Longe vão os tempos em que se colecionavam cartas ou cromos de jogadores de futebol, com apenas o intuito de colá-los nas cadernetas. A arte do colecionismo ganha novas proporções graças à tecnologia, passando para o digital a ânsia de construir uma equipa de sonho e com isso, ter uma oportunidade de obter lucros.
Talvez conheça o conceito do FIFA Ultimate Team, que funciona como um mercado global de transferências, em que os jogadores têm de abrir pacotes de “cromos” à procura das estrelas raras. Pois bem, o Jogo Global de Fantasy Football da Sorare vai mais longe, ao ser regulado pela tecnologia blockchain, em que os atletas são adquiridos com a criptomoeda Ethereum.
Em entrevista ao SAPO TEK, Nicolas Julia, CEO da Sorare, explica que o Fantasy Football é um jogo em que os participantes montam uma equipa imaginária de futebolistas da vida real e marcam pontos com base no desempenho estatístico real desses jogadores durante os seus jogos nesse fim-de-semana. E pode jogar com jogadores de diferentes ligas e países, como por exemplo ter um atleta da Liga NOS, um da Ligue 1, um da La Liga, etc.
A pontuação da sua equipa depende do desempenho dos jogadores de futebol nas suas cartas nos jogos reais. Se jogar bem, ganha muitos pontos e pode ser classificado nos primeiros lugares da sua liga, podendo amealhar ETH (a moeda criptográfica de etéreo) e cartões de jogador digitais oficialmente licenciados.
Segundo Nicolas Julia, “No Ethereum, pode escrever código que controla o valor digital, funciona exatamente como programado, e é acessível em qualquer parte do mundo. Fornece novas características no Fantasy Football: propriedade digital, escassez, proveniência e portabilidade dos artigos dentro do jogo”. No caso da Sorare, existem diferentes tipos de cartões, entre os comuns gratuitos ilimitados, 100 cartões “raros”, 10 cartões “super raros” e por fim, o “único”. E com base na escassez do cartão, este torna-se mais valioso.
Exemplificando, o cartão único de Diego Maradona é muito valioso, não só por se tratar de uma carta classificada como “única”, como por estarmos a falar da lenda da Argentina. “Por outro lado, Cristiano Ronaldo é ao mesmo tempo um grande colecionável e um grande jogador para ter na sua equipa no jogo”. A empresa explica que para a escassez, existem 111 cartões por cada jogador por época: 1 único, 10 super raros e 100 raros.
Do colecionismo digital ao negócio milionário
Mas qual a razão da segurança e uso da criptomoeda? Nicolas Julia refere que as pessoas gastam cerca de 370 mil milhões de dólares por ano em produtos colecionáveis e atualmente, os mercados desportivos de Fantasy Football valem 20 mil milhões de dólares. A Sorare está a apontar para os dois mercados, considerando que existe potencial para criar um “unicórnio” nas duas indústrias. Quando os utilizadores compram um cartão de um jogador, podem depois fazer o que quiser com ela: vendê-la por valores em Ethereum, ou ganhar recompensas e também criptomoeda da Sorare mediante as prestações dos jogadores reais. “Se forem boas a fazê-lo, podem transformar a recolha e a troca de cartas como forma de atividade”, esclarece o CEO da empresa.
Em cerca de um ano, a empresa vendeu mais de um milhão de dólares em cartões em 50 países. Para os próximos 12 meses a empresa pretende triplicar a faturação para 3 milhões de dólares. “É um objetivo ambicioso, mas temos uma tração surpreendente e muitas ligas e clubes novos a juntarem-se à plataforma em breve”, justifica o CEO da empresa.
Na prática, um cartão de jogador que tenha adquirido na época anterior, e que este ano esteja melhor na vida real, o seu valor irá provavelmente aumentar, tornando-se mais valiosa. É uma aposta que pode gerar lucros ou prejuízos, num “gambling” dependente da vida real.
O jogo depende do licenciamento dos clubes e respetivos futebolistas. Atualmente, a plataforma conta com mais de 100 clubes de futebol da Europa, Estados Unidos e Ásia entre eles os portugueses FC Porto, SL Benfica e Sporting Clube Portugal, e está em negociações para adicionar mais clubes portugueses à sua plataforma nos próximos meses. Segundo explicou Nicolas Julia, “a construção de uma presença na Sorare oferece a esses clubes uma exposição a uma audiência global e a um novo fluxo de receitas”.
O CEO refere que o licenciamento da sua marca de futebol na blockchain não existia antes da Sorare. “Temos utilizadores de mais de 70 países e muitos clubes querem desenvolver a sua marca, eles veem a Sorare como uma nova forma de comunicação social onde podem envolver a população jovem de jogos com a sua marca.
Para o futuro, a empresa pretende solidificar a experiência livre de jogar e a sua progressão, de forma a apelar a um público mais vasto. Pretende ainda desenvolver uma aplicação móvel para que os “gestores desportivos” possam fazer os seus negócios em qualquer lado. Serão ainda introduzidas ferramentas de comunicação, onde é possível conversar. E claro, a introdução de mais clubes, incluindo portugueses, em que 15 já assinaram com a empresa.
Considerando que a Ubisoft é um dos parceiros da Sorare, questionado sobre se a empresa pretende apresentar um jogo de futebol, de forma a competir com FIFA da EA, Nicolas Julia parece deixar à sorte dos deuses: “A Ubisoft ainda não tem um jogo de vídeo emblemático no futebol, então porque não? Estamos a discutir com eles acerca de muitas coisas e esperamos que, no futuro, eles o desenvolvam através de cartões Sorare”.
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