Google assume compromisso ético com o sector militar

1 jun 2018 10:14

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Apesar da controvérsia que se gerou em torno do seu recente envolvimento com o Pentágono, a gigante tecnológica não quer afastar-se das oportunidades que possam surgir nesta área.

A atual participação da Google num projeto militar não aparenta ser ocasião única, e para alinhar a sua atividade neste sector, a empresa está a desenvolver um conjunto de diretrizes que deverão orientar futuras colaborações com as forças armadas. De acordo com o The New York Times, o conteúdo deste documento não é claro, mas a empresa tecnológica vai comprometer-se a nunca utilizar sistemas de inteligência artificial em qualquer tipo de armamento.

As regras, que deverão ser anunciadas dentro de poucas semanas, são uma clara resposta à recente controvérsia que se gerou em torno do envolvimento da Google num projeto do Pentágono. Recorde-se que a colaboração levantou várias suspeitas, dentro e fora da empresa. A nível interno, chegou a ser preenchido um abaixo-assinado para que a tecnológica abandonasse a parceria. A tecnológica não acatou a sugestão e eliminou as referências a um dos seus mais antigos slogans, "Don't Be Evil" (Não Sejas Mau) da sua documentação oficial. Cerca de 12 colaboradores abandonaram a empresa na sequência deste projeto.

Emails obtidos pelo jornal norte-americano mostram que os responsáveis da empresa estavam cientes dos problemas que este projeto poderia causar. Numa mensagem remetida por Fei-Fei Li, cientista-chefe do Google Cloud, pode ler-se que qualquer menção à utilização de IA no contracto estabelecido com o Pentágono, "deve ser evitada a TODO O CUSTO". "Inteligência artificial armada é um dos tópicos mais sensíveis em torno da IA - se não for O mais sensível. Se este assunto cai nas mãos dos media, os órgãos de comunicação social vão tentar sujar a Google de todas as maneiras e feitios".

Depois de o assunto ter sido tornado público, a empresa de Mountain View explicou que o projeto consiste na criação de um sistema de inteligência artificial que filtra imagens captadas automaticamente em terrenos de guerra, para que sejam posteriormente remetidas para análise humana. O Times sublinha que o contracto é considerado "pequeno" para os padrões da indústria, estando avaliado em apenas 9 milhões de dólares.