com o ChatGPT não são coincidência. Os dois assistentes assentam em modelos de IA conversacional e a Diana espelha uma solução open source, modular, que integra várias tecnologias, entre elas o Whisper da OpenAI, para o reconhecimento automático de voz. No entanto, a Diana recorre à versão mais recente do modelo de linguagem da Meta, o Lama 2, para além de integrar a tecnologia de Text to Speech da Microsoft e outras.
A Defined.Ai, que na vertente mais tradicional do negócio prepara os dados usados por muitas das empresas que disponibilizam assistentes virtuais, aqui "monta" todas as peças que permitem criar uma solução final e faz o fine tuning, para que a Diana consiga compreender numa pergunta em inglês o que é uma alheira e explicar de que é feita. No futuro a assistente pode responder a perguntas em qualquer outra área, se for configurada para isso, em soluções que podem chegar ao cliente final via browser ou integradas numa app.
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