Atualmente, a quantidade de informação é acelerada e existem novas tecnologias inteligentes que trazem mais valias, nomeadamente a inteligência artificial, machine learning, IoT e Blockchain. Carlos Lacerda, vice-presidente para “Platform and Data Management” da SAP, explicou que quanto mais utilizada a automatização, mais as tarefas repetitivas diminuem, libertando as pessoas para executarem outras tarefas essenciais. Na conferência em Belém desta terça-feira, sob o tema “Data Innovation”, o responsável afirmou ainda que as empresas que mais cresceram são as que apostaram fortemente na tecnologia, apontando como exemplos a Apple, Alphabet, Microsoft, Amazon e outras.

Para explicar o presente da empresa, Carlos Lacerda fez um pequeno balanço histórico, referindo que nos anos 1980 começou por dar suporte aos seus clientes com os primeiros PCs e infraestruturas. Nos anos 1990 lançou a uma solução que tinha o objetivo de unir as subsidiárias das empresas com os seus quartéis-generais. No novo milénio os telemóveis massificaram-se e começou a propagação de BIG Data. A SAP lançou a plataforma HANA, com algoritmos de compressão e motores analíticos para análise de dados em tempo real.

“Quando olhamos para as nossas empresas, que se juntaram ao grupo através de fusões ou aquisições, o que verificamos é que os dados estão espalhados por todo o lado, e que existem partes que não comunicam entre si”, salienta o executivo. Com o aparecimento de Big Data, estas falhas ainda são mais graves e segundo Carlos Lacerda, em 2015 foi criada tanta informação como a que foi gerada nos últimos 5.000 anos. Em 2016 os dados triplicaram, e até 2025 estima-se 20 vezes mais informação que a atual.

Com tanta informação é impossível analisar dados sem as ferramentas corretas e para exemplificar, foi feita uma analogia com uma imagem que representava os dados. Num contexto a figura parecia a cabeça de um coelho e noutro, uma gaivota. Isto para explicar que os mesmos dados residem em múltiplos locais. Segundo Carlos Lacerda, os clientes esperam que os serviços comuniquem em tempo real, e nesse sentido, as empresas têm de ter capacidade de dar resposta.

Interface simples e agregadora dos dados

A solução da SAP foi criar uma solução, capaz de reunir numa única interface limpa e intuitiva, dados agregados com rapidez e simplicidade. “Os dados são o petróleo do seculo XXI”, destaca o executivo. A SAP criou uma plataforma em cloud para integrar todas as aplicações e empresas que foi adquirindo, nas diferentes áreas. Sejam elas baseadas na experiência do cliente, no fabrico e distribuição, ou o engagment das pessoas e redes sociais. Todas as aplicações geram eventos que são distribuídos por algoritmos baseados em machine learning, que vão aprendendo progressivamente através da automatização.

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Andre Borchert, vice-presidente DDM & Platform Center of Excellence da empresa, apresentou o mais recente sistema de gestão de dados HANA, a arquitetura da SAP para tornar as empresas mais inteligentes. “Independentemente do produto ou área, o futuro das empresas tem de passar pela inovação tecnológica e pela transformação digital”, introduz o executivo. Para seguir em frente ao futuro, as organizações têm de integrar modelos lógicos, aumentar a performance para lidar com todas as necessidades e obter uma menor latência para respostas imediatas. Além disso, refere Andre Borchert, necessita de ter uma independência do processamento de dados para obter as decisões corretas, para alem da liberdade que os sistemas na cloud ou híbridos conferem. Nesse sentido, o objetivo é oferecer dados para gerar relatórios, em tempo real, para que os executivos não tenham de esperar semanas pelos resultados.

"Os dados são o petróleo do seculo XXI", Carlos Lacerda

O objetivo é tornar a computação e o armazenamento de dados independentes, mas ter a capacidade de processar a informação em linhas de espera (batch), mas em tempo real sempre que necessário. Daí os sistemas híbridos, capazes de oferecer as soluções mediante as necessidades das empresas. Sobretudo numa era gerida pelo RGPD, onde precisamos saber ao certo onde está a informação e ao que se destina.

O sistema HANA permite às empresas terem acesso a aplicações de análise, em sistemas híbridos e multicloud, garantindo a gestão de dados num ambiente unificado e de confiança.

Como exemplos de empresas portuguesas que fazem dos dados uma prioridade estratégica é a EDP e a sua Open Data Platform Initiative. Também o dados.gov tem vindo a modernizar-se nesse sentido. Para além de alguns grupos ligados à imprensa.

Os dados são recolhidos, digeridos, processados, orquestrados, computados e consumidos, desde a base de dados, até à dashboard das aplicações para os utilizadores. A SAP ajuda os seus clientes a aceder à sua própria informação, filtrando e analisando através de machine learning e IA, apresentando-a depois em aplicações.

A empresa explica que o “digital mile” é um processo cíclico desde a ingestão dos dados, à sua monetização, repetindo o processo num círculo contínuo. O sistema HANA Data Management Suite da SAP reúne ferramentas de Blockchain, streaming analytics, o seu serviço Leonardo, Data Hub, design de arquitetura, BIG data e sistemas multi-cloud. Além disso, tem diversos outros serviços e produtos “third party” integrados.

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Um exemplo prático da atuação da SAP foi na Swiss Federal Railways, onde a gestão em tempo real da energia permitiu poupar eletricidade, controlar o aquecimento dos comboios e reduzir os custos gerais da empresa. A SAP integrou um sistema de controlo em tempo real, gerido pelo HANA, introduzindo uma grelha de operações inteligente. No geral, a empresa ferroviária reduziu os custos da sua linha férrea, investiu em software invés de hardware caro, totalizando uma redução de um terço do investimento. Na prática, a introdução de software e a respetiva poupança, evitaram a empresa de construir uma nova estação de energia. O sistema da SAP permite analisar os componentes da ferrovia, destacar quando devem ser substituídos (comparativamente ao estado de outros semelhantes), e mesmo quando avariam, garantir que essas informações cheguem rapidamente aos respetivos engenheiros.

Por fim, foi dado outro exemplo de uma aplicação de reconhecimento, na qual é possível tirar uma fotografia de uma tshirt, (de alguém que encontre na rua), e através de TensorFlow, destaca uma lista de produtos semelhantes que estejam à venda, e as lojas por perto onde poderá adquirir. A tecnologia é válida para procurar, prever inventários, endereços espaciais, gerar gráficos de engagement nas redes sociais, geridos pela plataforma HANA Advanced Analytics.

A SAP introduziu ainda a tecnologia LUCIAD, que gere dados geoespaciais, para visualizar em tempo real os dados dos voos da Lufthansa. Através desta é possível observar problemas que podem acontecer durante os voos, desde nuvens de cinza dos vulcões ou outros fenómenos da natureza, e ajudar a encontrar soluções em tempo real para manter os aviões em segurança e na rota.