A Google vai apresentar a sua conferência I/O, que este ano regressa num evento ao vivo e presencial. A empresa espera mais de 180 mil programadores registados, oriundos de 191 países participem naquela que é considerada um evento dedicado ao mundo dos developers.
A Google tem mantido segredo sobre as novidades, mas basta olhar para o histórico dos anos anteriores para deduzir que este é o palco onde a gigante tecnológica apresenta a nova geração do seu sistema operativo, e conformou-se a revelação do Android 13. Não faltaram novidades de produtos, tais como novos smartphones Pixel 6A e um teasing do Pixel 7. Confirmou-se ainda o seu primeiro smartphone dobrável Pixel Tablet que chega em 2023. Também foi revelado o assim como o smartwatch Pixel Watch que chega ao mercado no final do ano, juntamente com a nova geração de smartphones.
Tal como é habitual, Sundar Pichai deu as boas-vindas ao auditório de Mountain View, composto por developers, brincando com os "sound checks" ao vivo, como que quem se esqueceu pela quantidade de eventos online destes últimos dois anos. Salientou que a Google tem lançado produtos úteis para os desafios que têm surgido, em primeiro por transformar os dados em conhecimento e os seus equipamentos para dar acesso aos mesmos.
Na pandemia a Google forneceu informação para encontrar centros de vacinação por perto, tendo registado mais de 2 mil milhões de pesquisas sobre o tema. Refere que a empresa já se prontificou a ajudar os cidadãos ucranianos com alertas de bombardeamentos do exército russo, arrancando um aplauso à plateia. Da mesma forma, ainda sobre o tema da Ucrânia, destaca os seus tradutores em tempo real, que têm ajudo os refugiados. A Google adicionou assim 24 novas línguas ao Google Translate, incluindo idiomas indígenas dos Estados Unidos. Também tem aumentando o número de edifícios ao Google Maps, mas de 5 vezes desde 2020, num total de 300 milhões para que as organizações mundiais humanitárias possam compreender melhor as situações nos países mais desfavorecidos.
A google também está a apostar numa nova visão no Google Maps, o Immersive View, em que se pode ver ao detalhe em 3D algumas cidades. Mas a experiência é expandida aos interiores de edifícios, numa perspetiva como se o utilizador estivesse na visão de um drone. Outras atualizações do Google Maps é os percursos amigos do ambiente, permitindo consumir menos combustível, o que permite reduzir as emissões de carbono. Agora pesquisar por voos também mostra o CO lançado na atmosfera e dessa forma, poderá ter uma escolha mais consciente nos voos.
Quanto ao YouTube, o seu sistema permite gerar automaticamente capítulos aos vídeos, assim como legendas. E mais tarde vai trazer transcrições automáticas em 16 línguas. E em breve, vai chegar à Ucrânia.
O Google Workplace também vai ter novidades. O Google Docs vai utilizar machine learning para fazer resumos automáticos dos longos textos, facilitando a vida dos utilizadores quando se deparam com "murais de texto". E ainda vai ter tópicos em destaque igualmente gerados automaticamente nas reuniões, por exemplo. A empresa promete melhorar a qualidade de vídeo e áudio das salas de teleconferência. E está a testar sistemas de iluminação automática durante as chamadas.
A evolução do Google Search e assistente virtual
O Google Search apresentou também novidades, afinando os seus algoritmos para responder com maior assertividade às perguntas colocadas pelos utilizadores. A IA e compreensão natural permitem refinar pesquisas ao contexto das palavras. A sua visão para o futuro da pesquisa passa por oferecer resultados em qualquer lugar, de qualquer forma, bastando introduzir descrições mais completas para aquilo que se quer encontrar. As pesquisas por áudio também têm aumentado, assim como o uso do Google Lens para utilizar os "olhos" dos smartphones para procurar o que precisa.
O sistema Multisearch permite usar uma foto juntamente com uma pergunta, para obter resultados mais eficazes. E o próximo passo vai ser introduzir o "Perto de mim", ou seja, encontrar restaurantes ou outros locais que estejam nos arredores. A novidade chega em inglês no final do ano, seguindo-se outras línguas mais tarde. No futuro ainda vai ser possível usar imagens panorâmicas para varrer o cenário e pesquisar vários objetos ao mesmo tempo. Por exemplo, apontar a câmara para uma prateleira cheia de chocolates e obter a informação de todos os produtos e respetivas notas dos utilizadores, assim como os sabores ou se tem açúcar ou não. O contexto pode ser adicionado a uma loja de vinhos para identificar o tipo de bebida que deseja. E a tecnologia pode ser usada em contextos para ajudar as pessoas, seja em buscas numa floresta ou procurar produtos em stocks de ajudas humanitárias.
A tecnologia Google monk skin tone scale foi anunciada como uma escala de cores para o lançamento de produtos mais inclusivos, para reduzir as tendências da inteligência artificial. E da mesma forma ajudar a refinar os tons na captura de fotografia, independentemente do cor de pele. A tecnologia pode ser acedida em open source. Os criadores podem aceder a tons específicos de cabelo, tom de pele, para que seja mais próximo do real.
O Google Assistant é cada vez mais popular, disse a gigante tecnológica, prometendo a partir de hoje duas novas opções para iniciar uma conversa com o assistente virtual. O primeiro chama-se Look and talk, bastando olhar para o equipamento e pedir o que necessita. Quando a voz e a imagem é reconhecida, o sistema é ativado, prometendo ser privado, sem partilha com a empresa ou terceiros. Desta forma, o "Hey Google" pode ser descartado pelos utilizadores. Também pode usar frases rápidas, sem dizer as palavras-chave habituais. Por exemplo "desligar a luz da sala", permitindo dizer o que lhe passa pela cabeça. A Google promete ainda uma melhor compreensão da linguagem natural, incluindo pausas para pensar e outros "tiques" normais de uma conversa. Promete ainda completar esquecimentos dos utilizadores, por exemplo, só saber parte do nome de uma banda, o Google Assistant entende, como se fosse outra pessoa.
A tecnologia de modelos de LaMDA chega à segunda geração, permitindo oferecer sugestões de textos através de palavras-chave, para ajudar o utilizador a obter inspiração. O sistema de inteligência artificial para a linguagem computacional promete ser "cada vez mais real". Deu como exemplos, as respostas "atrevidas" e até divertidas às sugestões colocadas pelos utilizadores. Numa demonstração ao vivo, foi dado ao LaMDA, a procura de plantar um jardim com vegetais, o sistema devolveu diversos tópicos, desde sugerir o que cresce no local, falar com outros amigos da lista sobre o tema, assim como sugestões úteis que o utilizador talvez não viesse a pensar.
A Google salientou ainda no evento que os centros de dados já são alimentados por 90% de energia descarbonizada, mantendo o seu objetivo de chegar a 2030 totalmente livre de carbono.
Avanços na cibersegurança: seguro por defeito, privado por design e o utilizador está no controlo
A empresa salientou os perigos de cibersegurança em crescente, salientando como tem trabalhado para impedir ataques e proteção de informação crítica. O seu Project Shield tem vindo a ajudar a infraestrutura da Ucrânia. Está a investir para modernizar os sistemas de segurança das organizações. O crescimento do phishing tem crescido, sendo que 90% dos ataques começa com um simples phising. No ano passado, impediu 15 mil milhões de ataques. E a média diária é impressionante, protegendo cerca de 5 mil milhões de equipamentos.
As suas proteções de phishing foram agora expandidas ao Google Docs e Sheets, alertando os utilizadores sempre que os documentos ficam comprometidos. A empresa diz que o sistema de dois passos de verificação e o seu sistema permite dar um toque na app do smartphone sempre que necessita verificação, abolindo códigos adicionais. Diz que 150 milhões de utilizadores já estão a usar o novo sistema de verificação. Diz que há cada vez mais utilizadores a usar o sistema de autenticação pela sua conta da Google, salientando a confiança nos seus sistemas.
E isso leva ao futuro sem passwords que a Google tem vindo a anunciar. Da mesma forma que vai ser possível adicionar mais cartões virtuais à sua conta. Vai também informar os utilizadores sobre o estado de saúde da sua conta, alertando-os se estiver comprometido. Os seus produtos são também desenhados com a segurança no centro das suas preocupações, usando IA, cloud e hardware para transformar a forma como os dados são processados. Em primeiro diz que quer reduzir a pegada digital dos utilizadores. Por outro lado, utiliza técnicas de anonimato para reduzir a ligação dos utilizadores aos dados. Por fim, restringir o acesso aos dados dos seus clientes, para que ninguém, incluindo a Google possa ter acesso aos dados pessoais dos utilizadores. O sistema rastreia ainda os equipamentos e contas dos utilizadores para verificar se estas estão comprometidas.
A Google quer dar aos utilizadores mais ferramentas para controlarem os seus dados privados, prometendo que nunca vende as informações ou utiliza-os para publicidades personalizadas. O Centro de publicidade é uma nova ferramenta para que o utilizador controle os dados usados, os para definir as suas preferências, para que receba anúncios de tópicos que lhe digam respeito. E sobre a presença online do utilizador, a ferramenta sobre si, seja moradas, email ou números telefónicos, é possível facilmente requerer ao Google Search que os remova. "Sabemos que isso não impede de apagar a informação da internet, mas é um primeiro passo importante para tal".
Quais as novidades de Android 13?
A Google diz que no último ano foram ativados cerca de mil milhões de smartphones e equipamentos Android. E há cada vez mais aparelhos, dos automóveis, computadores ou smartphones que necessitam de conectar. Assim, o Android 13 vai permitir ligar tablets e smartwatches para além dos smartphones, mais interconectados. Vai ser possível utilizar e configurar diferentes línguas para as apps. A privacidade e segurança são também tópicos do novo sistema operativo, usando encriptação RCS no seu sistema de mensagens. Já tem 500 milhões de utilizadores ativos a usar o seu sistema RCS e deixou um "recado" à sua rival Apple para ativar do seu lado a compatibilidade.
O que não deixa em casa? O smartphone e a carteira é a resposta. Mas o Google Wallet vai permitir deixar a carteira em casa. É a carteira digital para Android, com os seus cartões de crédito, compatíveis com Google Pay. Pode usar para entrar em parques temáticos, usar o certificado digital de vacinação, o bilhete de identidade também vai chegar no final do ano. As cartas de condução vai ser possível partilhar as informações com as autoridades através de NFC.
Usar a tecnologia em favor daqueles que mais precisam. O sistema Emergency SOS para os smartwatches vai chegar no final do ano, assim como os alertas de sismos, dando dicas para os utilizadores tomarem precauções e esconderem-se. "O smartphone é o seu companheiro digital mais importante".
A Google e a Samsung fizeram uma parceria para o desenvolvimento de wearables e este ano mais marcas vão juntar-se ao ecossistema WebOS. A Nike e o Spotify são serviços que usufruem das suas possibilidades. E já tem 270 tablets, como exemplos de ecrãs maiores a usar as mais recentes atualizações de Android. Estes equipamentos tiram partido do sistema operativo nos seus ecrãs grandes. O Google Photos e outras aplicações beneficiam das opções de multitasking. Já foram otimizadas mais de 20 aplicações específicas para usar no tablet, incluindo o Google Maps e Messages, com opções melhoradas. O Facebook, Tik Tok e Canva são apps que também já estão a beneficiar das novas experiências.
A interconetividade entre os equipamentos pretende ser agora mais dinâmica e dessa forma projetar os conteúdos do smartphone para um televisor, por exemplo, de forma rápida. Ou não ser preciso instalar um client num Chromebook, quando pode correr diretamente do smartphone. Pode mesmo copiar um conteúdo do smartphone e colar num tablet. O emparelhamento rápido de auriculares foi melhorado, para que seja compatível com todos os equipamentos Android, sejam TVs, automóveis ou "micro-ondas". O sistema Matter liga os equipamentos a marcas, para conectar rapidamente através de um simples código QR disponível no aparelho.
A Google anunciou que a versão beta do Google 13 está disponível a partir de hoje para os developers começarem a experimentar.
O que vem aí para a linha Pixel? Pixel 7, Pixel Watch e Pixel Tablet
Depois de ter lançado o processador Tensor no ano passado com o Pixel 6, o que a Google tem na manga para este ano? A empresa diz que o Pixel 6 vendeu mais que o Pixel 4 e 5 combinados. O novo Pixel 6A a 449 dólares, é uma versão mais em conta. Tem o design semelhante aos restantes modelos. O seu processador Tensor permite criar um leque de produtos, desde dos topo de gama, aos modelos mais em conta. A câmara do smartphone apresenta a tecnologia Skin Tone para imagens de pessoas com tons reais. Tem ainda o sistema de Magic Eraser, que permite apagar objetos indesejados das fotografias, como "magia". O modo de tradução funciona mesmo em modo voo, para que o possa utilizar mesmo quando não tem rede online, com as suas traduções em tempo real.
Não faltam as medidas de segurança, usando o chip Titan M2 para proteger o equipamento, com a garantia de cinco anos de atualizações. As pré encomendas do equipamento começam no dia 21 de julho, lançamento a 28 de julho, em três cores diferentes.
O Pixel 7 foi também anunciado, em forma de teasing, com chegada prevista para o final do ano. Destaque o seu novo sistema de câmara tripla. Promete um chip mais evoluído. Vai ser lançado em versões standard e Pro. Promete mais informações nos próximos meses.
A empresa tem ainda na manga os auriculares Pixel Buds Pro. Utiliza um selo especial de cancelamento de ruído, para que não tenha distrações enquanto está a ouvir música. O modo Transparência utiliza algoritmos de supressão de ruído. Promete 11 horas de utilização contínua. Pode usar os auriculares para receber indicações do Google Maps ou fazer traduções em tempo real. Suporta ainda som espacial, para colocar os utilizadores no meio da ação durante um filme. E usa o sistema Find my phone, para encontrar onde estiver. Será lançado no mercado a 21 de julho por 200 dólares, em quatro cores.
Foi confirmado o Pixel Watch, prometido para o final do ano a acompanhar o smartphone Pixel 7. Tem braceletes personalizáveis, uma forma circular. Foi desenhado para ser usado de forma tátil ou através de comandos de voz. Pode usar as direções do Google Maps diretamente do ecrã do equipamento. Ou mesmo usar o wearable para fazer pagamentos. Pode receber os habituais alertas, mas também controlar equipamentos como o ar condicionado. O Fitbit vai oferecer todas as funcionalidades de fitness. Nos próximos meses vão ser partilhadas mais informações do smartwatch.
O Pixel Tablet é outro equipamento anunciado, confirmando-se mais uma vez os rumores da entrada da Google nos smartphones dobráveis, mas apenas previsto para 2023.
Por fim, a Google revelou uma tecnologia para óculos de realidade aumentada, que traduz conversas e projeta legendas em tempo real. Pode mesmo captar língua gestual e traduzir para o utilizador compreender. Um passo em frente na inclusão, permitindo unir pessoas que falam de forma diferente.
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