Mostrando que o panorama de produção de jogos indie no Brasil já tem bastante força, o BIG Festival contou com a presença do responsável máximo da divisão de jogos independente da Sony PlayStation, Shuhei Yoshida. O próprio já foi presidente da Sony Interactive Entertainment Worldwide Studios, ou seja, a divisão que controla a produção de todos os estúdios internos PlayStation, cargo atualmente liderado por Hermen Hulst.
Para o BIG Festival, Shuhei Yoshida trouxe uma palestra exatamente de como a PlayStation suporta os jogos indie e a sua importância neste mercado. Começou por dizer que entrou na PlayStation em 1993, mesmo antes da sua primeira consola nascer, referindo que foi o primeiro funcionário não-técnico a entrar na equipa. Disse que o seu pequeno grupo de trabalho na Sony, no início da PlayStation era como se fosse um estúdio indie, desconhecedor do mercado, mas cheia de ambição, “tal como muitos de vocês presentes nesta plateia”.
Veja na galeria imagens do BIG Festival:
Como PlayStation, teve conversas com grandes editoras na altura, usando o nome da Sony como “bengala”, mas disse que não foi fácil ter sucesso na indústria, por ser muito competitiva. Começou como produtor na PlayStation em títulos como Crash Bandicoot, Gran Turismo e outros jogos do catálogo inicial da primeira consola. Depois, em 2008, foi para os Estados Unidos supervisionar a equipa da Sony América.
Os principais tópicos da palestra passaram pela importância dos jogos indie, a relação da PlayStation com os developers independentes e a nova PlayStation Indie Iniciative.
Começou por dizer que os indies trazem grande inovação para a indústria, salientando títulos como Minecraft, PUBG, No Man’s Sky, Beat Saber ou Fall Guys. Ao investir em jogos indie, há uma certeza que se podem melhorar esses projetos e fazê-los chegar a mais público. “Se lançarem sempre as mesmas coisas as pessoas acabam por ficar aborrecidas”, disse Shuhei Yoshida e por isso afirmou que fez 26 horas para chegar ao Brasil para se divertir com os jogos locais e a comida brasileira, referiu em tom de brincadeira com a plateia.
Salientou a importância dos jogos produzidos por muito poucas pessoas, em que muitos deles explodiram, como Minecraft, feito por uma pessoa, mudando a indústria do gaming. Os indies podem ter um grande impacto na indústria, destaca, e basta olhar para o ano passado em que Inscryption foi o primeiro título a ganhar o reconhecimento de jogo do ano no GDC e no IGF, assim como um BAFTA para melhor design. E este jogo foi feito apenas por uma pessoa.
Por outro lado, a diversidade e a inclusão, são temas muito importantes na atualidade e os videojogos indie conseguem refletir isso mesmo, a cultura, as paixões, a herança dos locais e povos, assim como outras expressões pessoais, que através do gaming podem comunicar com pessoas em todo o mundo.
Shuhei Yoshida disse que ao longo da história da PlayStation sempre celebrou os developers e as suas criações. O uso do CD-ROM, os gráficos 3D e outras tecnologias desenvolvidas pela PlayStation à disposição dos criadores. Na PSP e PS3 foram introduzidas as primeiras plataformas de distribuição digital, que começou a ganhar força na altura, reduzindo os custos para os estúdios mais pequenos lançarem os seus projetos.
Em 2010 visitou um estúdio que criou um headset de realidade virtual improvisado, com os comandos Move enfiados na cabeça e diz que foi uma experiência incrível, usar um sistema rudimentar, mas visionário. Anos depois, em 2014, a Sony iria mesmo revelar o seu sistema PlayStation VR, numa colaboração entre a gigante tecnológica e outros estúdios. Quando lança um novo hardware, reforça que envolve os criadores de jogos, para garantir que as suas escolhas sejam aquelas que os estúdios realmente necessitam.
Olhando para o histórico da PlayStation, Shuhei Yoshida reforça alguns dos títulos indie que abraçou, incluindo PaRappa the Rapper, um jogo musical divertido; Katamari Damacy, The Witness, Octodad, Astro Bot, entre outros. Salienta que a sua presença no BIG Festival é um de muitos eventos espalhados pelo mundo que participou, em que os jogos indie são promovidos.
Para a iniciativa PlayStation Indies, Shuhei Yoshida mostrou um vídeo com diversos títulos independentes que vão ser lançados este ano, incluindo o muito aguardado Stray, previsto para o final do mês. Os seus eventos de amostra The Future of Gaming e State of Play, onde são mostradas novidades a serem lançadas nas suas consolas, salienta que tem sempre de mostrar títulos indie.
Nos próximos meses vão ser lançados nove títulos indie e já tem uma página dedicada no website oficial da PlayStation para estes projetos. Também foi criada uma aba PlayStation Indies na sua própria loja digital de jogos. Outra coleção que diz ser muito popular chama-se Monthly Picks, em que todos os meses são curados novos títulos. Com o novo PlayStation Plus, lançado no mês passado, foram incluídos jogos indie nas ofertas mensais.
Por outro lado, diz que tem um programa com ferramentas para produtos indie, com vouchers, suporte, webinars, sessões de treino e Q&A, assim como a disposição da equipa global de desenvolvimento, recentemente criada e liderada por si. Os produtores podem aceder também a ferramentas de analítica para aferir o sucesso dos seus títulos.
Muitos poderão olhar como um “step down” a passagem de líder global dos estúdios PlayStation para a supervisão dos jogos indie, mas para Shuhei Yoshida é neste segmento que está a inovação que conduz toda a indústria. E fez questão de mostrar ao auditório completamente lotado isso mesmo.
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