Na semana passada, o vice-primeiro ministro da Ucrânia e ministro da Transformação Digital, Mykhailo Fedorov, apelou à fabricante chinesa DJI para que bloqueie o acesso aos seus drones por parte do exército russo, por estarem a ajudar os militares a matar inocentes. Em causa está o uso de drones para ajudar a navegar os seus mísseis em alvos.
Esta terça-feira uma pessoa foi morta por um ataque com drones russos em Kiev, segundo jornalistas da France-Presse, citado pela Lusa. É referido que socorristas retiraram pelo menos um corpo com um uniforme militar do edifício de sete andares atingido pelo drone. Soldados presentes no local relataram um ataque de drones "kamikaze" pelo exército russo, um dos quais foi abatido, sendo visíveis restos do aparelho no chão não muito longe do local.
Um membro dos serviços secretos militares, questionado junto ao edifício atacado, referiu-se a um ataque aéreo realizado com recurso a drones do tipo "Orlan", um tipo de veiculo não tripulado desenvolvido na Rússia, dizendo que tinha matado três pessoas – o que não foi possível confirmar - e causado um incêndio.
Em carta aberta na sua conta do Twitter, Mykhailo Fedorov pede à empresa que desative os drones na Ucrânia que foram comprados e ativados na Rússia, Síria ou Líbano. "Bloqueiem os vossos produtos que estão a ajudar a Rússia a matar os ucranianos”.
Em resposta, a DJI disse que não consegue desativar os drones de forma individual, embora pode impor restrições de software utilizados em situações de proximidade de aeroportos ou áreas sensíveis. Mas isso iria afetar todos os drones, mesmo aqueles que estão na Ucrânia, mostrando-se aberta para discutir estas questões, embora não tenha respondido ao apelo de Mykhailo Fedorov de cancelar os seus negócios com a Rússia.
O perigo da tecnologia AeroScope nas "mãos erradas"
A grande questão é que o exército russo está a utilizar uma tecnologia da DJI chamada AeroScope, ou melhor, uma versão adquirida na Síria. Mas do que se trata esta tecnologia? O AeroScope destaca-se em dois elementos principais. O primeiro é o sinal encriptado transmitido automaticamente por todos os drones da DJI que foram vendidos desde 2017. Este sinal regista a posição do drone, a sua altitude, velocidade, direção, número de série e a localização do respetivo piloto. Os recetores podem obter estes sinais até uma distância de 50 quilómetros.
Esta tecnologia foi criada para garantir a segurança do público, servido por exemplo, para manter os drones fora de locais críticos, como pistas de aeroportos, estádios repletos de pessoas ou mesmo comícios políticos. As forças de segurança conseguem encontrar facilmente os drones através da tecnologia e respetivos pilotos.
O problema é o uso mal-intencionado da tecnologia. A DJI diz que apenas vende a tecnologia AeroScope a agências de segurança e agentes policiais. Os civis ucranianos, que foram alistados no exército para defender o país, estão a utilizar os seus drones como armas. A questão é que um governo, como a Rússia, válida para a compra da tecnologia AeroScope, poderá usar a mesma para conduzir mísseis para abater os operadores ucranianos. E daí o pedido de Mykhailo Fedorov para a DJI bloquear o acesso da sua tecnologia à Rússia, ainda que não haja provas de o exército russo estar a usar a mesma.
Conforme refere o The Verge, é possível criar unidades estacionarias para receber os sinais, sem ser necessária uma ligação à internet, mesmo que o alcance seja inferior.
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