Esta sexta-feira, uma falha informática de grande escala afetou sistemas em todo o mundo, e tudo indica que foi originada por uma atualização do software da empresa de cibersegurança CrowdStrike, amplamente utilizado para proteger sistemas e dispositivos como computadores e servidores.

A atualização gerou um conflito com o sistema operativo Microsoft Windows, resultando num erro crítico que acabou por deixar milhares de equipamentos inoperacionais e exibindo o ecrã azul, conhecido como "blue screen of death" (BSOD).

O problema começou a ser relatado na Austrália e rapidamente se espalhou para os EUA, Índia e Europa, afetando uma grande variedade de serviços, incluindo companhias aéreas, transmissões de televisão e até caixas registadoras em supermercados.

Apagão informático em todo o mundo: "Blue Screen" afeta sistemas Microsoft e empresa diz que já está a tomar medidas
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Na vizinha Espanha a falha que se refletiu nos sistemas da Microsoft causou perturbações em todos os 46 aeroportos civis do país, assim como em bancos, companhias aéreas, correios e empresas de telecomunicações. Em Portugal, embora a gestora de aeroportos ANA não tenha sido diretamente afetada, os passageiros oram alertados para possíveis constrangimentos nas operações.

Uma fonte oficial do Centro Nacional de Cibersegurança (CNCS) admitiu à Lusa que no ciberespaço português existem "várias organizações afetadas, embora com diferentes graus de impacto". O CNCS acrescentou estar em contato com estas empresas para oferecer suporte, solicitando que eventuais problemas relacionados com o incidente lhe sejam reportados. Confirmou ainda que, até à altura, não existiam evidências que indicassem tratar-se de um ato malicioso, algo que a CrowdStrike tinha vindo descartar antes.

Tanto a Microsoft quanto a CrowdStrike já tinham confirmado o problema, esclarecendo que não se tratava de um ciberataque, mas de uma falha isolada. A Microsoft recomendou que os clientes seguissem as orientações da CrowdStrike.

No X (antigo Twitter), George Kurtz, presidente e CEO da CrowdStrike, publicou um post onde afirmava que a empresa está a “trabalhar ativamente” para resolver o problema, explicando que não se tratava de um incidente de segurança ou de um ciberataque, mas sim de um erro técnico isolado, entretanto identificada.

Acrescentou ainda que o problema afeta apenas os sistemas Windows - “Mac e Linux não são impactados”.

Mais recentemente, o responsável voltou ao X para assegurar que não se trata realmente de um incidente de segurança e que a equipa “está toda mobilizada para garantir a segurança e estabilidade dos clientes da CrowdStrike”.

Entretanto, especialistas de todo o mundo estão a alertar para os efeitos indiretos do “apagão” global, referindo que embora já tenha sido adotada uma solução para corrigir o problema mais imediato, o processo manual exigido para que os computadores voltem a funcionar exigirá ainda muito trabalho. De acordo com fontes citadas pela BBC, poderá levar dias até que as grandes organizações que possuem milhares de computadores voltem ao normal.

Aparentemente, o caos causado na Europa foi maior do que na América do Norte e América Latina, o que levou os técnicos a perceberem que o problema foi gerado no reinício das operações informáticas pela manhã.