O desafio decorreu durante quase três dias, no final de Abril, e as premissas eram simples: usar a hackaton, em modo virtual, para colocar as melhores cabeças a desenvolver projetos e soluções que tenham aplicação prática neste período de pandemia da COVID-19. Os portugueses responderam à chamada, e ainda antes de começar estavam mais de 500 inscritos, em equipas totalmente portuguesas, ou mistas.
Entre todos os países o #EUvsVirus Hackathon contou com mais de 20.900 participantes, com uma representatividade alargada dos maiores países europeus, não só no número de inscritos como nas soluções apresentadas. O resultado de todos os empreendedores juntos foi a apresentação de 2.150 soluções, em áreas como a saúde e vida, continuidade de negócio, teletrabalho e educação, coesão social e política, finanças digitais, mas também arte e entretenimento. Em jogo estavam mais de 100 mil euros, oferecidos por parceiros da iniciativa aos projetos que mostrassem o maior potencial para salvar vidas e ajudar a vida a voltar ao “normal”.
Tal como a pandemia da COVID-19 é um desafio enorme para a sociedade e a economia europeia, apurar os vencedores, que ganharam direito a financiamento de 5 ou 10 mil euros, e dois runner-ups, que estão convidados para o Matchathon que decorre este mês na nova plataforma EIC COVID Platform, foi também uma “maratona” que contou com 380 voluntários, 2.400 mentores e mais de 800 parceiros, de 141 nacionalidades e de diferentes áreas.
Os resultados foram partilhados num live no Facebook, com 117 equipas distinguidas, e os portugueses mostraram as suas competências, com várias equipas em que participaram a chegarem aos finalistas dos 37 desafios.
Das finanças à arte e entretenimento: a sós ou em equipas multi culturais
A impactMarket - Open CrowdFinance for Impact foi a única equipa só de portugueses a receber financiamento, com 3 mil euros para um sistema descentralizado de rendimento mínimo que possa suportar comunidades vulneráveis e pessoas que vivem em extrema pobreza.O projeto é liderado por Marco Barbosa, que foi considerado um dos 30 europeus mais promissores com menos de 30 anos pela Forbes e que lançou a criptomoeda solidária eSolidar.
Ed4Uoy, na área das universidades, SciFunmily, nas escolas, EffiScienc-y , e UNITE Public Procurement Platform mostraram como os portugueses são bons a construir pontes em equipas multi nacionalidades, tal como o projeto onde participou o Pedro Ferreira, o Guide-Your-Guide: Experience culture from home, que recebeu um financiamento de 5 mil euros.
A equipa do Guide-Your-Guide conta com participantes da Finlândia, Alemanha, Grécia, Itália, Macedónia, Eslovénia, Espanha, Reino Unido, Noruega e Portugal. Pedro Ferreira conta ao SAPO TEK que se inscreveu com o seu co-founder na semana do Hackaton, procurando sobretudo networking para tentar perceber se a tecnologia que estavam a desenvolver, que se aplica à area de entretenimento, poderia servir para alguma das equipas ou ideias que estavam a ser discutidas, e que acabou numa equipa de 13 pessoas, de várias áreas, sendo escolhidos como vencedores na categoria.
"Eu apenas conhecia uma pessoa na equipa e creio que era o único, de resto, ninguém se conhecia antes", explicou Pedro Ferreira ao SAPO TEK
E como aconteceu este "encontro"? "Creio que por sorte, coincidência, karma, um dos primeiros chats nas primeiras horas do Hackathon foi com o Paul e percebemos que as nossas ideias se alinhavam e que ele gostava da nossa base tecnológica", adianta. Nesse mesmo dia ele começou a "recrutar" mais pessoas desde guias, designer, marketeers, "inclusive pessoas que saíram de outras equipas para se juntar a nós", e estava criada a base que iria levar ao desenvolvimento do projeto.
“O bonito da equipa é que realmente temos backgrounds totalmente distintos, desde mais técnicos a mais financeiros, pelo que num grupo de 13, tínhamos efectivamente algumas pessoas com o background na área de Museus e Cultura, por exemplo o nosso team leader, Paul Fabel que trabalha na Unesco ou a Alexandra Angeletaki uma arqueóloga com fortes ligações na Noruega e na Grécia”, adianta ao SAPO TEK, explicando que a “cola” da equipa terá sido o facto de todos gostarem de viajar e de viagens culturais, mesmo que nem todos trabalhem nesta área, o que era o seu caso.
A motivação é também clara. “Acredito pessoalmente que como equipa ou base tecnológica, podemos auxiliar também não só algumas instituições mas também o país de uma forma geral, dado que é óbvio que Portugal depende bastante do Turismo”, explica Pedro Ferreira que procurava exatamente encontrar alternativas para as pessoas continuarem a ter acesso a Cultura, Arte, Museus, Património e a experiência únicas, “de forma interactiva e imersiva, respeitando o distanciamento social que se adivinha longo”.
Projeto em desenvolvimento e à procura de espaço no mercado
Depois da primeira abordagem para o hackaton, a equipa está a trabalhar em conjunto, embora já tenham algumas baixas, de elementos que tiveram de abandonar a equipa por falta de tempo. A próxima meta é a Matchathon, outra maratona de ideias que vai ter lugar de 22 a 25 de maio, na nova plataforma EIC COVID, que quer facilitar o “encontro” com utilizadores finais para aas aplicações, como hospitais ou museus, dando acesso a investidores, empresas e fundações ou outras oportunidades de investimento.
Pedro Ferreira sublinha que este momento vai ser importante para tentar fechar alguma parceria ou investimento que permita efetivamente lançar o projeto. A fusão das perspetivas tecnológica com a experiência pragmática e real que a Unesco vive, de ter múltiplos museus e monumentos fechados, traz uma perspetiva mais sólida à ideia e o empreendedor admite que "a diversidade não só de nacionalidade, idades, géneros, mas também de backgrounds ajudou imenso".
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