A indústria de entretenimento adulto parece estar a viver uma transformação com a ajuda da inteligência artificial. Ainda durante este mês, em Berlim, vai ser possível fazer marcações para estar uma hora com uma boneca sexual alimentada por IA, naquele que se assume como o primeiro bordel cibernético do mundo.
O serviço surge depois de um período de teste, em que os clientes podem interagir verbalmente com as bonecas de IA, mas também fisicamente. Citado pela BBC, Philipp Fussenegger, fundador do Cybrothel, refere que muitas pessoas sentem-se mais confortáveis a partilhar assuntos privados com uma máquina porque estas não julgam.
Estas novas bonecas são uma evolução de modelos com vozes de atrizes, onde os utilizadores podem apenas ouvir a voz e interagir. Essas interações expandem-se graças ao modelo de IA generativa treinada para o negócio de entretenimento adulto. As aplicações de IA de companhia também são muito procuradas, atingindo 225 milhões de downloads na Play Store da Google, destaca uma análise da SplitMetrics referida pela BBC.
Este novo negócio de companheiros de IA está a ser lucrativo, sendo uma tendência cada vez mais procurada. No entanto, existem preocupações levantadas quanto ao treino dos modelos. Considerando as questões tendenciosas aliadas ao treino da IA, existe o risco que estereótipos retrógrados do género sobre sexo e prazer que sejam inseridos nos chatbots sexuais, destaca a doutora Keey McInerney, investigadora do Centro Leverhulme para a IA na Universidade de Cambridge.
Em questão está a compreensão sobre que tipo de dados estão a ser utilizados para treinar estes chatbots, com o risco de replicar ideias que ignoraram o sexo que existe fora da interação heterossexual. E por ser um negócio que aponta a pessoas sem parceiro, levantam-se também os riscos de vício.
Por outro lado, é referido que estes chatbots são desenhados para recolher grandes quantidades de dados pessoais, levando às questões de privacidade. 90% deste tipo de apps analisadas pela Mozilla podem partilhar ou vender esses dados. E mais de metade não deixa os utilizadores apagar os seus dados pessoais.
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