Durante o recente evento World of Samsung realizado em Frankfurt, a empresa mostrou o seu novo alinhamento de televisores, assim como outros equipamentos inteligentes para a casa. A inteligência artificial foi o grande foco do evento, numa demonstração de como a tecnologia abraça todo o ecossistema da Samsung, desde o seu recém-lançado Galaxy S24, à nova geração de televisores Neo QLED 8K, os frigoríficos e fornos e até como as tradicionais molduras foram transformadas em colunas inteligentes.
Foi exatamente sobre o tema da inteligência artificial que o SAPO TEK se sentou à mesa com Benjamin Braun, chief marketing officer da Samsung Europa, para aprofundar a importância da tecnologia nos produtos da empresa e as vantagens diretas para os utilizadores. Mas também os benefícios diretos no meio ambiente, nas reduções de emissões e controlos de gastos nos equipamentos controlados pela IA.
“Penso que estamos numa altura em que a inteligência artificial pode ser muito útil, mas neste momento é muito reativa, tu precisas de perguntar à IA para fazer algo por tu, mas fá-lo maravilhosamente bem e poupa-nos bastante tempo, porque se o fizesses por ti demoraria muito tempo”. Para Benjamin Braun, aquilo onde se está a chegar é aquilo que é chamado de IA proactiva, que antecipa as necessidades das pessoas e faz as ações em pano de fundo, poupando tempo e dinheiro às pessoas. “Isso é o que prevejo ser bastante excitante”.
Veja na galeria imagens do evento World of Samsung:
Aponta ainda algumas coisas que considera estarem a ser bem-feitas na Samsung, por “trás das cenas” e aponta alguns exemplos. Ao colocar as roupas numa máquina de lavar, um ciclo demora duas ou três horas a concluir, “mesmo que se coloque apenas um par de meias”. As máquinas de nova geração da Samsung utilizam sensores para identificar o quanto está a roupa suja e apenas utiliza o tempo, a água e o detergente que é realmente necessário. “Em Londres coloco os uniformes de escola dos meus três filhos na máquina e se não tiverem sujos, os ciclos são realmente curtos. Poupa-me tempo, água, energia e detergente”. Refere-se a isto como IA prestativa.
Ao colocar detergente líquido suficiente para três meses no reservatório da máquina de lavar, esta faz o doseamento necessário e quando está prestes a acabar, comunica e faz a encomenda automaticamente de mais produto, que chega a casa pouco depois. “As pessoas deixam de se preocupar e pensar em fazer a encomenda, tal como acontece com os tinteiros das impressoras”. Num dos novos fornos da Samsung, se meter algum tabuleiro a cozinhar e este começar a queimar, o sistema deteta e automaticamente desliga o mesmo e envia uma notificação ao utilizador.
Apontou ainda a área de saúde presente no evento, onde estava a ser demonstrada a IA ao serviço do paciente. Estava a ser demonstrada uma máquina de ecografias, em que esta usa a IA para comprar os dados obtidos com o paciente com muitos milhões de outras informações para fazer comparações. A IA vai comparar os dados e reportar eventuais problemas, tais como as condições cardíacas do bebé que o médico terá de tratar.
Estes são alguns exemplos mostrados em como a IA pretende ajudar as pessoas, de forma proactiva, a poupar dinheiro, tempo e energia, assim como a reduzir desperdícios para o meio ambiente. “Queremos ajudar a poupar água e energia ao construir melhores produtos”.
Questionado sobre se o objetivo era atualizar a sua linha de produtos, tornando-os mais inteligentes através de IA ou por outro lado, criar novas ideias em torno da IA, Benjamin Braun, diz que fala com os clientes ou potenciais clientes para compreender quais são as suas necessidades. E depois a empresa constrói os produtos para resolver essas necessidades. “Mas algumas dessas novidades apenas podem ser resolvidas através de inovações técnicas”.
E dá o exemplo de como as pessoas gostam de andar com um smartphone prático no bolso, mas que ao mesmo tempo gostavam que tivesse um ecrã maior. E foi por isso que a Samsung encontrou uma forma de dobrar o vidro, disse Benjamin Braun, apontando para o Galaxy Z Fold, “agora podemos ter um ecrã do tamanho de um tablet para guardar no bolso”. Salienta que as pessoas devem articular-se nas suas necessidades, cabendo à fabricante encontrar as inovações técnicas que resolvem essas necessidades “e a IA resolve muitos desses problemas”.
A inteligência artificial tem servido como rótulo para as empresas destacarem os produtos lançados antes e depois deste novo advento da IA generativa. A introdução de novos chips dedicados no mercado passou a ser a principal funcionalidade. Mas será a conotação direta à IA realmente favorável aos fabricantes quando anunciam os seus produtos? Da mesma forma que o metaverso era a tendência, até praticamente “ficar gasto” e desaparecer do contexto tecnológico, mesmo quando continuam a ser anunciados novos produtos, sem usar a palavra em questão?
“Como responsável por marketing, o nosso trabalho é comunicar com potenciais clientes. E a IA é uma das palavras deste ano, e espero que sustentabilidade e ambiente sejam também. Se usarmos essas palavras tenho esperança de que podemos falar com mais clientes na forma como ajudar pessoas e isso é importante”, destaca Benjamin Braun. Na edição do ano passado, a empresa divulgou o seu ecossistema SmartThings, a forma como os produtos da Samsung comunicam entre si. “Se comprar um produto Samsung é excelente, se comprar dois produtos ou mais poderá colocá-los a comunicar.
Mesmo que 2023 tenha sido o ano da explosão da IA, a empresa considera que ainda não era uma expressão madura para se usar. “Agora os meus pais sabem o que é a inteligência artificial e já posso falar com eles sobre o assunto”. O objetivo destas demonstrações é fazer com que as pessoas entendam a utilidade da IA. Pegando no exemplo do seu pai, que já tem alguma dificuldade de audição, tem dificuldade em assistir filmes na televisão. Com os novos modelos de TV, a inteligência artificial dá uma ajuda direta a pessoas com limitações graças às suas funcionalidades de acessibilidade. A IA isola da voz dos atores das músicas e ruídos de fundo, aumentando o volume dos diálogos, tornando-os mais fáceis de ouvir.
Olhando para as questões do consumo energético necessário para o processamento de IA, cujos especialistas afirmam que no futuro será necessário construir soluções baseadas em energia nuclear para alimentar os centros de dados dedicados que gastam quase o triplo, Benjamin Braun, diz que não é possível dar-se ao luxo de poder utilizar IA baseado em cloud devido à latência dos microssegundos que demora a comunicação.
Nesse sentido, a maioria dos equipamentos que construiu são alimentados por processadores dedicados à IA (NPUs), como aquele que se encontra no Galaxy S24 ou o novo NQ8 AI Gen 3 da nova geração de televisores. “Temos muito mais capacidade de processamento num smartphone que o que a NASA usou para enviar Neil Armstrong à Lua”. Mas o seu uso também faz com que o equipamento aqueça bastante, pelo uso de processamento e é preciso continuar a aumentar as câmaras de vapor dos smartphones ou tablets para baixar a sua temperatura. Explica que quando se faz o upscaling da imagem no televisor de alta definição para 8K, tudo acontece dentro do aparelho.
Um anel inteligente é mais íntimo e eficaz na monitorização da saúde
Olhando para o estado atual da inteligência artificial, quais seriam as projeções da tecnologia para daqui a um ou dois anos? Para Benjamin Braun, a Samsung é boa a resolver problemas às pessoas, seja com os seus smartphones ou tablets, smartwatchs ou auriculares, TVs, frigoríficos, aspiradores ou aparelhos médicos. “Acreditamos que podemos ajudar as pessoas dando um passo mais à frente. E estamos atualmente a trabalhar num anel”.
O que torna o anel inteligente único é ser bastante íntimo ao utilizador, pois está sempre em contacto com a pele do utilizador. “Se utilizá-lo constantemente, podemos obter bastantes sinais que o corpo está a emitir, mas que o utilizador não dá conta. E nós podemos disponibilizar-te essa informação e apenas a ti, para explicar o que se está a passar e dar recomendações daquilo que pode mudar, mas fica ao teu critério”. É uma contribuição para a saúde pessoal das pessoas que a Samsung está a trabalhar.
Veja na galeria imagens do Samsung Galaxy Ring
Em comparação com um smartwatch, que tem sido o companheiro de saúde e bem-estar dos utilizadores, um anel inteligente é bem mais pequeno. E muitos utilizadores retiram o relógio quando vão dormir ou tomam banho, ao passo que o anel não. Por não ter um ecrã, é possível mantê-lo alimentado por muito tempo. E por isso a Samsung consegue obter mais dados de um equipamento do aqueles que os utilizadores estão sempre a colocar e a tirar.
O assunto do anel inteligente saltou para o campo psicológico e assuntos relacionados com a gamificação. Dá o exemplo do simples ato de escovar os dentes, em que na Europa ocidental é aconselhado fazê-lo por dois minutos (na Coreia do Sul são três), três vezes por dia. “O meu nome é Braun e tenho uma escova Braun”, refere divertido o CMO da Samsung, que diz infelizmente não ter nenhuma ligação familiar.
A sua escova elétrica tem um temporizador e um elemento de gamificação em que apenas obtém um smile se atingir os dois minutos. Mas tem outros elementos, tais como as zonas dos dentes onde precisa de ser mais escovado ou se esfrega demasiado recebe alertas no smartphone. “Se não tivesse nada disto, eu provavelmente não iria lavar os dentes durante os dois minutos, porque é demasiado tempo”.
O simples pedómetro de um smartwatch, que regista os passos dados e mais uma vez, disponibiliza esses dados de forma gamificada, incentivam os utilizadores a andar mais. E sobre o sono e o impacto que tem na saúde a longo termo das pessoas (pode ler um estudo publicado pela Samsung sobre o assunto), os smartwatchs ajudam a ter noção de quanto tempo necessitam de dormir ou se tiveram uma boa noite de sono. “Isso basicamente dita se vou para a cama mais cedo ou mais tarde. Ontem, depois da viagem para Frankfurt e após ler os emails fui para a cama mais cedo, porque sabia que o meu corpo precisava de mais descanso”.
Voltando ao tema da sustentabilidade e no caso dos televisores, afirma que um dos seus produtos favoritos é a linha Frame. Estas Smart TVs podem transformar-se em quadros com obras de arte ou fotos familiares quando não estão a ser utilizadas. Além disso, os novos modelos começaram a sair com o comando remoto alimentado por energia solar ou uma simples luz de uma lâmpada, uma patente registada pela empresa. “São poupados milhões de pilhas ao meio ambiente”, fazendo esta pequena mudança tecnológica, diz o representante da Samsung. A patente do comando é open source, para que outras fabricantes possam utilizar o design gratuitamente, como objetivo de ajudar na recuperação do planeta.
A Samsung está a trabalhar para que em 2025-27 tenha zero porcento de desperdício de produção, uma vez que consegue utilizar todas as sobras em outros produtos. E também acredita que possa utilizar 100% de energia renovável nas suas operações. Tudo isso vai custar muito dinheiro ao início, mas alguém terá de começar a fazer.
A revolução dos ecrãs transparentes na vida das pessoas
Durante a última CES, a Samsung foi uma das fabricantes que mostrou tecnologia de ecrãs transparentes. Ainda sem um produto final revelado e estando em fase de protótipo, Benjamin Braun levantou a ponta do véu para explicar o potencial de utilização da tecnologia. Em primeiro lugar, quebrar o paradigma de que as televisões são utilizadas apenas de um lado. “Porque não utilizar ambos os lados do ecrã?” A Samsung está a experimentar essa funcionalidade. Imagine no gaming, dois jogadores, frente a frente, a jogarem em multijogador, cada um com um lado do televisor.
Também deu o exemplo de como pode ser usado como um ecrã de uma montra de uma loja, em que a informação é mostrada, mas sem barrar a visão para o seu interior. Outro caso de utilização é num estádio, enquanto os espetadores estão a assistir a uma partida de futebol, pode ter um ecrã transparente à sua frente a projetar as estatísticas e informações adicionais dos jogadores.
Veja o vídeo partilhado pela Samsung na CES do ecrã transparente:
Destaca ainda pela sua experiência durante 10 anos como polícia da London Metropolitan Police, a quantidade de acidentes de automóvel derivado a pessoas que simplesmente olharam para o ecrã do seu telemóvel (sem fazer chamadas ou enviar mensagens), seja para verificar o GPS ou mudar a estação de rádio. E se o para-brisas for o ecrã dos equipamentos ou do sistema de infotainment? Veja-se as indicações de GPS projetadas na janela, as setas de direção, etc.
Ainda não existem datas ou previsões para produtos baseados em ecrãs transparentes, mas a empresa está bastante expectante com seu potencial. Mas uma coisa é certa, a inteligência artificial vai continuar a fazer parte dos planos da fabricante coreana nos próximos tempos.
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