A agência federal americana de saúde Food and Drug Administration planeia testar uma abordagem de medicina computacional para cirurgias cardíacas com 160 pacientes nos Estados Unidos. O procedimento, designado por Optimal Target Identification via Modeling of Arrhythmogenesis (OPTIMA), envolve a criação de um modelo virtual do coração de doentes com fibrilhação auricular antes da operação e foi testado em 10 pacientes. O relatório da Universidade Johns Hopkinsf foi publicado esta semana.

O tratamento desta forma de arritmia mais comum pode ser feito através de medicamentos ou de cirurgias, dependendo do tipo de doença. Umas das formas de corrigir a patologia é através de um procedimento designado por ablação de fibrilhação auricular, um tratamento invasivo que consiste no isolamento elétrico das veias pulmonares, na aurícula esquerda.

No entanto, de acordo com o Centro Hospitalar Lisboa Norte cerca de 20 a 30% dos pacientes têm de voltar a repetir o exame, enquanto que a investigação fala em valores a chegar aos 50%. E, com este método, pretende-se reduzir significativamente o possível número de cirurgias necessárias para o tratamento de doentes com esta doença, que aumenta significativamente o risco de acidente vascular cerebral e de insuficiência cardíaca.

O primeiro passo deste método é fazer uma ressonância magnética do coração do doente, cuja imagem é usada para criar um modelo das cavidades do órgão, depois preenchido através de células virtuais. Estas células, tal como as "verdadeiras", agem de forma diferente, dependendo se estão próximas de tecido saudável ou não. A equipa estimula então cada célula com um pulso elétrico virtual para compreender até que ponto é que o batimento cardíaco irregular se desenvolve.

Imagem de um coração digital com o método OPTIMA Imagem de um coração digital com o método OPTIMA
Imagem de um coração digital com o método OPTIMA

Depois do modelo inicial finalizado, a equipa realiza uma cirurgia simulada, que permite atualizar o modelo, adicionando novas lesões ao coração virtual. Em seguida, a equipa repete todo o processo, testando e operando várias vezes, para que possa compreender quais as partes do coração que, no futuro, podem contar com uma pulsação irregular.

Desta forma, é possível desenvolver um único plano de tratamento que visa, não apenas qualquer tecido cardíaco identificado já como não saudável, mas também as partes do coração que irão causar problemas no futuro. O último passo é enviar o plano de tratamento para um cirurgião, que simplesmente o segue na altura da operação na vida real.

Embora seja uma pequena amostra, dos 10 dos pacientes que foram operados através desta técnica, apenas um teve de regressar a um procedimento de acompanhamento. Os resultados parecem ser positivos, visto que em média, 50% dos indivíduos com fibrilhação auricular têm de voltar ao bloco para várias cirurgias de acompanhamento.

Inicialmente, espera-se que a técnica OPTIMA saia mais cara do que o atual método, mas com o tempo é provável que permita uma poupança para os doentes e hospitais. E, além dos benefícios monetários, menos cirurgias também são vantajosas para a saúde física e mental dos pacientes.

A tecnologia tem vindo a ser aplicada na área da Medicina. Ainda recentemente, uma impressora 3D construiu componentes de um coração humano, um método que poderá reparar qualquer órgão, como um coração que sofreu uma perda de função após uma disfunção cardíaca.

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