Se por um lado as leis dos drones têm vindo a ser remodeladas, apertando o cerco de utilização em serviços que requerem um alcance além da visão humana; a tecnologia em si continua a evoluir e estes equipamentos são cada vez mais sofisticados no que diz respeito a autonomia, capazes de executar as tarefas mais complexas e perigosas feitas pelos profissionais.
Foi exatamente esse tema que a Skydio trouxe para a Web Summit, para explicar o estado de arte da sua tecnologia. Começou por dar o exemplo das décadas que demoraram os automóveis e os telemóveis a evoluir, desde que foram inventados até à atualidade. Esta comparação foi feita com os drones, na sua dificuldade em os operar, destes caírem facilmente e a necessidade de um piloto experiente. “Mas não seria bom se fosse possível eliminar todos estes problemas associados?” Este é o desafio proposto na apresentação da Skydio, e o seu sistema autónomo, em que as pessoas só necessitam de apontar o destino e o aparelho define a melhor rota para chegar até lá.
A empresa alega que a sua tecnologia consegue fazer isso sem complicações. Tem seis câmaras de navegação, deixando de lado a necessidade de GPS ou qualquer outro sistema de orientação. Consegue gerir milhões de pontos de dados por segundo. As câmaras conseguem apontar a sua visão omnidirecional a 200 graus, cada uma. E pode ver tudo em redor, sem sequer ser necessário virar a cabeça, explica.
A empresa está a usar placas RTX da NVidia para processar e interpretar todos os dados captados pelas câmaras. Porque tudo é processado dentro do drone sem transmitir primeiro para o operador. Conseguem atingir 50 km por hora e são tão inteligentes que sabem por onde ir, antes mesmo do operador saber como o fazer.
Mas o que vem a seguir? O drone interpreta o caminho, referindo que a autonomia é o “elo perdido” que falta aos equipamentos atuais. Os drones da Skydio conseguem executar, seguindo o seu piloto de forma autónoma, mesmo que este se desloque de mota, por exemplo. Basta dizer aos drones o que devem investigar e estes conseguem fazer um scan 3D com grande precisão, transmitindo esses dados para uma plataforma online. E ainda analisa a forma de o executar, assim como estabelece um orçamento para o número de cargas de bateria necessárias para essa determinada tarefa.
Este pode substituir o trabalho mais complexo de algumas profissões, tais como os trabalhos em caminhos de ferro, pontes e outros projetos críticos, onde os trabalhadores são colocados em risco quando necessitam avaliar as suas infraestruturas, por exemplo. A empresa diz que os seus drones substituem a presença humana de forma segura e mais barata, diz a empresa. Depois de analisar a forma como um objeto é, passa à fase dos detalhes.
O melhor é que os pilotos não precisam controlar os drones nestes trabalhos, eles fazem tudo sozinhos, incluindo a captura de fotografias. Os especialistas podem analisar as fotos captadas e perceber onde é necessário fazer reparações ou atualizações. A empresa diz que esta tecnologia é um “game changer” na indústria.
Os seus drones podem igualmente ajudar na resposta de emergências. “Não queremos pensar durante uma emergência se o drone está calibrado ou se temos um piloto capaz de comandar o drone, numa altura em que estamos a salvar vidas”. Os drones fazem todo esse trabalho de forma autónoma.
Outro exemplo é dado num acidente de carro, onde tirar fotos pode não ser suficiente. Um drone roda em torno do acidente e faz um scan 3D detalhado de todo o aparato, não deixando de lado qualquer detalhe. “E todos podem fazer esse trabalho, porque é fácil”. A autonomia é como a quarta roda de um carro, diz a empresa. É preciso colocar um drone literalmente nas mãos de qualquer pessoa, sendo esse o próximo passo.
E lança um desafio à plateia de como um drone autónomo pode criar coisas boas.
Entregas de café ainda quente? Bastam alguns minutos via drone
Numa outra conferência, dedicada ao “futuro brilhante” da tecnologia de drones, Bobby Heally, CEO da startup irlandesa Manna explicou como a empresa já consegue entregar encomendas mais rapidamente que a Amazon e a preços mais competitivos que uma Uber Eats. Durante a pandemia a empresa entregou comida e medicamentos via drone às pessoas em isolamento. A startup conta com 40 mil clientes, tendo realizado mais de 75 mil voos de entregas.
E o conceito da empresa é mesmo satisfazer o capricho dos seus clientes, com pedidos de bolachas ou mesmo vinho a horas impróprias, desde que na sua aplicação exista algum estabelecimento capaz de fornecer os respetivos produtos. A diferença para uma empresa como o Uber Eats não é muita: o utilizador escolhe na app aquilo que deseja, desde comida a produtos de supermercado, um café quente, e passados cerca de três minutos está em casa, fazendo um scan ao utilizador, entregando o produto. Diz que trabalha 24/7, e porque não faz barulho é ideal para entregas noturnas.
Nas suas estatísticas, dos seus 40 mil clientes, não tem queixas a assinalar, referindo ainda que 98% manifestaram vontade de voltar a pedir encomendas via drone. No catálogo do serviço constam mais de 20 mil produtos, entre supermercados, restaurantes, cafés, entre outros. E até podem entregar comida de três restaurantes diferentes no mesmo pedido, com diferenças de entrega de 20 segundos cada um, diz a empresa. Para receberem as encomendas, as lojas necessitam ter uma área de recolha e os clientes devem ter um espaço de dois metros quadrados para receber as encomendas, até pode ser o tejadilho de um automóvel, por exemplo.
Desde que fazem o pedido, os clientes vão seguir todo o tempo da encomenda, desde que a carga é colocada no drone. No exemplo da rapidez, muitos clientes pedem café que é entregue ainda quente. E questionado sobre pedidos estranhos, refere que brócolos ou um melão às 3 da manhã. “Muitas pessoas testam o serviço, pedindo ovos crus, a ver se estes chegam inteiros. Nunca partimos nenhum ovo.”
A empresa diz que o serviço é mais barato que o Uber Eats, porque não precisa de pagar aos estafetas ou dar-lhes gorjetas. Não existe custo humano nas entregas, bastando um operador a vigiar vários equipamentos. Apenas tem um custo na energia para alimentar os drones. E também conseguem não só preços de entrega inferiores aos da Amazon, como são mais rápidos a entregar.
Quando a dificuldades, indica que na Irlanda 99% dos problemas dizem respeito à meteorologia no país. A energia gasta a mudar as direções quando apanha vento é um dos obstáculos, algo que afeta qualquer outro meio de transporte aéreo, refere. Mas o que interessa à empresa é a satisfação dos clientes, referindo que tem utilizadores com mais de 100 pedidos, numa prova de estarem satisfeitos por utilizarem o sistema.
Veja as imagens captadas pela equipa do SAPO TEK que dão uma perspetiva por dentro do Web Summit
4 dias de agenda cheia
Já estamos no dia três do Web Summit, e de uma agenda cheia. No SAPO TEK, já tínhamos dado a conhecer 10 oradores que vale a pena ouvir no Web Summit 2021 e para ajudar a compor a sua agenda para o evento, destacamos ainda algumas das talks que deve apontar no calendário, e que poderá também consultar ao detalhe no website do Web Summit, ou na própria aplicação do evento.
Clique nas imagens para conhecer algumas talks que vale a pena acompanhar no Web Summit 2021
Dia 4 de novembro
- What will it take for Europe to dominate the next decade of tech?
- Palco Startup University – 11h15
Estaremos a entrar na época áurea da tecnologia europeia? Embora a Europa tenha apenas um décimo de todos os “unicórnios”, com as empresas dos Estados Unidos e China a liderarem nesta categoria, há potencial para ter um papel ainda mais relevante no ecossistema tecnológico global. Nesta sessão, António Dias Martins, CEO da Startup Portugal, e Kat Borlongan, Founding Member da Scale-Up Europe, darão a conhecer o que será necessário para a Europa atingir o seu potencial.
- How a plant-based diet can fight climate change
- Palco Central – 15h20
A sustentabilidade e a luta contra as alterações climáticas também fazem parte das temáticas em debate no Web Summit 2021. Patrick Brown, CEO da Impossible Foods, sobe ao palco central para uma sessão acerca da forma como a redução do consumo de produtos animais e a escolha de uma alimentação à base de plantas pode ser uma das formas mais poderosas de pôr um travão nas alterações climáticas.
- Catalysing the next era of the web: A call to action
- Palco Central – 16h10
O “pai” da World Wide Web está de regresso ao Web Summit para uma sessão centrada no uso desregrado de dados. Acompanhado por John Bruce, CEO e cofundador da Inrupt, Tim Berners-Lee, também cofundador e CTO da empresa, deixará um apelo aos governantes um pouco por todo o mundo, focando-se na forma como será possível catalisar a próxima era da web.
Deixe também na caixa de comentários outras sugestões e acompanhe o trabalho do SAPO TEK no Web Summit através do dossier dedicado à conferência.
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