Transformação Digital, Internet das Coisas, Digitalização. São tudo conceitos que estão ultrapassados e que já não vale a pena referir, simplesmente porque já se tornaram a norma e são tão prevalecentes que deixam de ser referenciados. Como estar online. Tom Raftery, evangelista de Inovação da SAP, veio ao SAP Now falar de como será o futuro do digital e o que os próximos 10 anos têm para mostrar, mas explicou ao SAPO TEK que, como dizia William Gibson, o futuro já está aqui, só não está distribuído uniformemente.
O acesso a informação, a partilha de dados e a sua utilização para gerar conhecimento e a mudança dos modelos de negócio, com as empresas a deixarem de se focar na venda de produtos e passando a vender serviços, estão na base desta transformação, que fará com que tudo e todos estejam ligados. Tom Raftery diz que é um otimista e não vê problemas de segurança ou privacidade, porque todas estas questões serão facilmente ultrapassadas com a utilização dos controles adequados. Como o Regulamento Geral de Proteção de Dados, por exemplo, que acredita que vem trazer uma nova norma de proteção para os utilizadores e que terá um efeito de contágio e disseminação no mundo.
E será um melhor futuro para todos? Raftery diz não ter dúvidas de que a melhoria da tecnologia vai garantir uma melhoria da qualidade de vida a nível global, democratizando o acesso aos mercados, melhorando a qualidade da saúde, da educação e da alimentação em todo o mundo. E para as empresas? “As empresas estão a ver que têm de embarcar nesta transformação ou serão as próximas Kodak”, refere, dizendo que em muitos casos o que falta é a visão sobre a forma como se vão transformar e não propriamente as ferramentas para o fazerem.
Apesar de reconhecer que há indústrias mais avançadas na digitalização, financeiros, de seguros e também as tecnológicas ,o evangelista da SAP diz que é um caminho lento, e que são os sectores mais “analógicos”, as indústrias mais antigas, que estão a demorar mais neste processo. Mesmo assim existem bons exemplos, como os caminhos de ferro italianos que têm um projeto de modernização com a SAP que já lhes permitiu poupar muitos milhões de dólares em custos de manutenção preventiva.
Uma parte das empresas já está a mudar os seus modelos de comercialização, deixando de vender hardware para vender serviços. Tom Raftery refere o caso da SIGMA Air Utility que em vez de compressores de ar cobra agora por metro cúbico de ar comprimido.
Apesar deste avanço, a taxa de digitalização é ainda muito reduzida e Tom Raftery refere um estudo da SAP realizado na Europa para confirmar que a percentagem de empresas que já fizeram uma “transformação digital completa” é muito baixa, e que a maioria está ainda numa fase inicial, mas que tem de acelerar rapidamente.
Os principais obstáculos ao desenvolvimento estão centrados na regulação, que impede muitas vezes as empresas de avançarem mais rapidamente, mas também a falta de competências digitais das pessoas, que precisam de ser reforçadas. Por isso as organizações têm de apostar na formação dos “e-skills”. A prazo são estas competências que vão garantir a diferenciação num mercado de trabalho onde há cada vez mais automatização, não só das tarefas rotineiras mas também de muitos processos, com a utilização de agentes de inteligência artificial.
Ainda assim o evangelista não acha que tenhamos de nos preocupar com a redução de empregos no futuro. “Noutras revoluções anteriores houve sempre esse receio mas o que aconteceu foi que se criaram novos tipos de trabalho e novos empregos que não existiam antes”, sublinha.
Falando de futuro, Tom Raftery não deixa de lado o papel da SAP. "Para a SAP é importante estar antes dos clientes [nesta transformação] para os trazer connosco. Estamos a olhar para a evolução da tecnologia e estamos a disponibilizar como serviço para todos", defende o evangelista.
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