Pedro Coelho assumiu a liderança da HP Portugal em agosto deste ano mas conhece bem a empresa, onde está há mais de 20 anos, assumindo várias funções ao longo da transformação que a HP também sofreu durante as duas décadas. “A HP é uma empresa com uma história longa que mostrou a capacidade de se reinventar, ano após ano, assimilar as tendências e de antecipar necessidades, acompanhar a evolução tecnológica e trazer inovação para dar respostas às necessidades das pessoas e das empresas”, sublinha em entrevista ao SAPO TEK.
Essa visão permitiu que a empresa antecipasse as tendências de mobilidade e do futuro do trabalho, com a reinvenção do escritório e a adoção do trabalho híbrido, mas também com a integração da Inteligência Artificial (IA), que está a dominar as tendências da computação.
“A IA está agora numa fase de desenvolvimento fruto de termos uma capacidade de computação mais disponível, com mais dados acessíveis e a conetividade necessária para juntar estas linhas, e isso permite democratizar a Inteligência Artificial, que está ao nível do utilizador individual e não residente em alguns silos como estava no passado”, sublinha Pedro Coelho.
Apesar de admitir que haverá provavelmente um ajuste das expectativas em relação à IA, Pedro Coelho está convicto que veio para ficar como elemento essencial da vida profissional e pessoal. “O mercado ainda vai entregar mais do que já entregou e a IA claramente traz-nos uma oportunidade para introduzir ainda mais inovação, no caso da HP nos nossos equipamentos e soluções”, justifica, lembrando que a empresa não vê a IA apenas na perspetiva dos equipamentos mas também nas soluções de áudio, vídeo, serviços de TI para gerir melhor os parques informáticos e a vertente da melhoria da experiência do utilizador.
“As empresas continuam a debater-se com o modelo de trabalho híbrido e estão à procura do modelo adequado de acordo com a sua identidade corporativa e o perfil dos colaboradores”, explica Pedro Coelho.
A este propósito lembra que num estudo recente da HP, o Work Relationship Index, apenas 27% dos trabalhadores estavam satisfeitos com a relação que tinham com o seu trabalho. “A expectativa é que a IA venha contribuir para mitigar as dificuldades na adoção do trabalho híbrido e venha contribuir para melhorar a relação e a experiência do utilizador. É algo em que a HP está muito focada”.
Para Pedro Coelho, as soluções que a HP tem vindo a desenvolver podem ser instrumentais nesta transição. “Queremos ajudar as empresas a encontrar o cenário perfeito para o trabalho híbrido, com o apoio da IA como ferramenta que está disponível para mitigar as dificuldades, tentando chegar a um ponto final que é uma experiência do utilizador mais rica, mais personalizada, desbloqueando a criatividade”, sublinha Pedro Coelho.
“Temos uma visão muito holística e somos o único fabricante nesta posição, com uma proposta de computadores, impressão e colaboração, complementando com uma camada de serviço para experiência mais rica e produtiva”, afirma.
Qual é o papel da IA na evolução da computação?
Depois de uma aceleração no interesse pelas ferramentas de IA, Pedro Coelho reconhece que existe agora um “refrear de expectativas” e que o ritmo está a ser mais lento do que era esperado, mas continua a ser uma tendência sem retorno. O impacto vai sentir-se na gestão da bateria, na melhoria do áudio e vídeo em videoconferências e nos serviços, em especial na avaliação da saúde dos equipamentos e nas ações necessárias para corrigir problemas.
Veja as imagens da última apresentação de equipamentos da HP Portugal
Com o lançamento dos novos computadores com processadores preparados para a IA, e o design de referência Copilot+ da Microsoft, o novo Diretor Geral da HP Portugal diz que a expectativa é que “os benefícios da Inteligência Artificial se traduzam numa aceleração da renovação dos parques informáticos”. A integração da tecnologia soma-se a uma necessidade de renovação de equipamentos que foram comprados durante a pandemia, onde nem sempre foram tomadas as decisões mais racionais e adaptadas ao perfil das tarefas porque estavam sujeitas à disponibilidade, que em vários momentos foi curta.
Há ainda a adicionar a este racional o fim do suporte ao Windows 10, previsto para outubro do próximo ano, que vai acelerar a mudança. “Com as novas arquiteturas, o fim do suporte ao Windows 10 e a racionalização dos parques informáticos a expectativa de crescimento do mercado é positiva no próximo ano”, afirma.
2024 já será um ano de crescimento mas o diretor geral da HP Portugal ainda não quer antecipar a dimensão exata. O primeiro semestre foi positivo face ao ano anterior, na computação e impressão, e Pedro Coelho destaca ainda que, no terceiro trimestre fiscal, a HP reportou um crescimento de 2% e foi a primeira vez que voltou ao terreno positivo em 9 trimestres. “Apesar da incerteza do cenário macroeconómico, do aumento de custos dos componentes e da incerteza de reajustes das taxas de juro contrariámos a tendência”, sublinha.
Para preparar o futuro Pedro Coelho defende que as empresas devem já apostar em computadores preparados para suportar as tarefas de IA, com NPUs e as novas arquiteturas, até porque o ciclo de vida dos equipamentos ronda atualmente os 3 a 5 anos e esse investimento já traz vantagens, que se estendem à produtividade a longo prazo.
No caso do mercado de consumo, as garantias de melhor desempenho com os novos processadores também podem justificar a troca de equipamentos. “Os equipamentos comprados durante a pandemia estão a chegar aos quatro anos e há mais pressão para a renovação, apenas refreada pela contenção dos orçamentos familiares”, justifica.
Para já não se antecipa nenhuma nova iniciativa governamental para a aquisição e substituição dos computadores para as escolas e alunos depois do forte investimento que existiu, mas há um desafio relacionado com a capacitação das comunidades de docentes e integração da tecnologia nas salas de aula, a que a HP está atenta. Para Pedro Coelho, a IA vem trazer também um potencial tremendo nesta área, para tornar a experiência de aprendizagem mais personalizada, permitindo a criação de conteúdos mais ricos e aliviando os professores e as escolas de carga administrativa.
Em todas as áreas a HP quer trabalhar de forma mais próxima com os clientes e ser um parceiro de confiança, definindo as melhores soluções para cada caso e para os perfis de equipas, na área da computação e da impressão.
O futuro pode passar por novos formatos de equipamentos, com ecrãs dobráveis, por exemplo, mas a experiência de utilização otimizada ao contexto do trabalho é para Pedro Coelho a chave para maior satisfação, reduzindo as necessidades de configuração e os tempos de espera ou de inatividade devido a questões técnicas. “A atração e retenção de talento também se joga nesta questão da melhor experiência de utilização”, destaca.
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